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Contos-->CIBELE -- 26/03/2009 - 00:27 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Para Cibele não havia férias, não havia feriados, não havia descanso, apenas trabalho exaustivo todos os dias e sem esperança de mudanças para melhor. Quando muito jovem, Cibele tinha sonhos, queria ser alguém na vida, ter uma profissão, ser bem sucedida profissionalmente e seu maior sonho era encontrar um homem que a fizesse feliz, um companheiro, um amigo, alguém com que ela pudesse compartilhar todos os momentos de sua vida, tanto os alegres, quanto os tristes, um homem compreensivo que lhe desse amor, carinho e atenção e que a valorizasse como ser humano. Aos dezoito anos Cibele conheceu Raul e logo começaram a namorar.

Durante dois anos de namoro, a vida dos dois parecia um sonho, ele era tudo que ela sempre havia sonhado, um companheiro perfeito, alguém com quem ela logo quis se casar e viver para sempre junto a ele, pois ele a completava, a fazia se sentir segura ao seu lado. Não ficaram noivos, marcaram a data do casamento e ao final de oito meses após terem completado os dois anos de namoro, o sonho de Cibele se realizou e ela se casou com Raul, vestida num lindo vestido de noivas que a fazia parecer uma princesa de contos de fadas, foi realmente uma cerimônia perfeita. Raul trabalhava em uma empresa de produtos químicos e já exercia cargo de chefia devido à sua grande capacidade para liderança e Cibele trabalhava num escritório contábil como secretária, estudando à noite para se formar em arquitetura.

Após um ano de casados, Cibele engravidou e nove meses depois chegou Gabriel para transformar a vida dos dois num completo paraíso de alegrias, felicidades e ela parou de trabalhar para cuidar do filho. Nos primeiros anos de vida de Gabriel, a vida da família não poderia ter sido melhor, Raul era o melhor dos maridos, sempre atencioso, carinhoso e a fazia se sentir amada, se sentir verdadeiramente uma mulher. Aos quatro anos de idade Gabriel ganhou uma irmãzinha, Sara, que fez o sol brilhar em plena noite, com seu jeitinho meigo, alegre e cativante, deixando todos em clima de festa o tempo todo.

O tempo foi passando, Cibele nunca mais voltou a trabalhar, só cuidava dos filhos da casa de do marido, a rotina se instalou em sua vida. Raul chegava todos os dias cansado do trabalho, só queria tomar um banho, jantar e ir dormir, raramente dirigia uma palavra a Cibele, que se sentia menosprezada, ignorada, como se ela fosse ali apenas um componente da casa, um objeto ou coisa necessária apenas para manter a casa em ordem, não um ser humano que precisava de carinho, amor, atenção e reconhecimento. Raul raramente a procurava, raramente lhe dirigia uma palavra, e a cada dia ela sentia como se estivesse murchando como uma rosa podada de um roseiral, colocada em um vaso e esquecida, para perecer.

Seu corpo gritava, seus anseios, sua necessidades físicas era completamente ignoradas e ela sofria calada, com medo de falar a Raul sobre o que estava acontecendo entre os dois, com medo de discutir a relação e correr o risco de perder definitivamente o homem por quem um dia ela se apaixonou. Muitas e muitas vezes, ela sentia como se seu corpo estivesse em chamas, sua alma ardesse no fogo do inferno, tamanha a necessidade de ser literalmente amada e isto estava cada vez mais difícil de suportar. Mesmo com todo sofrimento a convivência dos dois era passiva, não haviam agressões com palavras, muito menos fisicamente, alias, fisicamente já nem mais havia sequer um toque, não havia mais nada.

Raul parecia não se importar com a situação, parecia não ter a menor dificuldade com relação a falta de amor, para ele parecia que tudo estava na mais perfeita ordem entre eles e isto magoava Cibele mais ainda, ela se sentia um zero à esquerda, sem valor nenhum para ele, apenas uma empregada que cuidava da casa, dos filhos e das roupas dele, pois ele já nem mais se alimentava em casa. Isto durou até as crianças já estarem na fase da adolescência, até que um dia, ao levantar-se de madrugada como sempre, pois os filhos ainda estudavam pela manhã ela se viu de repente estática em frente ao espelho do banheiro. Naquele momento, ela notou pela primeira vez que a ação do tempo e do sofrimento, já havia sugado suas energias, as primeiras rugas já eram bem salientes e alguns fios de cabelo branco já teimavam em aparecer.

Foi um momento de surpresa, de pânico, de arrependimento, de tristeza e muita dor ao ver que aquela linda jovem que ela era, estava se tornando numa mulher feia, triste, com olheiras e rugas a dizer que ela estava ficando velha, sim, velha e seca, sem amor, sem carinho, sem atenção, completamente infeliz como mulher. Cibele, ali, parada diante do espelho parecia estar vendo um filme, mostrando sua juventude, seus sonhos não realizados e o pior de tudo, a realidade nua e crua da vida de uma mulher verdadeiramente infeliz. Parecia ver Raul, com seu jeito de quem esta muito bem do jeito que as coisas andavam e ela de repente se sentiu mais do que nunca revoltada ao descobrir que Raul era egoísta, machista e a única coisa que ela representava para ele era a segurança de ter uma casa cuidada e filhos bem educados e tratados.

Naquele momento, ela decidiu que seria o fim de seu sofrimento, que aquela linda rosa que ela tinha sido um dia, que havia sido podada e colocada em um vaso, ignorada para murchar e morrer não iria se deixar acabar daquele jeito, que iria lutar pela vida, pela mulher que havia dentro dela e que gritava por liberdade, por voltar a se sentir viva, por voltar a ser tocada e amada, que o fogo que a consumia iria ser apagado por um novo amor, que iria optar por viver ao invés de murchar e morrer como uma flor, sem cor, sem perfume. Cibele, tomou um banho prolongado, depilou-se, coisa que não fazia a tempos, colocou seu melhor vestido, penteou seus cabelos, prendendo-os no alto da cabeça, passou uma maquiagem que deixou mais bonita e jovem, com um batom que fez que seus lábios ganhassem nova vida, colocou seu melhor vestido, que já não usava a muito tempo e dirigiu-se ao escritório de Raul.

Ao chegar lá entrou pelo escritório adentro, sem se fazer avisar, o que o deixou perplexo ao vê-la daquela forma e mais ainda quando ela disse em alto e bom tom a ele que daquele momento em diante estava tudo acabado, que não aceitaria não como resposta ao seu pedido de divórcio. Cibele renasceu das cinzas, exatamente como a Phoenix, as pétalas quase murchas e sem vida da rosa que um dia ela havia sido, reviveram e seu brilho, cor e maciez se tornaram mais acentuados do que nunca, pois ela havia acabado de se livrar de um câncer, sim, um câncer que quase a levou à morte, mas ela sobreviveu, encontrou um novo amor, seu corpo e alma de mulher foi novamente saciado e aquelas chamas que um dia queimaram seu corpo, foram apagadas para sempre, ela voltou a se sentir viva, pronta para o mundo, alcançar seus objetivos, para amar e ser amada.

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