VONTADE
--- Walter Medeiros
(Despedida silenciosa do meu pai, José Firmino)
Tenho vontade de ler Drummond,
Aquele Drummond que falava de José:
“Você é duro, José...”
Vontade de ouvir Moacir Franco,
Falando de um louco que vinha
“Das calçadas que o tempo não guardou”.
Vontade de sentir o perfume
Daquelas plantas silvestres,
Nos sítios de Mata Grande.
Vontade de rever aquelas mangueiras,
Que davam tantas sombras e frutos;
E deram lugar a edifícios, no Tirol.
Vontade de reler aquelas revistas
Que o tempo fez sumirem;
E que talvez nem existam mais.
Tenho vontade de ler Drummond,
Aquele Drummond que falava de José:
“Você é duro, José...”. |