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Contos-->ORGULHO E PRECONCEITO -- 30/03/2009 - 20:55 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Elena e Eliane foram sempre muito unidas, sempre prontas a ajudar-se mutuamente em qualquer circunstância quando mais jovens, sempre se dedicavam a cuidar de seus pais que já tinham uma idade avançada.

Esta dedicação total aos seus pais de certa forma privou-as de levarem uma vida normal, mal conheciam a vida amorosa, visto que as duas só haviam namorado quando ainda bem jovens e com o passar do tempo este lado da vida acabou ficando em ultimo plano, pois as prioridades eram seus pais e a vida profissional.

Elena 29 anos, Eliane 27, já não eram mais jovenzinhas e o tempo passava rápido, suas vidas profissionais se tornaram um sucesso, progrediram financeiramente com muito trabalho e se orgulhavam muito da posição social que haviam alcançado.

Apesar de todos os bens materiais que acumularam, de todo o sucesso que conseguiram em suas carreiras, sempre havia um vazio muito profundo e para Eliane era muito mais difícil suportar a solidão do que para Elena.

Dinheiro, sucesso, fama, jantares em restaurantes de luxo, roupas feitas pelos melhores costureiros de São Paulo eram coisas comuns em suas vidas após tanta luta, tanto trabalho, porém Elena se tornou cada vez mais fria, orgulhosa e mais materialista

Eliane por sua vez, muito mais sensível, em dado momento de sua vida chegou à conclusão de que toda a tristeza e solidão de sua vida era pela falta de um grande amor.

Elena toda orgulhosa e preconceituosa não admitia a idéia de ver sua irmã namorando ou casando com alguém que não tivesse o mesmo nível social de sua família e muito menos se o rapaz não fosse branco.

Eliane com um coração doce e suave, sonhava em encontrar seu príncipe encantado o mais breve possível, não via a hora de vê-lo em sua frente e para sua alegria não demorou muito e ela conheceu Alfredo, um rapaz mulato, simples, trabalhador, muito simpático, que balançou seu coração assim que pôs os olhos nele.

Alfredo se apaixonou por Eliane e logo quis namora-la, chegou até a falar em pedir sua mão aos seus pais, e ela nem acreditou que fosse real, era bom demais para ser verdade.

Certo dia Eliane resolveu levar Alfredo até sua casa para apresenta-lo aos pais e à irmã, achando que com aquela atitude faria com que o rapaz ganhasse a simpatia de todos e ela pudesse viver o seu grande amor, do jeito que ela sempre sonhou.

Grande engano da pobre Eliane, pois quando chegaram à sua casa, logo no portão foram recebidos por Elena que de imediato manifestou sua antipatia pelo rapaz, olhando de alto a baixo com olhar superior dizendo:”É isto que você considera um bom partido?”.

A decepção e o espanto do rapaz fizeram com que o coração de Eliane se fizesse em pedaços e sem dizer uma única palavra pegou-o pelas mãos e o levou para dentro de casa na esperança de ter pelo menos uma boa recepção por parte de seus pais.

Infelizmente a situação só se tornou mais constrangedora, pois ao entrar na sala ode estavam seus pais a primeira coisa que ouviu foi se pai dizer:”Era só o que faltava, um negro na familia!”.

Elena que havia acabado de entrar apenas ajudou a piorar a situação dizendo:”Só pode ser um pé rapado! Que futuro um homem desse pode dar a você minha irmã?”.

O rapaz encabulado, triste e humilhado, olhou bem nos olhos de Eliane, virou as costas e saiu porta afora, com passos firmes e decididos, enquanto o casal de velhos e Elena olhavam-no pelas costas com um sorriso de vitória.

Eliane não pensou duas vezes, saiu correndo atrás de Alfredo e conseguiu alcança-lo já virando a esquina da rua de sua casa, triste e arrasado.

Ao se aproximar dele, ela o chamou pelo nome e ele não respondeu, continuou andando, cabeça baixa, como se o mundo houvesse desabado em suas costas.

Ai então ela gritou bem alto, quase chorando uma frase que fez com que ele parasse e ficasse imóvel, como se houvesse sido congelado no tempo e no espaço, ela gritou “Eu te amo Alfredo, pelo amor de Deus não me abandone!”.

O coração do rapaz pode sentir naquele momento toda a força do sentimento que Eliane tinha por ele, mas ao mesmo tempo um turbilhão de vozes, imagens e sons passaram pela mente do jovem que já estava cansado de ser humilhado, discriminado e pisado por uma sociedade onde as pessoas com poder aquisitivo e pessoas de pele branca ditavam as regras.

Em dado momento ele se virou para ela e o brilho e a luz que haviam no olhar de Eliane fizeram naquele momento uma janela para o amor e a felicidade se abrir em sua frente.

Abraçaram-se em meio a lágrimas beijos e soluços sentidos e uma aura de fé e confiança começou a se formar em volta dos dois e naquele exato momento, decidiram que ficariam juntos a despeito de tudo e de todos.

Eliane foi morar com Alfredo para o desgosto da família toda e meses depois ela estava grávida, esperando um filho de seu grande amor.

Durante toda a gravidez, repudiada pela família, ela sofreu muito a falta de apoio deles, principalmente no dia do parto, quando a única pessoa na maternidade para apóia-la e dar todo seu amor era Alfredo, que se tornou o pai mais feliz deste mundo ao ver seu filhinho nascer e quase desmaiou quando o ouviu chorar pela primeira vez.

O bebe foi batizado com o nome de Rodrigo e era um menino lindo que foi crescendo e enchendo a vida do casal de luz e alegria, enquanto Elena a irmã de Eliane e seus pais viviam na mais completa solidão, sem amor, sem carinho, perdendo dia a dia todo o poder econômico que possuíam até que num determinado dia chegaram ao ponto de perder até a casa onde moravam, pois a hipoteca foi executada por falta de pagamento.

Alfredo de alma pura e serena ao saber das péssimas condições em que estavam vivendo sua cunhada e seus sogros, sem dizer nada a ninguém, levantou um empréstimo no banco e quitou as dividas da família de Eliane, evitando que eles ficassem até sem ter onde morar.

Elena e seus pais ficaram boquiabertos quando souberam da quitação da divida e quiseram saber que havia pago, mas foram informados que a única condição para a quitação imposta pelo pagador é que jamais fosse divulgado seu nome.

Eliana ficou muito feliz quando ele contou a ela o que havia feito e ela concordou com ele em nunca contar nada aos seus familiares.

Elena e seus pais já não mais podiam ostentar todo aquele poder econômico de antes, já não tinham mais viviam uma vida luxuosa, mas ainda se recusavam a aceitar Alfredo e seu filho no seio da família.

Após muitos anos, o garoto já crescido, sem conhecer os avós e a tia pessoalmente, num belo dia encontrou a tia no metro sem saber, ela o achou lindo e fizeram amizade, passando a se ver diariamente.

Foi num desses encontros que Elena descobriu que aquele garoto era seu sobrinho, filho de Eliane e daquele rapaz que ela tanto humilhou e para seu desespero e arrependimento soube também que quem pagou a divida da casa foi seu cunhado Alfredo.

Se remorso e arrependimento matassem ou redimissem alguém de seus pecados, com certeza Elena ou teria morrido naquele exato momento ou estaria completamente redimida pelo orgulho e preconceito que tinha contra aquele rapaz que provou por seus atos ser superior a ela em todos os sentidos.
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