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Cronicas-->Rapsódia à Criminosa Paródia -- 29/12/2005 - 01:19 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
RAPSÓDIA À CRIMINOSA PARÓDIA

JN - Jornal de Notícias, é o meu predilecto breviário ao longo dos dias, além de ser, sobretudo, um dos mais benquistos e fortes baluartes da minha cidade. A edição de quarta-feira, 28 de Dezembro, desfia um noticiário que daria motivo a um enorme desastre no céu se porventura Deus soubesse ler português.

CRIANÇAS - Há falhas na detecção de crianças em risco. Há?... Pois há e há muitíssimo tempo, embora a lengalenga dos responsáveis-iresponsáveis persista descaradamente lengalengar sempre de novo. O Presidente da Comissão de Protecção, ao reconhecer as falhas, defende a criação de uma base de dados, quiçá para meter os dados no sítio óbvio e balancear-se na espectativa de que lhe saiam os três ases. Depois, necessariamente, continuará a reclamar cooperação entre as várias entidades competentes. Em consequência, as Comissões de apoio - de apoio ou de a poio? - queixam-se de não ter pessoal para o número crescente de casos. Enfim, uma lástima e, desta feita, Deus também não sabe escrever.

AUTOMÓVEIS - Os portugueses ganham bastante menos mas têm mais carros que os espanhóis. A revelação não refere que, apesar disso, o fumo do tabaco continua a ser uma preocupação muito mais grave que o dióxido de carbono e o morticínio nas estradas. É de pasmar e de bater com a cabeça contra a parede, mas, que se há-de fazer?... É de fugir... Fugir muito, nem que seja para o meio dos cornos de um touro ribatejano.

CAVACO SILVA - Grave-grave - gravíssimo - na vesga óptica de Mário Soares, foi o candidato a PR da "direita" ter proposto, no decurso da sua sensata e cordata campanha, a criação de uma secretaria de Estado, no Ministério da Ecomonia, para apoiar, incentivar e proteger as empresas estrangeiras sediadas no nosso país e que nos garantem mais de um milhão de empregos. Soares tem-se fartado de esbanjar golpes baixos ao seu imperturbável adversário político, sequer dando conta que a golpada irá decapitá-lo e, afinal, tão perto também de vir a cair da providencial cadeirinha que "os" mata inexoravelmente a "todos", até de pé. A ridícula sabujice que está a usar parte naturalmente do princípio que o eleitorado actual tem olhos, ouvidos e raciocínio do colectivo outrora otário, que acreditava em tudo depois de nada. O tempo passou e Soares finge ingnorar o beco saída onde meteu Portugal.

LIXO - O Porto cheira mal que tolhe e a greve do pessoal municipal afecto à limpeza parece que vai manter-se até 8 de Janeiro. O sarilho advem de um abrupto corte de cento e tal euros no já de si curto salário mensal dos trabalhadores que, fazendo o que fazem, vêm-se à rasca para sobreviver com dignidade. A população portuense deveria dar uma ajuda válida aos cantoneiros, aplicando uns minutinhos a depositar o lixo defronte à Càmara e ao Governo Civil.

Após os principais destaques no frontal do JN, indo para o seu interior, a catadupa de calamidades e iresponsabilidades quotidianas não cessa. Por exemplo, sobre o Brasil, descreve:

FILHO DE PELÉ - O Rei da camisola canarinha, imerecidamente, continua a sofrer na alma muito mais do que seu filho, o Edinho, que foi ontem internado numa clínica de tóxico-dependentes, e isto dez dias depois de ter saído da prisão. Diz o Edinho o que qualquer tóxico dependente diz e logo a seguir, com factos, demonstra que desdiz. Um tóxico-dependente que deveras quer recuperar-se não diz nada ou sequer admite que lhe falem sobre a poeira que prepassou. Edinho tem 34 anos, pasme-se. Que mal terá Pelé feito a Deus? Deus nunca viu decerto o deus dos jogadores a jogar futebol.

RECLUSOS REVOLTADOS - Mais um motim, num remoto estabelecimento prisional na Amazónia, eclodiu, originado numa estranhíssima reeinvindicação. Os amotinados, exigindo o retorno de um perigoso bandido, Ednildo, àquele recinto prisional, fizeram 200 reféns durante o período de visitas. A revolta, que já durava desde o dia 24, segundo notícia que captei na Internet, felizmente cessou hoje.

Enfim, entre uma sucessão de mortes, roubos, vigarices, casos da mais diversa e problemática índole - o mundo está mesmo muito doente - tomo a notícia que a mim mais interessa e sem dúvida me revigora o espírito:

AGOSTINHO DA SILVA - Poeta, professor, pensador e filósofo, nasceu há um século no Porto. No próximo 13 de Fevereiro será comemorado e lembrado como ele naturalmente gostaria que fosse: com gente a problematizar a sua obra, a partilhar o seu sorriso e o seu modo de estar na vida, quando considerava: "E posto que viver é excelente, cada vez gosto mais de menos gente".

- Ó grande prof., caramba, eu tenho a mesmíssima opinião e estou exactamente sintonizado em idêntica cadência!... Ah, mestre enorme, se cá ainda estivesse para ver como isto está, decerto que se trancaria, com seu gato e seu cão em casa, e fingiria estar ausente, por mais que lhe batessem à porta. Creia, ilustre Amigo, o "bem" está cada vez pior. Está-se perante uma legião de anjinhos palavreantes que não fazem mal seja a quem for e o mal está sempre a aparecer, espécie de diabólica magia que, após desfolhar a Bíblia toda, começa imediatamente a brincar com o "Livro de São Cipriano". Interessantíssimo é constatar que os que mais se queixam e protestam, fazem greves e gritam de punho no ar, são também os que têm trabalho e salário garantido . Os outros, que formam a maioria periclitante, sequer têm força para segurar num cartaz de protesto.

Logo que a altura apraze, inesquecível Senhor das letras todas em seu lugar, vou conceber o poema que lhe animaria um nadinha a existência se porventura estivesse vivo, um daqueles poemas arrancados ao seio do pensamento, destinado a avassalar o vendaval de argumentos anódinos que todos os dias me acinzentam a vontade de viver e entristecem o raciocínio. E, ó Mestre, que esplêndido seria, se fosse só eu apenas a sentir-me assim.

António Torre da Guia



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