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Contos-->PARA ONDE ESTAMOS INDO? -- 31/03/2009 - 21:09 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os dias passam como foguetes por nós, enquanto dirigimos nossos carros para o trabalho, ou outros meios de transporte numa corrida louca contra o tempo, são paisagens passando por nós,arvores, casas, prédios, ruas e praças que correm em sentido ao contrário ao nosso e com tudo isto, o tempo também passa por nós e nem mesmo percebemos sua importância em nossas vidas.

Aonde é que nós todos estamos indo tão rápido, porque agimos assim sem termos consciência de tudo que passa por nossas vidas?

À minha direita, depois à minha esquerda, pelo caminho, eu posso contar os sorrisos que recebo das outras pessoas, são tão poucos que eles cabem até na palma de minha mão...

São tantas pessoas que passam por mim em meu caminho, todas correndo em disparada, esbarrando umas nas outras sem pedir desculpas como se fosse tudo tão natural.

Por que?

Onde será que eles todos estão indo com tanta pressa?

Será que eles são na vida, aquilo que queriam ser quando crescessem?

Será que eles algum dia, pararam do lado de fora de suas casas e admiraram a beleza do sol da manhã quando vão trabalhar?

Será que estas pessoas, sabem dizem qual a sensação do vento soprando em suas faces, enquanto disparam a correr na jornada diária?

Se alguém perguntasse a uma destas pessoas, qual a cor dos olhos de seu filho, de sua esposa, de sua mãe, pai, irmão ou de um amigo, qual seria a resposta?

Assim como eu, pessoas voam com as asas de seus pés alados, que elas nem sabem que tem, ávidas por vencer na vida, mas esquecendo-se de sorrir.

Quando chegam ao trabalho, centenas de e-mails a ler e responder, milhares de ordens e tarefas a cumprir, não importa a profissão, cargo, escolaridade, sexo ou idade, cada pessoa precisa ser dividida em centenas de partes para poder dar conta de tudo.

Muitos trabalham até sete dias por semana e juram a si mesmos, que em breve vão tirar um dia de folga, mas este “breve”, logo se transforma em algum dia e assim continuam na corrida louca e frenética até que seu tempo se esgote de vez.

Quantos nós não ouvimos falar sobre seus sonhos, sobre os projetos que tem em mente e vemos em seus olhos que elas precisam concretiza-los para se sentir vivos?

Nas grandes metrópoles o almoço é um “cachorro quente”, um “hambúrguer” com refrigerante ou suco de frutas artificial, não há tempo, é preciso correr.

Nas empresas a corrida continua e nelas se corre por uma promoção, por um aumento de salário, sem nenhuma parada, onde o medo do fracasso leva ao stress e no final das contas, a maioria nem saberia dizer qual a cor do tapete, carpete ou piso por onde correram todos os dias sem parar.

Como um exército de clones, são faces e faces, com a mesma expressão de cansaço e exaustão, olhando umas para as outras, sem ao menos se enxergarem, não perguntam se o próximo esta bem, se esta feliz, mas é claro que isto não acontece, elas precisam continuar, é uma competição, sem sentido, mas as pessoas acreditam nela e se apressam mais e mais.

Como eu disse no inicio, dias passam por nós como foguetes, mas ontem não foi assim, porque eu tive a oportunidade de parar e perceber verdadeiramente esta louca e caótica corrida e sabe por que?

Porque um garotinho de dois anos de idade, chorava desesperado nos braços de sua mãe dentro do metro, eu estava cansado e com sono, mas como criança é criança, apesar de estar me deixando nervoso eu tentei ficar impassível, mas ele estava mesmo muito agitado, algo o incomodava terrivelmente.

Por algum tempo, desviei meu pensamento para outros assuntos com os olhos fechados, mas foi impossível, pois o menino parecia estar sendo torturado.

Eu esta de pé bem em frente à mãe do menino, estava difícil até respirar, pois o vagão do metro estava lotado, coisa normal em horários de rush e a maioria das pessoas nem percebem mais o desconforto, muito menos que continuam correndo para lugar nenhum.

De repente resolvi falar alguma coisa para a mãe do menino que não sabia mais o que fazer para acalma-lo, mas não foi preciso, quando me inclinei em direção à mãe do garotinho, ele levantou os braços para mim, com os olhinhos molhados de lágrimas e aquelas mãozinhas erguidas em minha direção, aqueles olhinhos que pareciam suplicar por ajuda, fizeram meu coração bater mais rápido e sem poder controlar o ímpeto, eu o peguei no colo, ele agarrou meu pescoço com um de seus braços e com a mão que estava livre pôs um dedinho sobre meus lábios e sorriu.

Todos à volta nos olhavam surpreendidos com a ação do garotinho com relação a mim e algumas mais sensíveis sorriram com os olhos cheios de lágrimas.

O sorriso foi breve, mas tocou não só meu coração como o coração de muita gente naquele vagão lotado do metro e não demorou muito, alguém se prontificou a levantar e me dar lugar para sentar com o pequenino no colo.

Eu me sentei, ele colocou sua cabecinha encostada em meu peito e logo adormeceu e eu pude sentir seu coraçãozinho, que antes estava batendo depressa demais, diminuir lentamente a velocidade até voltar ao normal, ele estava em paz e eu também.

Foi assim que eu percebi esta insana corrida na direção de nada e que eu poderia ter perdido a oportunidade de ter consciência disto, se ao invés de ter pegado o garotinho no colo, eu o tivesse evitado...

Foi naquele momento, que eu percebi que tenho estado muito longe de meus filhos, de minha esposa, de meus irmãos, de meus amigos e de mim mesmo.

Com aquele garotinho dormindo em meu colo num vagão lotado e barulhento, como se fosse um anjo de paz, paz que o barulho nenhum poderia incomodar eu pude ver como seria seu futuro como num filme em minha mente.

Eu vi ainda pequeno, brincando de bolinha de gude, entrando em casa todo sujo de terra e sua mãe brava, ele sorrindo e beijando seu rosto.

Vi seu primeiro dia de aula, tímido, até se enturmar com os outros meninos e fazer da vida, um mar de alegrias e mais adiante, quando já havia crescido, vi a mesma mãozinha que tocou meus lábios segurar sua carta de motorista com um sorriso lindo nos lábios e no olhar.

Durante o tempo em que ele ficou em meu colo, eu literalmente vi toda sua vida no futuro, desde as bolinhas de gude, até ao seu casamento, até o nascimento de seu primeiro filho e mais além, vi quando ele ajudava seu velho pai a sair da cadeira de rodas, para sentar-se no sofá ao seu lado.

Eu vi aquela gentil mãozinha que tocou meus lábios antes dele sorrir e adormecer, tornar-se a mão de um homem e isto aconteceu tão rápido, tal como um vaga-lume, que passa voando e desaparece de nossas vistas.

Eu poderia ter perdido tudo isto, mas não perdi e então eu pergunto novamente...

Aonde é que estamos indo com tanta pressa?

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