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Contos-->OS CORCUNDAS DO PARAÍSO -- 31/03/2009 - 21:25 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há tempos atrás, em São Paulo, no Bairro do Paraíso, moravam dois corcundas, eles nem mesmo eram amigos, não se falavam, pois moravam em ruas diferentes e nunca haviam se encontrado.

Jerônimo e Edmundo eram completamente diferentes, suas personalidades eram totalmente opostas, suas naturezas eram como água e vinho e qualquer um podia notar.

Jerônimo apesar de sofrer muito fisicamente com sua deformidade tinha em seu coração a pureza dos bons, daqueles que acreditam na existência de Deus e que tudo nesta vida tem seus propósitos e era um artista que encantava a todos com suas obras.

Edmundo era o oposto, sofria muito também com seu defeito físico, porém não tinha uma alma pura, pois desde cedo na vida aprendeu a carregar em seu coração o ódio, o rancor por sofrer tanto preconceito por parte das pessoas que se dizem “normais”, tornou-se um homem frio, grosseiro e violento, ganhando com isto somente mais desprezo e rejeição.

Jerônimo era incansável, não havia dia em que ele não saísse muito cedo em direção ao Parque do Ibirapuera para vender seus objetos de arte e era muito raro o dia em que não vendesse tudo pois quem comprava seus trabalhos sentia se rejuvenecido, com a alma leve e renovada, tamanha era sua luz.

Certo dia, um dia que não iria ser igual aos outros, mais uma vez ele saiu cedo como sempre, andou bastante até o Parque e lá ele ficou.

Ele passou o dia no Ibirapuera, era um sábado de muito sol e o calor era sufocante, mas ele estava de acostumado, pois era seu ganha pão, não podia se dar ao luxo de voltar mais cedo para casa para descansar, precisava de cada centavo do que ganhava porque além de qualquer coisa, ele precisava ajudar sua velha mãe, viúva, que nem mesmo direito a uma pensão tinha, mas que tinha o maior dos tesouros deste mundo, um anjo corcunda que desceu do céu para ama-la e protege-la para sempre.

No final da tarde, quase anoitecendo, ele estava morto de cansado, exausto mesmo e resolveu sentar se encostado numa das arvores do parque e mal o fez, o cansaço era tanto que ele adormeceu imediatamente, entrou em um sono profundo enquanto as sombras da noite tomavam conta do lugar.

Passado muito tempo, já devia ser mais de meia noite quando ele acordou assustado no meio das árvores em completa escuridão, pois mesmo as luzes do parque já haviam sido apagadas, era inicio de uma madrugada de um outro dia que não demoraria muito a acontecer.

Meio que sem saber o que fazer ele olhou para os lados para ter uma noção de por onde caminhar ao se levantar e foi então que ele percebeu uma luz que parecia sair por detrás do tronco de uma arvore maior que estava pouco adiante de onde ele estava e ele resolveu chegar mais perto para ver o que estava acontecendo.

O que Jerônimo viu superou a tudo que possamos imaginar, tudo que nossa mera e incapaz imaginação possa supor, seus olhos ficaram arregalados, não de espanto, mas de encantamento pelo que estava vendo bem ali na sua frente, pois no centro do tronco da árvore havia surgido uma abertura, não muito grande, menor do que a cabeça de um ser humano adulto, mas o que se podia ver por ela era algo que nem mesmo em seus mais belos sonhos ele havia concebido até então.

Lá dentro do tronco, estava acontecendo uma festa e todos os participantes eram tão pequeninos, quase do tamanho de seu dedo polegar e mais, todos tinham asas nas costas, dançando e cantando, flutuavam no ar em todas as direções e não havia luzes ou tochas de fogo para a iluminação, cada pequeno ser daquele tinha sua própria luz, era pequenas fadas que estavam comemorando a chegada do final de semana e cantavam uma linda canção.

Jerônimo entorpecido, emocionado com tanta beleza ficou contemplando em silencio aquela cena além da mais havida imaginação e acompanhando o ritmo da musica que encantou seu coração.

A letra era simples, mas todos aqueles pequeninos a cantavam com grande alegria e emoção e dizia mais ou menos assim:

Segunda, terça, quarta, quinta e sexta, trá, lá, lá, lá...

E assim indefinidamente, a cantoria foi penetrando, bem fundo em sua alma, pura e sem maldade e ele que nunca duvidou de nada na vida, muito menos no poder de Deus, soube naquele instante, que as fadas sempre existiram, não apenas em contos de fadas de outros paises, de outros lugares longínquos, mas tambem dali, no coração da cidade de São Paulo e que Deus o havia escolhido para vê-las com seus próprios olhos e seu coração encheu se de alegria e quando as fadas terminaram de cantar mais uma vez a sua canção, ele completou a letra com a sua voz doce e suave, com todo sentimento que havia em seu coração e então, ela ficou mais ou menos assim:

Segunda, terça, quarta, quinta e sexta, trá, lá lá, lá, sábado e domingo também!

Foi então que os pequenos seres perceberam sua presença e ouvindo sua voz complementando a letra da canção ficaram maravilhados e se perguntaram porque nunca haviam pensado nisto e logo começaram a cantar a letra toda com o complemento que Jerônimo havia feito e foi um verdadeiro sucesso entre todos.

Quando finalmente terminaram de cantá-la voaram para fora da árvore e rodeando o rapaz que assustado, mas alegre pela graça de estava recebendo de poder estar ali e saber que elas realmente existiam, ficou parado sem saber que ação tomar e foi então que o fizeram flutuar no ar com seus poderes mágicos e a principio eles o fizeram subir e descer lentamente, mas depois mais rapidamente até que ele perdeu o sentidos neste sobe e desce e quando acordou pela manhã, sentiu-se leve, era algo diferente, como se fosse outra pessoa e o sol já brilhava no céu refletindo sua luz nas águas do lago do Parque Ibirapuera e ele resolveu se levantar para ir até as margens e quando o fez mal pode acreditar...

Ele conseguiu ficar ereto, na mais perfeita postura, não havia dor, não havia desconforto, sua corcunda havia desaparecido e o físico do homem que ele havia sido a vida toda, tinha dado lugar a um belo rapaz, com disposição e flexibilidade de um jovem perfeito, sem igual e ele cantou e dançou de braços abertos, girando como uma criança e olhando para os céus, enquanto as lágrimas rolavam em sua face, lágrimas de alegria, de amor, de fé e gratidão.

Daquele dia em diante ele fez questão inserir em suas obras de arte a alusão às fadas e ao mundo da magia que sempre habitou seu coração e que através das mãos de Deus se mostrou a ele como sendo real e palpável e tudo isto aconteceu a ele porque sempre acreditou que tudo nesta vida tem um propósito e nunca se rebelou contra a vontade de Deus, pois teve a sensibilidade de compreender que quando Deus tira uma coisa, dá outra em troca e sua arte, seu coração puro eram muito mais importantes do que o sofrimento físico a que ele foi submetido desde pequeno.

Edmundo, o corcunda grosseiro, violento e cético, que nunca acreditou na força da fé e no poder de Deus, se fechou nas sombras das trevas e nelas pereceu, morreu só no mundo e sua alma ferida e magoada subiu aos céus, para encontrar a paz justamente nos braços daquele a quem ele sempre renegou, daquele a quem ele sempre culpou por seus infortúnios e foi nos braços dele, que ele compreendeu que mesmo quando ele o culpava pelas suas desgraças aqui na terra, bem lá no fundo de si, mesmo sem saber, ele acreditava em seu poder, mas foi sempre muito orgulhoso para dar o braço a torcer e abrir as portas de seu coração para deixar ele entrar.
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