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Contos-->O DIREITO DE SER -- 31/03/2009 - 23:40 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ele era um garotinho que estava indo para a escola pela primeira vez e estava com medo, pois não sabia o que o esperava lá.

A casa do garotinho que era mesmo muito pequenininho ficava ao lado da escola e ela era mesmo uma grande escola, que por suas proporções fazia tudo ficar ainda mais assustador.

Mesmo estando com medo, quando ele se lembrava de que poderia sair portão da escola e entrar no portão de sua casa ele ficava mais tranqüilo, pois sabia que seu lar estava ao lado e lá, ele poderia encontrar amor, aceitação, proteção e segurança, ele ficava feliz e a escola não parecia mais ser tão grande assim.

Lá ele fez amigos, aprendeu a brincar, a respeitar os outros, a arrumar sua própria bagunça, a pedir desculpas e a ser honesto e o garotinho que era mesmo muito pequenininho, foi se acostumando com a escola e já não mais sentia tanto medo em seu pequeno coração.

Porém, numa manhã, quando o garotinho já estava na grande escola há algum tempo, a professora disse aos alunos de sua classe que naquele dia eles iriam fazer um desenho.

Ele pensou que isto iria ser muito bom porque ele gostava muito de fazer desenhos, muitos desenhos, ele sabia fazer desenhos de todos os tipos, flores, plantas, gatos, cachorros, aviões, helicópteros, trens, caminhões, carros e daí por diante, pois ele realmente amava desenhar e achou que a aula seria mesmo muito interessante.

O garotinho tirou de sua mochila sua caixa de lápis de cor e seu caderno de desenho e logo começou a desenhar, mas então, a professora o fez parar e disse a todos que não era hora de começar.

Ela esperou que todos estivessem prontos e então disse que eles iriam aprender naquela aula a desenhar flores e o garotinho ficou excitado com a idéia, pois ele adorava desenhar flores e logo começou a fazer algumas lindas, usando seus lápis cor de rosa, amarelo, azul, laranja e verde limão.

Mas mais uma vez a professora o fez parar e disse a todos para esperar, pois ela iria ensina-los a desenhar uma flor e ela desenhou uma na lousa e ela era inteiramente vermelha, com pistilos verde musgo e então ela disse a todos que agora sim poderiam começar a desenhar.

O pequeno garotinho que então já não era tão pequenininho, nem por dentro, nem por fora, olhou para a flor da professora, depois olhou para as que ele havia desenhado e sentiu no fundo de seu coraçãozinho, que ele gostava mais das que ele havia feito, mas não disse nada, apenas virou a página e começou a desenhar e logo havia feito uma flor igual à da professora, que era toda vermelha, com pistilos em verde musgo.

Num outro dia, a professora disse a todos que ele iriam naquela aula fazer trabalhos com massinha e o garotinho ficou muito feliz porque ele sabia fazer quase tudo com massinha.

Quando a professora distribuiu as massinhas e logo começou a amassar e esticar sua bola, mas antes que ele pudesse começar, a professora disse a eles para esperar, pois ela iria ensinar a todos como fazer um conjunto de pires e xícara e ela esperou até que todos estivessem prontos, modelou as peças e então mandou que cada um fizesse a mesma coisa e todos obedeceram.

Mas o garotinho, que sabia também fazer vários tipos de conjuntos de pires e xícara, já havia feito o seu trabalho e a professora mandou que ele desmanchasse e fizesse igual ao dela e assim ele o fez, mas primeiro, ele olhou para seu pires e sua xícara e decidiu que gostava mais deles do que daqueles que a professora tinha feito, mas mais uma vez, ele não disse nada e fez tudo exatamente como a professora havia determinado.

Não demorou muito o pequeno garotinho que já não era bem um pequeno garotinho, nem por dentro, nem por fora, aprendeu a esperar, a observar e a fazer as coisas exatamente como a professora ensinava e logo ele já não mais fazia nada do que sabia fazer, mais nada do que gostava de fazer, já não tinha liberdade de expressão, tinha medo de tomar uma iniciativa e ser punido por te-lo feito.

O garotinho sempre esperava as ordens e instruções da professora para fazer o que tivesse que ser feito, havia deixado de se expressar livremente e aquilo o estava sufocando, já não mais tinha importância se a casa dele ficava ao lado da escola, pois pelo período em que ele ficava em aulas a escola seria sua prisão.

Não demorou muito tempo e ele e sua família foram obrigados a mudar de cidade, foram para um bairro onde a escola era muito longe e com chuva, frio ou sol ele tinha que caminhar vários quilômetros até chegar à sua nova escola, que aliás, era muito maior do que a outra e parecia até mesmo mais assustadora, só de pensar no que o esperava em sala de aula, uma vez que na outra escola que para ele já não era mais uma grande escola, ele só havia aprendido qual era o significado da palavra repressão.

No primeiro dia de aula, a sua nova professora disse aos alunos da classe que naquele dia eles iriam fazer um desenho e ele achou que iria ser bom pois ele sabia fazer desenhos de muitas coisas, mas ele havia aprendido a esperar e ele esperou, até que a professora dissesse a eles como e o que fazer.

Contudo, a professora não fez nem disse nada, apenas começou a andar pelos corredores entre as carteiras e quando ela chegou ao pequeno garotinho, que já não era mais tão pequenininho, nem por dentro nem por fora e perguntou a ele com sua voz suave, bem baixinho, para não atrapalhar os outros, se ele não gostava de desenhar.

Em resposta, ele disse que sim, mas queria saber o que e como iriam desenhar e estava esperando que ela o ensinasse a fazer o que ela queria que todos alunos fizessem e perguntou a ela o que teriam que desenhar.

Ela então disse que não precisava ensinar, pois poderia ser do jeito que eles quisessem, da forma que eles quisessem, ela só saberia o que cada um fez para poder admirar o trabalho de cada um quando todos tivessem terminado.

Admirado, o pequeno garotinho, não acreditando no que estava ouvindo, perguntou à professora se ele poderia mesmo fazer do jeito que ele quisesse, com qualquer cor, de qualquer tamanho e ela disse que sim, pois a escolha era dele, o desenho e a criação eram dele e era seu direito pintar como ele os via em sua imaginação.

Ela completou dizendo a ele que se todos fizessem o mesmo desenho, do mesmo jeito, com as mesmas cores, como poderia ela saber no final quem tinha feito qual e lhe dar a devida atenção?

Ele respondeu a ela que não sabia, mas ao mesmo tempo, voltou-se para seu material de desenho e começou a desenhar e a pintar lindas flores, usando seus lápis cor de rosa, amarelo, azul, laranja e verde limão, do jeito que ele sempre gostou.

E foi então que ele percebeu que havia gostado de sua nova escola, mesmo que o portão de sua casa não fosse ao lado dela, mesmo que ele tivesse que fazer alguns sacrifícios para chegar até lá todos os dias, porque nela, ele poderia ser ele mesmo e ter lá respeitado, seu direito de ser...

Não podemos exigir que as pessoas ao nosso redor pensem ou hajam de acordo com o que achamos que é certo. Precisamos saber respeitar e aceitar as diferenças, pois nem todos nós gostamos das mesmas cores e esta é a diferença que faz a diferença entre nós, que faz nosso mundo muito mais belo e ao observarmos atentamente o sutil contraste de todas as nuances de cores que encontramos pelo caminho, e mesmo assim, se em algum momento tivermos dúvidas, basta parar e olhar atentamente, para o esplendor de um arco íris .
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