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Contos-->UM DIA TALVEZ, ELES POSSAM VIR... -- 04/04/2009 - 20:15 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem sabe, daqui há dois mil anos eles virão. Talvez, mas ao que tudo indica é o que vai acontecer, eles possam chegar em suas naves prateadas, que após entrar na atmosfera de nosso planeta, irão atravessar a massa de gases que terá substituído o oxigênio impuro que hoje respiramos, voando sobre o que tiver restado dos oceanos, dos rios e das florestas. Elas estarão protegidas por poderosos campos de força que impedirão que as devastadoras tempestades magnéticas lhes façam algum mal. Jovens humanos vindos do planeta Gaia, a irmã gêmea da Terra do outro lado do Universo, virão conhecer o que sobrou dela depois que interferimos na natureza. Terra. O berço de seus ancestrais.

Curiosos, eles virão visitar monumentos anciões em ruínas, exatamente como fazemos hoje com lugares como as pirâmides do Egito, a cidade perdida de Machu-Pichu, os templos dos Maias e dos Incas e as planícies de Nazca, com seus desenhos tão grandes e detalhados, que só podem ser vistos do alto, e que hoje, nos despertam tanta curiosidade e fascínio, dos quais nem mais vestígios existirão. Em dois mil anos eles poderão vir. Quando aqui chegarem, poderão encontrar apenas enormes sulcos no solo, onde um dia foram grandes rios como o Amazonas, o Tâmisa e o Nilo, dentre muitos outros. Em lugares onde hoje existem paraísos tropicais, encontrarão paisagens cobertas pelo manto branco da neve, e a Aurora Boreal, poderá estar brilhando num céu avermelhado, sobre as terras do Brasil.

Onde antes haviam muitas fontes verdejantes, em meio a uma natureza esplendorosa, poderão encontrar ao mesmo tempo, deserto e geleiras, dunas de areias, grandes muralhas de gelo e rios de lava incandescente coexistindo lado a lado como ainda não chegamos a ver. Não encontrarão nada parecido com aquilo que aprenderam nos livros virtuais sobre o que foi planeta azul. Geração após geração, a raça humana no planeta Terra terá chegado ao fim dos tempos de sua existência e terá se tornado em pó. Os sábios de Gaia, ensinarão aos jovens humanos de lá, que os humanos da Terra, do pó vieram e ao pó retornaram, pelas próprias mãos. Quando partirem de seu planeta, os grupos de jovens da nova geração de humanos nascidos em Gaia gritarão excitados:

Vamos para o planeta Terra!
O berço de nossos ancestrais!
Lugar de muitas memórias e imaginação!
Vamos partir!

Então, suas naves virão. Todas elas repletas de novos humanos, loucos para chegar aqui. Ansiosos para conhecer o lugar que deu origem à sua raça. Com a velocidade da luz, eles logo chegarão. Sensores eletrônicos de presença instalados no fundo dos oceanos por mãos humanas do passado, os que ainda tiverem resistido ao caos provocado por nós, indicarão em seus registros o tamanho do grupo de naves que estarão chegando. Ao entrar na atmosfera, que então será composta de gases que hoje nem imaginamos poder existir, terão apenas noção das proporções dos continentes pela sua silhueta escura, destacada na imagem avermelhada do planeta que dantes era azul e graças aos humanos, se tornou avermelhado. Guias turísticos e mestres em história, mostrarão a eles onde ficavam grandes países, berços de gigantescas nações, suas grandes capitais e as principais cidades e monumentos de cada lugar.

Quando as naves estiverem sobrevoando onde um dia foi um país chamado Brasil, os mestres lhes dirão que lá embaixo, onde estarão vendo apenas vulcões em erupção e fogo saindo do solo por toda parte, um dia foi um país tropical. Um lugar paradisíaco, onde nasceram grandes artistas do passado da humanidade. Alguns conhecidos por nós, outros ainda por nascer. Uma nação onde Caetano Veloso cantava a Tropicália para a alegria da juventude Hippie brasileira. Onde Cecília Meireles escrevia e declamava os mais belos versos e poesias do romanceiro da inconfidência. Lugar onde outro grande artista, Dorival Caymmi, mostrava ao mundo inteiro todo seu talento de compositor para orgulho da patria amada.

Onde Gal Costa e Maria Bethânia cantaram e encantaram corações com suas vozes melodiosas. Um país de tantos talentos, de tantas artes, de tantas glórias. O Brasil das obras de Tarsila do Amaral, de Di Cavalcanti e Cândido Portinari. Berço dos grandes mestres da literatura nacional, como Graciliano Ramos; Guimarães Rosa; José de Alencar; Lima Barreto; Machado de Assis; Mário de Andrade; Luiz Érico Veríssimo; João Ubaldo Ribeiro; José Lins do Rego, Oswaldo de Andrade e outros que ainda vão surgir. Quanto desperdício! (Eles dirão) Eles também se perguntarão porque uma raça tão inteligente, tão sensível, tão cheia de talentos e virtudes, mãe de tantos gênios das artes e da literatura teria cometido um crime tão hediondo assim? Por que tanto ódio de si mesmos? Com uma mente aberta, usando seus 100% de sua capacidade de raciocínio, eles não encontrarão explicação lógica para crime que teremos cometido.

Atônitos, ao ver nas telas de suas naves o registros digitais das imagens do que antes foi o planeta Terra, eles ouvirão os relatos de seus mestres e guias silenciosamente, com um aperto no coração. Enquanto isto, suas naves irão pairar sobre vários locais históricos de onde foi um dia um país maravilhoso, chamado de Brasil. Em muitos lugares estratégicos, como no topo do Pão de Açúcar, ou o que sobrar dele após tanta destruição, serão construídos hotéis para acomodar os turistas vindos de Gaia em busca de conhecimento. Neles, haverá sem exceção, atmosfera artificial para maior conforto dos viajantes. Poder respirar sem ser artificialmente, será definitivamente impossível num planeta como a Terra do futuro.

Grande parte dos turistas, pagarão enormes quantias em dinheiro para se hospedar em hotéis construídos em pontos especiais, por apenas uma noite, mas para poder dizer aos seus quando retornarem, que estiveram aqui. Gastarão o que for necessário para poder viver momentos únicos e aterrorizantes do encontro com aquilo que um dia, foi o lar de seus ancestrais. Turismo cultural na Terra, daqui a dois mil anos, poderá ser considerado matéria obrigatória no curriculum de cada ser humano que nascer em Gaia. Em suas naves, durante as viagens de um lugar para o outro no planeta Terra, que um dia será chamado de Planeta Vermelho, muitos passageiros adormecerão porque fugir da realidade através dos sonhos, poderá ser sua única saída para que não fiquem extremamente traumatizados, com tudo que virem de ruim por aqui.

Por entre os gazes nos céus, sobre o que restar dos oceanos, voando sobre grandes geleiras onde um dia foi o sertão brasileiro, eles poderão vir, e eles virão, se os humanos do planeta que hoje é azul não pararem para refletir sobre as conseqüências de seus atos, contra a natureza, contra o meio ambiente, e pior, contra eles mesmos. Quando estiverem satisfeitos com o aprendizado que tiveram visitando o continente sul americano, seguirão viagem rumo a outras paragens. Seu destino, o lugar onde foi o Polo norte do planeta. Pelas imagens que viram nos livros digitais, o solo de lá antes era coberto pelo gelo e ficava no extremo norte do planeta, mas as imagens reais que irão encher seus olhos de terror, serão as enormes erupções de Geisers, que se lançarão em jatos poderosos de líquidos ácidos e com uma temperatura tão alta, que se atingissem suas naves sem que estivessem protegidas por seus campos de força, seria o seu fim.

Pouco a pouco, lugar por lugar, os novos humanos vindos de Gaia conhecerão detalhes de cada país que um dia existiu na Terra. Algumas naves, já mais distantes, ao sobrevoar o que antes foi uma cidade que se chamava Paris, proporcionarão aos seus tripulantes a oportunidade de ver saindo do lodo fedorento de enxofre, apenas a ponta de uma imensa estrutura metálica que em sua época de ouro era chamada pelos homens de Torre Eiffel. Um dia, certamente eles virão e se permitirmos que este dia chegue, teremos cometido suicídio, teremos procurado a nossa morte com as próprias mãos. Teremos usado a inteligência que Deus nos deu com a melhor das intenções para este fim. Teremos matado aos poucos, desde os primórdios dos tempos, a nós mesmos e a todos os seres vivos que Deus criou.

O planeta vermelho do futuro, que hoje conhecemos como azul, terá resistido a tantas barbaridades, a tantas atrocidades, mas estará moribundo e deserto, porque não mais estaremos aqui. Ele estara pedindo clemência para acabar com seu sofrimento, com sua agonia. A Terra estará gritando de dor, e seu pranto, será ouvido através da imensidão do Universo sem fim. Ela estará implorando ao todo poderoso, ao nosso criador, que faça com que chegue para ela, assim como chegou para nós humanos, o dia do juízo final. Daqui a dois mil anos, ou até muito menos, um dia talvez eles possam vir...

Será que ainda há tempo para mudar o rumo que as coisas estão tomando?

Vamos deixar que o pior aconteça por causa de nossas atitudes impensadas?

Responda sinceramente, mas não a mim, o escritor e autor deste conto, mas a sí mesmo, contudo, pense bem antes de responder...

De minha parte, do mais fundo de meu coração...

Eu espero que não...
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