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Contos-->ABENÇOADO, SEJA AQUELE QUE DÁ... -- 06/04/2009 - 20:48 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rogério, colega de trabalho e um amigo de longos anos, que trabalhava na mesma empresa que eu, recebeu como presente de aniversário de seu irmão um Astra zero kilometro, lindo, vermelho Ferrari, completamente equipado, teto solar, vidros escuros, Spoiler e Aerofólio, era tão lindo e brilhante, que quando passava pelas ruas, não havia quem não olhasse seu carro com admiração.

Seu aniversário era dia 20 de dezembro e naquele ano, ele iria trabalhar até a véspera de natal, pois havia sido escalado para o plantão enquanto os demais saíram de férias pelo período do recesso forense, pois era estagiário de Direito em uma sociedade de advogados.

No dia 24, quando ele saiu do escritório, um garoto pobre estava andando em volta de seu carro admirando-o com olhos de encantamento e quando ele se aproximou, o garoto lhe perguntou se o carro era dele e ele respondeu que sim e naturalmente, sem pensar no que estava dizendo, disse ao garoto que o carro havia sido um presente de seu irmão.

O garoto ficou de boca aberta, estava atônito e para ter certeza de que havia ouvido direito, perguntou a Rogério se ele estava mesmo querendo dizer, que seu irmão havia lhe dado o carro de presente e não havia lhe custado um centavo sequer.

Rogério balançou a cabeça afirmando que sim, que havia sido um presente de aniversário e então, após algum tempo em silêncio, o garoto disse a ele que gostaria de...

Ele não conseguiu terminar a frase, pois estava claramente emocionado, parecia ter um nó em sua garganta.

Claro que meu amigo logo imaginou que ele iria dizer que gostaria de ter um irmão igual ao dele, para poder ganhar um carro igual também, mas quando o menino voltou a falar, o que Rogério ouviu, deixou-o totalmente sem ação, sem saber o que pensar.

O garoto disse a ele que gostaria de ser um irmão igual ao dele e aquilo o deixou totalmente atônito e num impulso, que não sabe até hoje dizer de onde surgiu, perguntou a ele se gostaria de dar uma volta pelas ruas da redondeza em seu carro e o menino logo aceitou com os olhos cheios de luz, e era uma luz que jamais sairia da mente de Rogério, mesmo após longos e longos anos.

Enquanto eles rodavam pelas ruas, o garoto perguntou se ele não se importaria de passar em frente à sua casa, pois não ficava muito longe dali, mas ficava num bairro muito pobre e Rogério, com um sorriso disse a ele que estava tudo bem, que poderiam passar por lá se era este seu desejo, pois ele imaginou que o menino estava querendo que seus amigos e vizinhos pudessem vê-lo andando num carro tão lindo como aquele, mas mais uma vez, meu amigo Rogério estava errado.

Quando passavam em frente à casa do garoto, ele pediu a meu amigo que parasse em frente a ela, dizendo que iria entrar por uns minutos e logo voltaria.

Assim foi, ele desceu, subiu os dois degraus da escada que levava à porta de sua casa em entrou como um raio, Rogério nem teve tempo de ver a porta se abrir e fechar.

Em razão de segundos, ele ouviu um barulho, sinal de que o garoto estava voltando, mas ele não estava voltando tão depressa como entrou, ele veio carregando nos braços, seu pequeno irmãozinho que era deficiente físico.

Rogério pode imaginar naquele momento, que se nem mesmo tinham uma cadeira de rodas para transportar o pobre menino e então tinham que carrega-lo nos braços para onde quer que fossem, o que tornava as saídas com ele muito raras, quase inexistentes e pode sentir no fundo de seu coração uma dor profunda só de imaginar o que sofria o pobre garoto e seu irmãozinho.

O garoto sentou o pequenino num dos degraus e apontou para o carro, perguntando a ele se o carro não era exatamente o que ele havia lhe dito quando entrou em casa e os olhos do pequenino se iluminados pela visão do carro de meu amigo, mal pode responder que sim.

Então, como se fosse uma estória de contos de fadas, o garoto contou ao seu irmãozinho, com toda a ênfase de alguém que ainda não conseguia acreditar que algo poderia acontecer, que o irmão de Rogério havia lhe dado o carro de presente de aniversário e que não havia custado ao meu amigo um centavo sequer.

Quando terminou de falar como meu amigo ganhou o carro, ele disse ao pequenino com os olhos cheio de lágrimas, que um dia ele iria lhe dar um carro exatamente igual ao de Rogério e então ele poderia ver todas aquelas coisas lindas de que ele sempre lhe falava, aquelas coisas que existem nas vitrines das lojas e nas ruas em época de natal.

Já era quase noite e as luzes das ruas e vitrines do centro da cidade já deveriam estar começando a se acender e Rogério que ouvia tudo em silêncio, com lágrimas rolando pelo seu rosto, aproximou se do pequenino que estava sentado nos degraus, pegou o no colo e pediu ao seu irmão para abrir a porta do carro, colocou-o sentado ao seu lado no banco dianteiro, enquanto o seu irmão mais velho com olhos de excitação, entrou no carro também, sentando-se no banco de trás e os três saíram em uma excursão inusitada pelas ruas da cidade.

Os olhos do pequenino pareciam dançar ao som das musicas de Natal, pareciam estar falando sobre toda a sua alegria e felicidade naquele momento e em seus lábios um sorriso brilhava, talvez até mais do que toda iluminação das decorações de Natal e meu amigo Rogério, envolto pelo clima e tocado no ponto mais fundo de seu coração, agradecia a Deus em uma prece silenciosa, por ter lhe permitido proporcionar aos dois garotos aqueles momentos de alegria e amor.

Enquanto o carro seguia seu caminho e Rogério apontava ao pequenino as coisas lindas pelas quais iam passando, o irmão mais velho olhava para Rogério com um olhar de verdadeira adoração, pois ele não acreditava nem esperava que uma pessoa com tanto dinheiro, que tinha tantas coisas na vida que ele e seu irmão não podiam ter, estivesse fazendo por eles o que meu amigo estava fazendo.

Foi então, que bem lá do fundo de seu coração, o garoto deu a Rogério o maior presente que ele poderia dar a alguém em sua vida de pobreza e sofrimento, ele se aproximou do banco do motorista, colocou a mão no ombro de meu amigo, deu lhe um beijo no rosto e com ele toda sua gratidão, todo seu carinho, reconhecimento e amor que iria levar consigo pelo resto da vida.

Aquela véspera de Natal trouxe àquelas três pessoas mensagens de fé, esperança e luz, foram lições iguais a muitas que a vida nos dá sempre, mas que muitos de nós deixam passar despercebidas, mas quem recebeu o maior dos ensinamentos naquela noite, foi meu amigo Rogério, que aprendeu que não existe nada mais gratificante do que o ato de doar, mas de doar sem esperar receber de volta, apenas pelo prazer de fazer o bem a quem recebe.

Num mundo, onde grande parte da humanidade só faz o bem atrelados a condições de receber de volta em forma de “favores” ou “serviços” dos quais os doadores necessitam, onde o ato de doar perdeu seu verdadeiro significado, dando lugar ao aprisionamento daqueles que recebem às algemas implacáveis das dividas de retribuição, meu amigo compreendeu com toda a intensidade de sua alma o que Jesus quis dizer quando nos falou...

Abençoado seja aquele que dá...

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