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Contos-->O GRANDE CONCURSO -- 10/04/2009 - 16:07 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na zonal sul da cidade, um grande e famoso shopping promoveu um concurso, que daria um carro zero quilometro, à pessoa que fizesse a coisa mais inacreditável. O carro era um automóvel importado de ultimo tipo e a euforia tomou conta dos clientes que freqüentavam o lugar. A chamada a nível de promoção do Shopping, funcionou perfeitamente. Era um concurso diferente dos demais, e todos os dias, na praça de eventos havia sempre uma chamada para o concurso, com a informação ao público sobre candidatos já inscritos. O Shopping ficava lotado de segunda a domingo. As lojas estavam vendendo muito além da média, já que estavam fora de épocas especiais. Os jovens, os de meia idade, e é claro os velhos também, estavam se matando de tanto treinar para o que iriam fazer no dia de sua apresentação. Eram dores de cabeça de tanto pensar. Músculos e nervos distendidos causando desconforto em todo lugar. O exagero chegou a um ponto, que quatro pessoas morreram de tanto comer e duas foram parar na UTI de tanto beber, só para provar que poderiam conseguir vencer, fazendo a coisa mais inacreditável, mas certamente, este não era o caminho para ganhar o primeiro lugar.

No dia marcado para as apresentações na praça de eventos do Shopping Center, cada um tinha que mostrar que podia mesmo fazer a coisa mais inacreditável que já se tinha visto no país. Pais orgulhosos e esperançosos, inscreveram seus bebês até de dois anos de idade e outros, inscreveram seus avós e bisavós, pois tinham certeza de que eles poderiam vencer o concurso. Não se falava em mais nada na cidade, a não ser, o grande concurso. Entre os jovens e os velhos, entre homens e mulheres, o assunto era um só. O concurso virou coqueluche e contaminou a todos os cidadãos. Foi então que chegou a o grande dia.

A praça de eventos estava lotada. Havia até torcidas uniformizadas e o barulho... era infernal! Um a um, os candidatos foram se apresentando perante a comissão julgadora e a expectativa pela próxima apresentação deixava a todos inquietos. O que viria depois? Apareceu de tudo na concorrência pelo primeiro lugar. Foram canções cantadas de bocas fechadas, dançarinos que usavam as costas ao invés dos pés para dançar, dentre muitas e muitas coisas que não se vêem todos os dias, até que enfim, chegou a vez do penúltimo candidato. Ele era um escultor. Quando o alto falante anunciou o candidato, o riso foi geral. Um escultor? O que poderia um artista como ele fazer de inacreditável?

As esculturas são formas e os resultados dos trabalhos dos escultores geralmente são muito bons, mas de inacreditável, o que ele poderia fazer? Anunciado, ele entrou no grande palco arrastando algo sobre um carrinho, e fosse o que fosse, estava coberto por um enorme tecido preto. O silêncio foi total. A platéia ansiosa, não via a hora de ver o que ele havia feito para concorrer, nem ao menos respirava. O jovem escultor disse algumas palavras ao publico e após com um movimento súbito e inesperado, ele puxou a cobertura que escondia sua escultura. A exclamação foi geral! OOOOHHHHHHHHHH!!!

Na frente de todo mundo, estava a mais bela escultura que alguém já tinha visto. Era a escultura de um corpo de mulher. Seus traços faciais eram tão perfeitos. Seus olhos tão vívidos. Sua boca tão linda. Um corpo escultural, vestindo uma túnica como nos tempos dos Deuses do Olimpo. A perfeição era tão grande, que todos silenciosamente esperavam que ela se movimentasse e que a qualquer momento, falasse também. Não houve um dos jurados que não concordasse que aquele era o melhor candidato. Ele era mesmo um grande artista. Um daqueles que aparecem de séculos em séculos, e para a felicidade de todos, ele estava ali, bem na frente de seus olhos. Ele era de carne e osso e tinha realmente feito a coisa mais inacreditável já vista.

Sua escultura parecia viva, e mais, ela parecia que com sua beleza tinha enfeitiçado a todos! Ele tinha que ser o vencedor. Contudo, alguém lembrou ao júri que ainda havia um candidato que não se apresentou. Ele era o ultimo na lista e tinha direito a fazer sua apresentação, e quem sabe, até vencer o concurso, se fosse o melhor. Justiça tinha que ser feita. Mesmo contrariados, todos foram unânimes. Ele iria se apresentar. A platéia inconformada, começou a vaiar. Em meio a um barulho ensurdecedor, com um martelo enorme em suas mãos, ele entrou no palco. No mesmo instante em que ele chegou ao centro do palco, as vaias pararam de soar. O silencio se fez.

Os jurados, a comissão organizadora do evento e a platéia, estavam sem piscar. O que um cara com um martelo enorme nas mãos poderia fazer de mais inacreditável, do que aquela escultura mágica que encantou todo mundo? O candidato disse a todos que agora sim eles iriam ver alguém fazer a coisa mais inacreditável que já tinham visto, e que isto, eles poderiam escrever, porque era o que ia acontecer. Sem dizer mais uma palavra, ele dirigiu-se para onde estava a bela escultura feita pelo seu concorrente. Ele parou em frente a ela e admirou cada detalhe. Depois virou-se para a platéia que ainda estava muda, dizendo que ele mesmo, nunca tinha visto algo tão inacreditável como aquele trabalho, mas que agora sim, todos iriam ver algo verdadeiramente inacreditável.

Então, ele empunhou seu enorme martelo de ferro e com golpes firmes e decididos, CRASH! TUD! TUD! BAM! CRACK! CABRAM! TUNK! CRÁS! CRECK!

Ele destruiu a bela e magnífica escultura de seu concorrente que encantou a todos. Diante dos olhos arregalados dos jurados, da comissão organizadora e da platéia, ele não se cansou de dar marteladas naquela magnífica obra de arte, até que de suas formas perfeitas, não houvesse mais nada. Atônitos, ainda em silêncio, diante do que tinham que admitir, era inacreditável, todos ouviram quando ele disse com voz firme e decisiva, que tinha provado que ele poderia fazer melhor que todos os outros candidatos. Que tinha superado a todos com o que tinha acabado de fazer, e sobre tudo, o escultor da obra de arte que ele destruiu. Naquele instante, ele se proclamou o vencedor do concurso, porque ele tinha feito a coisa mais inacreditável já vista. Ele havia destruído uma verdadeira obra de arte. Revoltados com a atitude dele, a platéia inteira, num tremendo estrondo, como um vulcão quando entra em erupção, vaiou a toda voz. UUUHHHHH!!!! FOOORAAAAA!

Contudo, os juizes após ponderar muito sobre a decisão, o proclamaram como o grande vencedor, deixando a todos sem saber o que dizer. Eles o fizeram, porque perante a lei, destruir uma obra de arte, é o crime mais incrível e a coisa mais inacreditável que alguém possa fazer. A platéia inteira, mesmo não concordando com a decisão, teve que aceitar que ele fosse o vencedor e grande ganhador do concurso, recebendo as chaves do seu carro importado e zero quilometro, enquanto o escultor chorava tristemente sobre o que restou de sua obra de arte, porque Lei é Lei e ela tem que ser obedecida, em qualquer situação.

Mesmo que para isto, seja preciso que se faça, a coisa mais inacreditável que alguém possa fazer.
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