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Contos-->E O AMOR NÃO MORREU -- 21/04/2009 - 18:14 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chovia lá fora e Noemi estava apreciando a paisagem úmida e acinzentada da janela de sua casa. Naquela noite, eles completariam 40 anos de casados. Ela relembrava de quando seu primeiro filho nasceu. De tudo que aconteceu, ha muito tempo atrás, logo após seu primeiro parto. Havia em seus lábios um sorriso, enquanto ela pensava que se alguém lhe perguntasse como havia sido, ela poderia dizer que logo após chegar em casa da maternidade, ela e seu marido, ficavam sempre juntinhos, sentados no sofá da sala de estar, vendo e ouvindo através da enorme janela, a chuva que caia lá fora e tambem que eles ficavam trocando carinhos, como dois pombinhos, como dois eternos apaixonados. Sem perceber, ela dá uma risada gostosa e diz a si mesma, que ela poderia muito bem dizer isto tudo que acabou de pensar, mas seria uma grande mentira. Quando seu bebê veio ao mundo, era época de chuvas, o céu era constantemente acinzentado, nuvens pesadas pairavam nos céus, isto quando não caiam enormes tempestades que inundavam toda a cidade. Todo este cenário, contribuiu e muito para o péssimo estado de humor do casal. Seu marido e ela oscilavam entre a extrema alegria de ver seu bebe cheio de vida e saúde, e a devastação e frustração que era não ter tempo dormir, muito menos para que se dedicassem um ao outro. A cada dia que se passava, o dialogo dos dois parecia menos com uma sonora conversa entre dois passarinhos apaixonados e mais e mais se parecia com o latido de dois cães, prontos para se atracar em uma briga feroz. O tempo passou muito rápido. Acabou a licença maternidade e ela teve que voltar a trabalhar. Noemi teve que deixar seu bebe na creche da empresa onde trabalhava.

Uma avalanche de sentimentos e sensações tomou conta dos dois. Ela se sentia incompetente, gorda e feia. Ele se sentia culpado por ela ter que deixar o bebe numa creche e ter que ir trabalhar. No corre, corre do dia a dia, mal trocavam algumas palavras. Pela manhã um rápido beijo de bom dia e à tarde, quando chegavam em casa, mal se falavam. Tinham outras coisas a fazer. A cada segundo crescia mais neles o desejo de que pudessem dar mais atenção um ao outro e a carencia afetiva ia aumentando como tinha que ser. A situação estava cada vez mais difícil, eles faziam de tudo para superar, mas no olhar de cada um deles havia uma sombra de tristeza. Era como se a luz do amor que os uniu estivesse se esmaecendo. Certa vez, depois de um daqueles dias onde tudo parece dar errado, ela se deitou na cama ao lado de seu pequeno filho e mesmo exausta, ela ficou admirando seu rostinho de anjo, seus dedinhos tão pequenos, tão frágeis. Ele tinha ume pele macia e aveludada. Suas bochechas eram levemente rosadas e quando ele sorria, formavam-se duas covinhas, uma de cada lado de seu rosto. De tão cansada que estava, ela acabou adormecendo enquanto seu marido esperava pacientemente encostado na porta do quarto que ela se levantasse, para que eles pudessem continuar um assunto que havia começado uma semana antes. Mesmo adormecida, ela podia sentir sua presença no quarto. Em determinado momento ela abriu os olhos, viu quando ele se dirigiu à poltrona que ficava ao lado da cama e se sentou. Noemi fez um esforço para falar com ele, mas o cansaço era tanto, que ela adormeceu de vez. Horas depois ela acordou com o choro do bebe que certamente estava querendo mamar. Julio seu marido continuava sentado na poltrona, mas em sono profundo.

Após dar de mamar ao bebe e vê-lo ficar novamente feliz e satisfeito, ela fez com que ele arrotasse e o colocou em seu berço para dormir. Noemi percebeu que estava com sede e foi em direção à porta do quarto para ir pelo corredor até a cozinha. Ao abrir a porta, do lado de fora dela, estava pendurado um bilhete que dizia: Eu te amo, porque você é a minha família! Ao ler aquelas palavras sua respiração quase parou. Ela seguiu pelo corredor e no aparador um pouco mais à frente, havia outro bilhete que dizia: Eu te amo porque você é minha razão de viver! Nos próximos minutos, quase uma hora contados no relógio, ela andou de um lado para o outro em sua casa, encontrando outros bilhetes de seu marido que ela segurava com todo carinho em suas mãos. Na geladeira havia um que dizia: Eu te amo porque você me faz sorrir!. No espelho do banheiro, havia um que dizia: Eu te amo porque você é linda! Em cima da pasta onde ela carregava seu material de trabalho, havia outro que dizia: Eu te amo porque você é minha professora! Em vários lugares da casa havia bilhetinhos com todos os tipos de elogios. Eu te amo porque você é engraçada! Eu te amo porque você é inteligente! Eu te amo porque com sua criatividade, você me faz sentir que se eu realmente quiser, eu posso fazer qualquer coisa! Ela não se cabia de contentamento. Estava tão feliz que seu desejo era voltar correndo para o quarto, para abraçar e beijar seu marido que ela tanto amava e quando ela o fez, ao entrar lá, ela viu que havia um outro bilhete, em cima da penteadeira e este bilhete dizia: Eu te amo, porque no dia de nosso casamento, você disse sim!

A atitude dele, do homem que ainda dormia largado naquela poltrona, tão exausto quanto ela, fez com que seu coração ganhasse uma nova vida. Ele a fez compreender que ela era a pessoa mais importante em sua vida. Que seu amor não iria mudar por causa de todo o stress que tanto os atormentava naqueles tempos. Foi uma atitude inebriante, emocionante, que fez com que aquele amor que ela achava estar se apagando, revivesse dentro dela com toda a força. Depois de noites e noites sem dormir direito, ela se sentiu de volta à alegria de viver, ao contentamento de estar ao lado de seu marido no dia a dia. Noemi, ainda com todos os bilhetes em suas mãos, ficou parada olhando seu marido dormindo na poltrona e duas lágrimas de felicidade, rolaram lentamente de seus olhos. Ela se aproximou de onde ele estava. Não havia lugar para os dois numa poltrona tão pequena, mas Noemi sentou-se num dos braços dela, passou a mão em volta do pescoço do homem que ela amava tanto, aconchegou-se, e lá ela ficou, até que ele despertou. Quando ele abriu os olhos, ia dizer alguma coisa, mas ela colocou do dedo em seus lábios, como sinal de que não era para dizer nada. Suavemente ela se inclinou e deu a ele um beijo, suave, longo e apaixonado. A magia do momento transformou tudo como que por encanto. Palavras não eram necessárias naquele momento. Eles ficaram em silêncio. Um olhando nos olhos do outro, e assim foi por um longo tempo. Daquele dia em diante, a vida dos dois mudou para melhor. Noemi e seu marido tiveram outros filhos, outros momentos de pós parto se sucederam, mas eles já não eram os mesmos, eles cresceram juntos e envelheceram juntos. Seus filhos se casaram e vieram os netos.

Para Noemi e seu marido, a correria começou de novo. Mas o amor deles nunca esteve mais forte. As lembranças, as recordações daquela época, eram para eles um grande tesouro. Desde aqueles tempos dificeis ha tanto tempo atrás, eles mudaram, aprenderam vivendo e se tornaram pessoas melhores. Foram capazes de enfrentar e superar qualquer situação que surgisse no caminho do casal e por mais difícil que ela fosse, jamais deixaram morrer dentro deles, aquele amor sublime que os uniu para todo o sempre.

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