Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50672)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->AMOR E DEVOÇÃO -- 21/04/2009 - 18:30 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ha muitos anos atrás, Juscilene Erinéia Silva, a Jú para os amigos e parentes, começou a namorar Leon Cleyson Martinez, o Léo para ela, aos 14 anos, quando ele tinha 16. Ele tinha sua própria motocicleta e seus pais eram bem de vida, até faziam parte do Elite Club de sua cidade, próxima a Recife, capital de Pernambuco. Ela gostava de sua companhia, contudo, nunca teve por ele uma grande paixão. Na verdade, após 4 anos de namoro, eles nunca dormiram juntos, Juscilene era virgem e não pretendia mudar tão cedo este aspecto de sua vida. Certa noite, quando ela tinha 18 anos, ela teve que ser deixada só em sua casa, pois seus pais, com a ajuda da Prefeitura local, tiveram que viajar para a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, para levar seu irmão mais novo para se submeter a exames rigorosos com um especialista em Câncer. Foi naquela noite que tudo começou, ela fez sexo pela primeira vez e não foi com Leon com quem ela se deitou. O homem que tirou a virgindade de Juscilene nunca teve sua identidade revelada, ele, seu parceiro daquela noite iria permanecer incógnito para sempre, pois ela jurou a si mesma que morreria com este segredo, para o bem dela e de sua família, humilde e sem recursos tanto financeiros, quanto emocionais, para suportar o baque que seria tal revelação.

Poderia ter sido qualquer um, um adulto amigo da família, um parente ou um colega de escola. O mistério permaneceu para todo o sempre. Quando seus pais retornaram da viagem, ela soube que seu irmão estava desenganado, que tinha pouco tempo de vida, pois seu Câncer já estava muito avançado e não havia mais nada a fazer. Ela pensou naquele momento que as coisas não poderiam ficar piores do que estavam, mas ficaram, logo ela soube que estava grávida e seu mundo desabou. Leon ficou sabendo de sua gravidez através de Ceiça, a melhor amiga de Juscilene e sua reação, foi completamente inesperada. Ele a procurou e disse que se casaria com ela do mesmo jeito, que assumiria um filho que não era seu, que ele o trataria como se fosse dele, porque ele a amava de todo coração.

Sem muitas alternativas, ela aceitou a proposta de Leon Cleyson e os dois se casaram em 31 de maio de 1968 e na época, ela estava já com 4 meses de gestação. Depois da cerimônia feita nos conformes, primeiro no civil, depois no religioso, com direito a festa e com a cidade inteira como convidados, ela se mudou para a casa dos pais de Leon, onde eles haviam preparado um espaço só para os dois, no piso superior do sobrado de propriedade da família Martinez. Após 9 meses de muito cuidado e carinho, nasceu Lucycleide Suelen que fez a alegria da vida de Leon Cleyson que a tratava com muito amor e carinho, chamando-a carinhosamente de meu docinho. O tempo passou e quando Lucycleide tinha 2 anos de idade, nasceu Susycleide Helen, sua irmã por parte de mãe, contudo, sua mãe já não sentia mais nada por Leon enquanto ele ainda a amava profundamente.

O sonho de Juscilene, sempre foi se tornar famosa, uma estrela de sucesso e uma vez que sua relação com Leon já não tinha bases muito sólidas, ela resolveu pedir para que ele a deixasse ir embora de casa, porque ele não se encaixava em seus sonhos e projetos de vida. Leon com seu jeito pacífico e amoroso, mesmo sofrendo muito com a rejeição, atendeu ao seu pedido e num final de semana, Juscilene Erinéia e suas filhas Lucycleide e Susycleide com apenas as roupas que tinham, se mudaram para uma casinha, do outro lado da cidade, que Leon alugou para elas, prometendo pagar o aluguel até Juscilene se aprumar na vida. Nestas alturas, Lucycleide tinha 7 e Susycleide tinha 5 e pelos próximos 3 anos, sua mãe teve um grande numero de empregos e maior ainda o numero de namorados. A vida delas se tornou uma montanha russa, cheia de altos e baixos, mais baixos do que altos e Juscilene aos 25 anos de idade já havia cruzado o país de norte a sul com suas meninas em busca da fama, mas sem sucesso e tudo que havia conseguido, foi uma coleção de péssimos relacionamentos com os muitos homens que passaram por sua vida.

Certa época, Juscilene Chamou Leon Cleyson e lhe propôs um acordo, se ele a deixasse usar uma das casas que havia na fazenda de seus pais como moradia para ela e suas filhas, até que ela conseguisse vencer na vida, ele não precisaria pagar a pensão alimentícia das meninas, e como sempre, para satisfazer a mulher que ele sempre amou, Leon concordou e elas foram morar no campo. Lucycleide tempos depois, se lembrava que a vida delas no campo foi uma das melhores fases de suas vidas e sentia saudades do tempo que elas faziam até sua própria manteiga e plantavam muitas hortaliças para comer. Lucycleide já estava com 18 e sua irmã com 16 e nesta época, Susycleide começou a mostrar sua capacidade musical e começou a cantar e sua mãe, ficou maravilhada com o dom da filha mais nova, direcionando suas atenções todas para ela e como sempre, relegando a filha mais velha a segundo plano, pois sua intenção, era aprimorar as aptidões da caçula como cantora e montar uma dupla de musica sertaneja. Susycleide era uma adolescente rebelde e sua mãe tinha que ficar muito tempo ao lado dela, dando lhe atenção 24 horas por dia, treinando-a e ensinando tudo o que sabia, tornando cada ensaio, uma aula de musica e representação.

Logo estava formada a dupla sertaneja As irmãs Silva e não demorou muito, tamanho o sucesso que fizeram, ninguém mais segurava a dupla, que era a cada dia mais requisitada para cantar nos rodeios e festas de peão de boiadeiro por todo o país. Lucycleide nestas alturas, como não tinha tino musical, não tinha utilidade prática para sua mãe e irmã, assim ela foi enviada para a casa de Leon, seu pai de criação, onde ficava por meses sem ver a mãe e a irmã e aquilo doía fundo em seu coração, pois apesar de ter sempre se sentido rejeitada pela mãe, ela a amava muito e sentia falta de sua presença em sua vida, assim como de sua meia irmã que nunca teve muita afinidade com ela e sempre fez questão de se manter longe, a maior distancia possível.

Sua mãe e sua irmã quando estavam juntas, era difícil dizer quem era a mãe, quem era a filha, como mostram algumas fotos da época em que a dupla era a coqueluche da musica caipira no Brasil. Anos se passaram e a saudade apertava no coração de Lucycleide, ela chorava às escondidas, mas levava a vida estudando, hora aqui, hora ali, pois seu padrasto era vendedor ambulante e ela morou na casa de muitos parentes dele enquanto ele viajava. Era difícil conciliar e aprender, pois em 1 ano, ela chegou a freqüentar 4 escolas diferentes, mas com sua determinação, ela sempre foi uma das primeiras alunas da classe em qualquer escola que estudasse. Num belo dia, ela recebeu uma carta de sua mãe dizendo que ela poderia acompanha-las em suas turnês no período de férias escolares e ela vibrou com a idéia, pois iria poder abraçar e beijar sua mãe e sua irmã, que ela tanto amava na vida, mesmo sem sentir em algum momento da vida, que era correspondida por elas. A dupla, Irmãs Silva, já tinha até um ônibus próprio, o que chamavam de jardineira na época, que foi transformada em casa ambulante e foi nele, que Lucycleide passou a morar com sua família nas férias escolares.

Ela estava mais feliz do que nunca com o que estava acontecendo, era tudo que ela sempre quis depois que se separou de sua mãe e de sua irmã, mas o que ela não sabia, era que sua própria família a estava usando apenas como faxineira, lavadeira, passadeira e cozinheira em suas viagens e enquanto elas ganhavam rios de dinheiro por semana nos shows, pagavam a Lucycleide uns míseros centavos e ainda achava que estavam pagando demais. Qualquer outra filha teria sentido-se humilhada, mas Lucycleide não, ela não. Tudo que ela queria era poder ser incluída e aceita, para todo o sempre, como membro da família. Mas como muitas coisas na vida não tem explicação, apesar de tanta rejeição, patéticamente, ela era a maior fã da dupla e vibrava assistindo suas apresentações, dizendo a todos com orgulho e um sorriso largo no rosto, que a dupla Irmãs Silva, eram sua mãe e sua irmã.

A dupla tinha que rodar o país para dar conta de cumprir todos os contratos e mais uma vez Lucycleide foi enviada para ficar com seu pai e seu avô na fazenda e assim, a separação foi inevitável e o sofrimento dela pela distancia e pela saudade, voltou a machucar seu coração. Apesar de tudo, ela se formou na escola, sempre muito atenta, inteligente e dedicada, prestou vestibular e entrou para a faculdade, queria fazer Letras, porque sua paixão era os livros, ela respirava literatura, sua grande paixão. Depois de ficar sem ver de perto sua família por 5 anos, um dia ela resolveu ir encontra-las e fazer uma surpresa, no meio de uma das viagens da dupla, mas para seu desencanto, quando elas a viram se aproximar fizeram como se não a conhecessem, a ignoraram e virando-se de costas para ela, seguiram em outra direção. Lucycleide ficou muito magoada, seu coração doía como se houvesse sido apunhalado, mas queria pensar que elas tinham um motivo justo para terem agido daquela forma e quando pudesse, perguntaria a elas o que realmente aconteceu. O que aconteceu depois, simplesmente não aconteceu, pois sua mãe e sua irmã não voltaram aquele dia, apenas mandaram um recado a ela, dizendo que tiveram que viajar às pressas para fazer um grande show.

Triste e chorosa, com um peso enorme em seu peito, algo que tirava até mesmo sua respiração, ela voltou para a casa de seu pai de criação, que aliás, sempre foi mesmo um pai para ela, não um padrasto como dizem por ai, pois ele sempre foi o único que deu a ela atenção, carinho e por isto para Lucycleide, Leon Cleyson era o melhor homem do mundo e não poderia ser avaliado, tamanho o seu valor. No último ano da faculdade, sem ver a família ha muito tempo, ela recebeu um telegrama dizendo que sua mãe estava doente, com um mal incurável e se ela não se apressasse talvez não a visse ainda com vida, pois ela estava internada em um Hospital em Manaus, no Amazonas. O amor de filha e de irmã, nunca deixou o coração dela, por piores que fossem as rejeições e humilhações sofridas por ela e causadas pela sua própria família. Susycleide nestas alturas já pensava em carreira solo como cantora e não dava a atenção e cuidados que sua mãe tanto necessitavam e Lucycleide largou tudo, no ultimo ano da Faculdade e foi cuidar de sua mãe Juscilene Erinéia, como mandou seu coração.

Sua irmã não deu sorte na carreira solo de artista e acabou por ir trabalhar numa fábrica de peças para máquinas de costura, pois o dinheiro que receberam todos os anos de sucesso, do jeito que veio, ele foi, escorrendo-se entre os dedos das duas, como o fazem as areias do sertão. Aquela que lhe deu a luz, mas nem sempre se comportou como tal, não demorou muito veio a falecer e Lucycleide, que já havia perdido o ano da faculdade para cuidar dela, mesmo sofrendo pela perda, pode dormir tranqüila, em paz com sua consciência, por saber que cumpriu sua missão de filha, até o último sopro de vida de sua mãe que sempre a rejeitou. No inicio do ano seguinte, Lucycleide que era muito bonita e sensual, dona de uma beleza nordestina bem brasileira, inscreveu-se num concurso de modelos em São Paulo e acabou por ganhar o primeiro lugar, escolhida por unanimidade pelos jurados. Da noite para o dia, Lucycleide, que veio do nordeste brasileiro, tornou-se uma modelo famosa em todo mundo, foi convidada para participar de vários filmes ao lado de celebridades de Hollywood e seu destino de estrela, como estava escrito, em algum lugar nas páginas do livro da vida, não poderia ter sido melhor.

Apesar de ter tentado inúmeras vezes, ela nunca mais viu sua irmã pois tempos depois ela soube que tinha ido trabalhar no Japão para tentar ganhar a vida e vez ou outra, elas se falavam por telefone ou internet, mas sempre garantia à sua irmã, que seu amor por ela seria eterno, como o foi por sua mãe. A certa altura, já famosa no mundo inteiro, Lucycleide Suelen, conhecida internacionalmente como a modelo brasileira Lucy Martinez, contra a vontade de seu agente, ela resolveu que por devoção à sua família e à sua mãe, que iria deixar de usar o sobrenome Martinez, dado a ela por Leon Cleyson seu pai de criação, o que ele fez de todo coração e passaria a usar o sobrenome Silva, o nome de família usado e amado por sua mãe e sua irmã. No primeiro dia de desfile após a sua mudança de seu nome artístico para Lucy Silva, ela foi recebida pela platéia aplaudindo de pé e muitos homens e mulheres, não conseguiam conter as lágrimas que deixavam rolar livremente de seus olhos, enquanto a admiravam desfilar.

Ao término do desfile, ela foi cumprimentada por centenas de pessoas que queriam poder abraça-la e estar ao seu lado, nem que fosse por poucos minutos e ela nunca pensou que um dia iria fazer tanto sucesso assim, mas o que Lucycleide não sabia, é que sua irmã numa entrevista coletiva à imprensa, disse aos jornais tudo aquilo que sempre quis dizer a ela, mas por orgulho, preconceito, complexo de superioridade ou uma mistura deles e de outros sentimentos, nunca teve coragem de dizer. O mundo soube através da entrevista de Susycleide, a irmã biológica de Lucycleide, que tipo de ser humano era a modelo Lucy Silva, que além de ser uma linda mulher, era a filha, a irmã, o ser humano lindo, por dentro e por fora, uma pessoa muito especial chamada Lucycleide Suelen Martinez, vinda do nordeste do brasileiro, de origem pobre e humilde, que nunca conheceu seu pai verdadeiro, que nunca foi aceita totalmente por sua mãe pela forma como ela foi concebida, tendo sido rejeitada e humilhada pela mãe e irmã, mas que jamais, em nenhuma circunstancia, deixou de amar sua família, mas não era um amor comum como o que conhecemos entre pais e filhos, ou entre irmãos e irmãs, o amor que existia dentro dela, era um sentimento era muito mais forte, este amor especial, o que Lucycleide carregava em seu peito pela família, era a mais pura, a mais absoluta, a mais completa, a mais intensa, combinação, de amor e devoção...

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui