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Contos-->PERGUNTAS E RESPOSTAS -- 21/04/2009 - 18:40 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Durante o primeiro ano do antigo Colegial, Dna Nair, sua professora de português, passou aos seus alunos uma longa lista de frases reflexivas, para que cada um escolhesse o assunto sobre o qual gostaria de escrever.

Mariana tinha só quinze anos, mas de vez em quando ficava imaginando o por que das coisas serem como elas são e então, ela escolheu a frase:

“Por que as coisas são, da maneira que elas são.”

Todos os alunos deveriam escrever sobre o tema escolhido, seria sua lição de casa e aquela noite, ela escreveu em forma de estória, todas as perguntas que para ela, ainda estavam sem resposta.

Ela sabia que muitas delas dificilmente respondidas de forma plausível, outras seriam respondidas com clareza, outras com certa dificuldade, mas outras, ficariam literalmente sem resposta.

Quando Mariana terminou de escrever seu trabalho de casa, ela estava com medo de não o ter feito de acordo com o que Dna Nair havia solicitado, porque pelo tema que ela havia escolhido, ela deveria ter respostas em seu texto, mas tudo que ela tinha, eram muitas perguntas.

No dia seguinte, ao entrarem em classe, a primeira coisa que a professora fez foi recolher todos os trabalhos, pois ela os levaria para casa para corrigir e os traria no dia seguinte, para entrega-los aos alunos.

Na aula do próximo dia, para espanto de Mariana, Dna Nair a chamou para ler seu texto, para que todos pudessem ouvir.

Ela entregou o trabalho de Mariana em suas mãos, deixou-a em frente à classe e foi sentar-se no fundo da sala, junto com um dos alunos e de lá ordenou que ela começasse a ler.

Todo mundo ficou em silencio absoluto e ela começou a leitura de sua estória, cujo título que era "Por que?"...

Tendo a classe toda com sua atenção voltada para ela, Mariana acanhada começou a ler.

Quando somos pequenos, bombardeamos as cabeças de nossos pais como uma infindável lista de “por quês” e não só as deles, mas de nossos parentes, amigos e professores e eu me lembro que quando eu era bem pequenininha, ao ver uma vaso cheio de Rosas sobre a mesa, fiz uma das primeiras pergutas à minha mãe.

Mãe, por que as Rosas são vermelhas?

Depois desta pergunta, muitas outras se viriam...

Pai, por que uma aranha tem uma teia e não uma casa?

Mãe, por que eu não posso brincar com sua caixa de costuras?

Pai, porque a grama é verde e o céu é azul?

No primeiro dia de aula, na minha primeira escola, eu perguntei à professora, por que eu tinha que aprender ler?

O tempo foi passando e foi ficando cada vez mais dificil de se obter respostas que me convencessem e mais e mais eu procurava respostas para tudo que me rodeava.

Mãe, porque eu não posso usar batom para ir à escola?

Um pouco adiante, me lembro de ter perguntado ao meu pai:

Pai, por que eu não posso ficar fora de casa depois das 22 horas, se todas as minhas amigas podem?

Mais tarde, nervosa, fiz outra pergunta à minha mãe:

Mãe, por que você me odeia tanto?

Você me proíbe de fazer tudo aquilo que eu quero!

O tempo foi passando, eu fui crescendo e as perguntas foram se sucedendo como tinha que ser...

Pai, por que será que os meninos não gostam de mim?

Porque eu tenho que ser tão magrinha e ainda por cima, usar óculos?

Por que é que eu tenho que fazer 16 anos?

Mãe, por que eu tenho que me formar na escola?

Pai, por que eu tenho que crescer?

Mãe, por que eu tenho que partir?

Longe de casa, estudando em outra cidade, vivendo em uma republica, escrevia à minha mãe perguntando...

Mãe, por que você não escreve ou liga com mais freqüência?

Por que eu sinto tantas saudades, dos meus amigos que ficaram?

Pai, por que você não vem me ver mais vezes?

Por que será que eu te amo tanto assim?

Sua menininha esta crescendo rápido pai, não se perca de mim!

Mãe, por que será que eu tenho tanta dificuldade em fazer novos amigos por aqui, eu não entendo mãe, por que algumas pessoas gostam do azul, outras do rosa enquanto muitos, preferem juntas, todas as cores do arco iris?

Pai, por que eu sinto tantas saudades de nossa casa?

Pai, por que será que quando aquele garoto novo me olha nos olhos, meu coração bate mais rápido e por que será que minhas pernas começam a tremer quando ouço sua voz?

Mãe, por que estar apaixonada parece ser o melhor sentimento deste mundo?

Pai, por que você não gosta da idéia de ser chamado de vovô?

Mãe, por que os pequenos e frágeis dedinhos do meu bebe seguram os meus com firmeza?

Pai, porque meu filho tem que crescer tão depressa?

Mãe, por que um dia ele tem que partir?

Pai, por que chegou minha vez de ser chamada de avó?

Mamãe e papai, por que vocês tiveram que me deixar?

Eu ainda preciso tanto de vocês!

A vida seguiu seu caminho e as perguntas continuaram a ocupar um espaço enorme em meu coração, mas era tempo de faze-las ao vento, que só resmunga e não responde a ninguem...

Por que a juventude escorreu tão rápido por entre meus dedos?

Por que minha pele, que antes tinha o frescor e maciez da pele de um pêssego, agora mais se parece com uma folha desidratada e seca ao sol?

Por que agora, meu rosto mesmo cansado e enrugado, ainda oferece sempre, em qualquer circunstancia, um sorriso bondoso e carinhoso, tanto para os amigos, quanto para os estranhos?

Por que depois de tantos anos, tiveram meus cabelos, que ficar grisalhos e brilhar como prata?

Por que de repente eles ficaram totalmente brancos, quanto flocos de algodão?

Por que será que quando me inclino para colher uma flor, minhas costas doem e minhas mãos tremem ao tentar alcança-la?

Por que depois ter haver feito perguntas por toda a vida, após ter recebido respostas a algumas e a outras não, eis que é chegada a hora de fazer a pergunta final?

Por que será Deus, que só agora, deitada nesta cama, sem forças para me levantar, olhando o vaso de Rosas na mesinha ao lado de minha cabeceira, eu me lembro de voce e pergunto meu pai, por que as Rosas são vermelhas?

Terminada a leitura, com a classe inteira ainda em silêncio, Mariana fechou seu trabalho, ainda com medo de não haver escrito aquilo que sua professora havia sugerido, ao levantar seus olhos, encontrando com os olhos de Dna Nair, que ainda estava sentada na ultima carteira ao lado de outro aluno, ela pode ver uma lágrima solitária rolar lentamente pela face comovida de sua professora.

Foi então, que Mariana percebeu, que a vida nem sempre é baseada nas respostas que recebemos às nossas perguntas, mas também, nas perguntas que fazemos durante ela e principalmente a quem as fazemos...

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