Ruídos e fluídos
Ruído das máquinas, dos motores.
Odor do óleo a queimar para a máquina
Trabalhar.
Hora Bendita a chegar
Era preciso festejar o novo ar.
Os sentidos festejavam, se embriagavam.
A modernidade espalhava outra verdade.
Os poetas exacerbados compunham poemas
Que soavam brados.
E festejavam as alterações, sabiam-nas
Aberrações também, mas era tão bom ,
Fazia-lhes tão bem.
Sentar-se á mesa a escrever o que viam e o que
Queriam ver.
Deixar para trás a antiguidade.
Deixavam-se ir nas asas do porvir,
Mesmo já sabendo, antevendo um mundo
Poluído, devastado.
E brindavam ao ruído a machucar o ouvido.
Ao ar poluído. Ao buraco negro que se iria
formar diante de tanta poluição a jorrar.
E continuavam a brindar ao homem que depôs
o terno escuro, sombrio, deixou as cores do estio.
vestiu-se com cores de outra hora.
Abraçou novos sabores, e amores.
E continuou a estourar garrafas de champanhe
Para comemorar a era da velocidade, a vida na cidade.
Eram poetas, escritores, doutores de todas as áreas
do saber a comemorar, a brindar ao meio ambiente
e a tudo mais que iriam degradar.
Os “ ismos “ se sucediam até chegar ao Concretismo
Quando o homem queria ser o ruído que andava a fazer.
A humanidade, não tardaria, deixaria para trás esta euforia.
Chega o Contemporâneo, um toque de recolher.
Hora de pensar o que o homem andou a fazer
Enquanto trocava o ser pelo ter.
Lita Moniz
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