Em meio ao sonho, o silêncio
aos poucos se fechou
e o pálido tempo correu indiferente
na (contra)mão do amor;
o verão, varreu o frio da casa deserta
o perfume agreste do jardim
vestiu a sala com a mesa posta,
os lençóis bordados de quimeras,
em tantos anos de espera
meus olhos ficaram cegos, meu amor;
de inverno em inverno,
esqueceste o lilás das uvas
cintilando na colônia;
as palmeiras sombreando
os nomes secretos
num extinto abril;
se voltares, não retomarás
os beijos perdidos entre luz e cinzas;
não desvendarás as palavras
gravadas na carne;
o êxtase oculto atrás dos olhos;
são tantas chaves – eis a questão;
a lua escureceu os nossos rostos,
o pó cobriu os nossos passos,
não precisamos nos dizer adeus.
|