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Contos-->Furdunço funesto -- 08/07/2009 - 12:03 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na noite daquela sexta-feira 11 de maio, exatamente às 19h21min, Van Grogue entrou de repente no boteco do Maçarico e, em voz alta para que todos os demais bebedores ouvissem, falou:
- Tirei o pé da senzala. Vou trabalhar na cozinha da casa grande. - o silêncio que sucedeu a essas palavras só pôde ser comparado ao semelhante, posterior à notícia da morte do Michael Jackson.
Edgar D. Nal que estava com o rosto redondo e vermelho de tanta samambaia, tentando afastar a mosca, que zumbia sobre seu cocoruto, respondeu à bricadeira:
- Mas olha... Vejam o cabelão do cara. Olha...
Maçarico mantendo um guardanapo sobre o ombro esquerdo, ao ver o ilustre cidadão tupinambiquence entrar espevitado, abaixou o som do rádio, que transmitia as notícias do indiciamento de um prefeito, limpou o balcão e, sacou da prateleira uma garrafa da poderosa 51. No copo americano ele despejou o suficiente para ocupar a metade do receptáculo.
Então Van de Oliveira Grogue falou:
- Vocês acham mesmo que está fácil assim conseguir ocupação, nos dias de hoje? Tem muita gente desempregada, poucas oportunidades oferecidas e, é um Deus nos acuda terrível. – Van tomou a caninha, sorveu um trago e sentou-se a uma das mesas.
Edgar D. Nal provocou:
- E ai, não vai cortar esse cabelo? Parece um ninho de gavião.
- Você falou em cabelo e eu me lembrei. Pois veja que um barbeiro enlouquecido, conhecido como Carnalho, há alguns anos, pensou que um guarda municipal estava mesmo cantando a mulher dele. E daí, com essa noção delirante, ele foi até um terreiro e numa sessão, mandou matar o cara. – depois de beber toda a pinga Grogue pediu a cerveja. Então continuou:
- Passados alguns dias apareceu um tal de Mineirim e se propôs a fazer o serviço pro Carnalho, o que achava ser galhudo. Bom, o matador pediu um revólver, e metade do preço combinado. E recebeu tudo isso.
Nesse instante Grogue encheu o copo de D. Nal com cerveja, para o gáudio do sedento. Mas antes mesmo do Van prosseguir a narrativa, a atenção dos ocupantes do bar foi atraída pelo estardalhaço que fazia a queda de uma senhora balofa, na calçada defronte ao boteco.
- Misericórdia! Mas que tombo! – exclamou o Maçarico botando as mãos na cabeça.
- Machucou dona? – perguntou D. Nal levantando-se. Grogue, por sua vez falou tenso, enquanto corria em direção à mulher:
- Deixa que eu ajudo! – porém antes que qualquer um deles chegasse perto, a mulher pusera-se de pé dizendo:
- Caio, caio, mas me levanto. Olha, nem meu penteado se desfez. Não é mesmo supimpa? Foi só um arranhão no joelho. – falando isso a senhora se afastou. Os bebedores olharam-se e voltaram para o interior do bar.
- Mas e daí, como terminou essa história? – perguntou Edgar D. Nal, coçando o pé rachado.
- Bom, foi o maior banzé-de-cuia havido em Tupinambicas das Linhas, naquele tempo. Desconectaram mesmo o suposto pegador. Pra encerrar o papo, esse tal de Carnalho foi preso, gastou uma fortuna com advogados, mas condenado, teve que cumprir a pena fora da cidade.
- Mas espera um pouco ai. – interrompeu o Maçarico. – Por que esse Carnalho achava que o guarda estava... Digamos se engraçando com a mulher dele.
- Porque quando o cara vinha cortar o cabelo na barbearia do Carnalho, este sempre encontrava um fio de cabelo no paletó do sujeito. O barbeiro “nóia” achava que era cabelo da mulher dele. – arrematou Van Grogue.
- Mas pode uma coisa dessas? – perguntou curioso o D. Nal. – O cara viajava na tintura, no Trim?
- Pois é mano. Cada maluco com a sua doideira. – respondeu Grogue pagando a conta e deixando o ambiente.
Ao abrir a porta do seu fuscão preto Grogue pôde ver um casal que se beijava na entrada de uma casa, defronte ao estabelecimento do Maçarico. Ele pensou:
“A mulher é linda, mas aquele camarada, muito mais novo do que ela, não parece tão entusiasmado com o afeto que ela lhe demonstra. Mas enfim, cada um na sua”. - e depois ao introduzir a chave na porta disse em voz audível:
- E esse dente, tinha que começar a doer agora?



Fernando Zocca.

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