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Contos-->O telescópio -- 10/07/2009 - 22:45 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Antonieta, naquela manhã fria de domingo, sentindo-se bastante deprimida por permanecer longo tempo encerrada no seu apartamento, resolveu passear. Mas como não gostava de fazer isso sozinha, ligou antes para Rosalina a fim de saber se ela também não gostaria de ver algumas vitrines no shopping.

Rosalina que vinha fazendo uma espécie de dieta para a redução do peso, achou que um passeio cansativo seria benéfico para o emagrecimento.

Combinaram então que seguiriam cada uma no seu carro próprio, ao badalado ponto de compras e diversão da cidade.

Ao chegarem, quase ao mesmo tempo, as amigas se encontraram no estacionamento e depois dos cumprimentos esfuziantes ingressaram no shopping conversando.

Caminharam devagar, entraram nas lojas, viram roupas, tênis, brinquedos e saíram depois em direção à lanchonete.

Cansadas sentaram-se e, ao serem atendidas pediram água mineral com gás, suco de laranja, pães de queijo e café.

Enquanto degustavam lentamente o alimento, puseram-se a conversar distraídas.

Então Rosalina pediu à amiga que lhe contasse tudo sobre aquele assunto que principiara a falar, na noite de sexta-feira, mas não pôde concluir.

Antonieta depois de mastigar devagar um pedaço de pão de queijo, ingeriu um gole de laranjada, pigarreou e começou:

- Nossa que agonia! Eu tinha acabado de acordar com aquela gritaria toda no apartamento ao lado. O cara berrava muito e a mulher que estava com ele também. Logo ouvi uma porta que se fechou numa batida bem forte. Escutei passos, parece que eles corriam pelo apartamento. Portas bateram-se de novo. Houve um silêncio. Tudo ficou muito quieto. De repente pude ouvir alguém que fugia ligeiro, pareceu-me que a mulher perseguia o cara chamando-lhe o nome. E de repente: bang! Pude sentir o impacto do corpo caindo no assoalho. O grito de mulher, que se seguiu foi tenebroso.

- E daí? Conta mais, conta. – implorava a interessadíssima Rosalina, com o rosto e o pescoço tensos.

- Bom, eu me levantei da cama, olhei o relógio, eram quase nove horas. A porta do elevador abriu fazendo estardalhaço e saíram duas pessoas. Tocaram a campainha e logo a porta foi aberta. Se não me engano era um pastor evangélico e mais alguém que chegava. Eu vesti meu roupão e, devagarinho, botei a cara pra fora olhando o hall.

- E o que tinha acontecido? – Rosalina mostrava-se curiosa, não continha a emoção.
- O camarada estava louco. Tinha tomado umas e outras, misturou “terebintina” com hipnótico, surtou e matou-se na frente da noiva. Deu um tiro no queixo, no gogó, sabe? De baixo pra cima? Eles se casariam em trinta dias.

- Nossa! Que drama! – Rosalina estava pálida, tensa, e gélida.

- Isso tudo dá muito medo. Falaram... Sabe as comadres? Dessas antigas que fuxicam pelos corredores? Elas falavam que o sujeito era importador de carros da Alemanha, e que fazia filmes comeciais. - Antonieta olhava a amiga por cima dos óculos escuros.

- Ele não tinha uma funilaria, uma oficina de lantenagem? Eu ouvi dizer que ele era esperto nisso. Arriscou Rosalina.

- Não, não tinha isso não. E não era contador também, como afirmaram alguns malvados. O problema era a misturança de remédios que ele fazia. Eram três ou quatro comprimidos diários de remédios diferentes, mais a engasga gato. – Antonieta era daquelas que gostava de tudo muito bem explicadinho.

- Meu Deus do céu, que coisa horrível. E como terminou isso tudo? – Rosalina juntou as mãos apertando-as e as sentindo ainda frias.

- Bom, dizem que a moça dormiu uns cinco dias empanturrada de tanta medicação. Quando acordou queria saber se já estava na hora do casório. Ela ficou lelézinha por um bom tempo.

As amigas continuaram a conversar até o momento em que, pedindo a conta, resolveram partir.

Ao caminharem em direção à saída passaram defronte a uma loja de produtos óticos. A vitrine exibia binóculos e telescópios com preços promocionais. Antonieta tocando o braço esquerdo da amiga indicou a ela uma luneta bem visível atrás da vidraça dizendo-lhe:

- Veja como é grande. Você não gostaria de ter uma assim? – provocou Antonieta.

- Não sei. Quem sabe? Parece que conseguimos enxergar mais longe com isso, não é verdade? – sorriu Rosalina.

- É, com um telescópio daqueles você pode ver as estrelas mais de perto. – garantiu Antonieta.

- Seria tão bom poder ver e ouvir as estrelas bem de pertinho, não é verdade amiga?

Paradas no estacionamento, diante dos seus carros as amigas despediram-se cada uma tomando o seu rumo.

Rosalina já confortável à direção, e no fluxo do trânsito, ligou o rádio. Julio Iglesias cantava Emociones.




Fernando Zocca.
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