A tarde amarela corre lá fora,
parece.
Não aqui dentro.
Há como um vácuo, aqui,
no deslizar lento dos minutos,
marcado
pelo tic-tac seco
e antigo
do relógio da parede.
Leio um livro
de páginas amarelas
como a tarde,
com a avidez
de quem devora o pão
depois de dias e dias frios
de fome e solidão.
Eu e o livro amarelo,
vácuo branco
e puro
no meio da tarde
que, parece, corre amarelenta lá fora.
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