Teus olhos são duas lagoas
muito profundas e ricas.
Às suas margens me instalo
com caniço, anzol e linha.
Quero tentar resgatar
uma coisa que perdi
nestas águas cristalinas:
a pobre da alma minha.
Uso uma linha de sonhos
e um anzolzinho de ouro.
A isca fiz com papoulas,
com lírios e andorinhas.
E voa uma borboleta,
E assobia um passarinho.
E alguma coisa fisguei...
Minha alma, pobrezinha!
Como se fosse milagre
brilha ao sol da primavera
como um jasmineiro em flor,
no jardim, de manhãzinha.
É o branco de teus dentes,
em teu sorriso constante
que refletiu-se em minha alma
e fez brancas suas florinhas.
E o orvalho dourado
que cobre as folhas e flores
é o doce mel dos teus olhos:
lagoas que sei, não são minhas.
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