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Cronicas-->Xerife ( Vidas Despercebidas XVIII) -- 21/03/2006 - 18:22 (Pacha Urbano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Apesar do seu tamanho agigantado e da permanente expressão de poucos amigos, conseguia ser muito bem relacionado.
Adorava brincar com as crianças que passavam e quando de tarde aconteciam as peladas no campinho, vibrava, pulava e urrava junto aos meninos, indiferente ao time que estava ganhando ou não.
Amava crianças!
Havia acompanhado o crescimento de muitas delas.
Viu quando chegaram da maternidade, viu os primeiros passos, viu irem para a escola pela primeirava vez, até os dias de hoje.
Já vivia ali naquela rua havia muito tempo, mais do que a vizinhança soubesse precisar.
Negro, corpulento, de caminhar pesado, quase cansado, pois embora não parecesse tanto, já sentia em muito o peso da idade.
Alguns o tratavam por vagabundo, outros acreditavam que era de origem importante, talvez por sua imponência, seus dentes muito brancos, mas vivia ali como um vigia, ou seja lá o que fosse.
Se algum estranho passasse por aquela rua, acompanhava-o de uma distància reservada o suficiente para não ser percebido, até sair dos limites que considerava seguros para seus vizinhos.
Comportamento estranho, mas, é o que se espera dos idosos.
Sentia-se, de alguma forma, importante para aquela comunidade, pois que se dava com todos, salve raríssimas excessões em que se desentendeu com alguns, mas que já passaram.
Era companheiro demais, amigo mesmo.
Sempre que via um bêbado caído na sarjeta ele ia lá, consolá-lo, tentando, à sua maneira simplória de ver a vida, levantar os ànimos, a estima; "alguém se importa com você, amigo!".
Todos o tinham como da família, e talvez por viver na rua, sem um teto, era sustentado pela compaixão e caridade alheias.
Alimento, higiene, e até agasalho no inverno - talvez por isso alguns o tratavam por vagabundo acomodado.
Mas não era não, era um tipo simples, de poucas aspirações, de pouco ou nenhum sonho.
E por isso mesmo, no dia de sua morte, tantas pessoas se comoveram, por saberem que uma criatura tão pura de coração estava partindo.
Sua morte chocou muito a criançada, e houve até quem dissesse que muitas não dormiram naquela noite.
Se foi deste mundo de maneira estúpida.
Atropelado, na esquina da padaria, como um cão qualquer morreria.

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Publicado originalmente em http://www.transeuntes.blogspot.com .
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