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Cronicas-->A desligada -- 31/03/2006 - 19:37 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A desligada

Januária era uma menina espevitada, como diziam seus pais. Na verdade ela era bem desligada de tudo o que girava em sua volta. Era sapeca como um rapaz.
Certa vez foi na casa de sua avó, como fazia todas as tardes brincar com seu primo Márcio. Rodava pião, jogava bolinha de gude, jogava futebol e fazia todo o tipo de estrepolia possível.
Numa tarde de inverno, vento frio, Januária e Márcio resolveram fazer uma fogueira. Pegaram galhos de árvores, jornais, lata de margarina vazia e uma garrafa de álcool, e atearam fogo. Um detalhe, o chão onde esse circo foi armado era o piso da edícula (puxado) de sua avó. Depois que o fogo conseguiu pegar, os dois foram brincar de bafo com suas figurinhas de futebol. Esqueceram totalmente da fogueira, só se lembraram quando sentiram o cheiro de queimado. Correram e foram apagar o fogo com o resto que sobrou da garrafa, álcool. Ficou de castigo por uma semana.
Januária tinha um pai, influente político da região que lhe arrumou um emprego na capital. Trabalhava num órgão do governo da área de agricultura. Fazia trabalhos de secretária, apesar de bater à máquina somente com dois dedos. Seu chefe, seu Arantes um dia lhe perguntou:
- Januária, não tirastes o primeiro lugar no concurso?
Ela bem tolinha respondia:
- Não seu Arantes, a máquina trancou e eu nem bati o meu nome.
Certo dia seu Arantes, enquanto arruma sua peruca, lhe entregou um processo de umas 100 folhas para que ela conferisse as propostas de fornecimento de adubo para os agricultores do estado. Cinco minutos depois Januária lhe fala:
- Chefe aconteceu um acidente, derramei o cafezinho no processo.
O homem dá um berro e ela assustada corre para o banheiro com o processo na mão, liga a torneira para lavar o mesmo. Quanto mais lavava, mais rasgava as folhas. Até hoje não se sabe quem foi o ganhador daquela concorrência.Sabe-se, porém que seu Arantes viciou-se em leite, pois dizia que trabalhando com aquela moça, sua úlcera poderia se transformar em càncer.
Quando ela recebeu seu primeiro salário, ficou toda feliz, abriu uma conta e dois dias depois tirou todo o valor que tinha na sua conta. Um detalhe, com o talão de cheques que recebeu do banco começou a passar cheque para comprar as novidades que via nas lojas. Maurílio, caixa do banco liga para a Januária, e ela vai conversar com o simpático caixa.
- Januária querida, onde está o dinheiro de seu salário?
- Está no meu apartamento. Porquê?
- Você continua passando cheques? Como é que sem fundos o banco vai pagar?
- Ele na paga? Pergunta a ingênua jovem.
Hoje ela está com mais de trinta anos e quando encontra Maurílio seu rosto enrubesce, pois o cara sempre pergunta:
- Januária, já sabes trabalhar com cheque?
Tenho mais uma dezena de causos para contar com essa personagem, mas vou contar o derradeiro, pois acho o máximo.
O restaurante da empresa onde ela trabalha oferece o almoço na bandeja. Ela pegou a bandeja, serviu-se de arroz, feijão e quando o nutricionista foi lhe servir a carne, perguntou:
- A senhorita não quer um prato para servir a carne?
Foi aí que ela percebeu, tinha posto o arroz e o feijão direto na bandeja.


Aroldo Arão de Medeiros
1999
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