Usina de Letras
Usina de Letras
115 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62145 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13566)

Frases (50551)

Humor (20021)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140784)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6175)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A Deus, amigo -- 31/03/2006 - 21:45 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Deus, amigo

- Tchau meu amigo. Te encontro lá em cima, logo, logo.
O homem chorava copiosamente, ajoelhado sobre a catacumba de Agnel.
Agnel fora um homem muito bom. Conheci-o através de minha noiva que era sua sobrinha.
Era um homem alegre, contador de causos, um pobre bom vivant. Fora motorista de ónibus quando jovem. Gostava de meter umas canjebrinas a mais para dentro de seu fígado estropiado. Com sua lábia incomum ia namorando uma moça bonita atrás da outra até que um dia Benilde, jovem e bela mulher fê-lo se tornar um homem sério.
Benilde era dez anos mais nova que ele, muito bonita, enchia-o de prazer desfilar com a ragaza na praça. Casou-se, largou o ónibus e abriu uma bodega. A bodega cresceu e virou armazém. Agnel teve 5 filhos, 2 homens e 3 mulheres, todos lindos. Não esqueceu suas orgias, apenas diminuiu na parte que toca às mulheres, mas não à "maldita".
Começou a frequentar outros botecos, a fazer amizade com homens comuns, como aquele que chorava sobre seu corpo.
Faleceu novo, com quarenta e dois anos, bem vividos. No dia de seu enterro, sua família e amigos estavam trajando roupas de luto. Roupas escuras de boa qualidade e todos bem alinhados. Cabelos tratados, rostos com pele tratada, não pelo tempo, mas por produtos de beleza.
Todos se assustaram ao ver aquele homem, entre eles. Roupas rotas, surradas pelo tempo, cabelo em desalinho e um olhar distante. Um molambo que carregava dentro de si um amor imensurável pelo seu amigo de festas.
O homem aos prantos, dizia:
- E agora Agnel o que será minha vida sem a tua companhia? Sem os teus causos para que eu ouça embevecido. Agnel, meu irmão, quando eu beber, vou derramar do copo duas vezes a pinga, uma para o "santo" e outro para ti. Sei que lá do céu sorverás a pinga e a minha lágrima. Tua família não conhecia o teu outro lado, o do amigo, aquele que não media esforços para ajudar um amigo com dinheiro e principalmente com palavras.
Depois como num piscar de olhos o homem desapareceu no meio de nós.
Quem seria aquele homem?
Ficaram todos boquiabertos e depois daquele dia se tornaram mais humanos e afáveis uns com os outros.

Aroldo Arão de Medeiros
08/10/1999
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 16Exibido 373 vezesFale com o autor