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Contos-->Pedido de Casamento -- 02/09/2009 - 16:07 (Ilário Iéteka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Numa pequena vila, rodeada de sítios e fazendas, não havia muita diversão. As moças e rapazes se reuniam após a missa de domingo para paquerar, enquanto seus pais, dirigiam-se para a bodega do Chicão e contavam suas proezas.

Durante as histórias eram observados muitas características, haviam mentirosos, valentes, galanteadores, os temidos, conto de pescarias e outros. A bebida corria solta. Dificilmente surgia um desentendimento entre eles, respeitavam-se mutuamente. No ambiente acolhedor se faziam novas e grandes amizades. Entre piadas e mentiras, a sensação é que o dia se passava num estalo de dedo. Voltando para casa, a velha rotina surge para todos.

Senhor Manoel conhecido por sua postura, era autoritário e todos o temiam, também era muito respeitado pelo seu caráter. Ele tinha uma filha de nome Francisca. Uma bela moça, graciosa. Os rapazes ficavam com olhos abertos para o encanto dela.

José, moço inteligente, garoto esperto, trabalhador, estava a fim de conquistar a gatinha. A presença dela fazia seu coração disparar e pensava:

_ Como vou me aproximar desta menina? Eu sei que o pai é uma fera e tenho que aguardar uma oportunidade para me aproximar.

José soube de uma cantoria que se realizaria em uma das fazendas, onde todos iriam se reunir com seus familiares. Uma festa em terreiro na frente do casarão é a predileção do povo, com comida e bebida, muita música com um arrasta pé. Havia a certeza que os dois jovens iriam se encontrar naquele lugar.

O rapaz sabia que sua oportunidade tinha chegado, aproximou-se de Francisca, e a prosa foi se aprofundando. A garota também se simpatizou com o moço. Francisca e José começaram a namorar, passando um ano estavam apaixonados e decidiram se casar.

Mesmo passando o tempo, José não esquecia da fama do senhor Manoel e a hora de conversar muito sério, “aquela” temida havia chegado. O pai da moça era homem de pouca conversa, fama de valentão e José um moço de pouca coragem. Como ia fazer o pedido? Oficializar o casamento? José enfrentou a situação, tinha que ser forte, decidiu ir até a casa da amada. Estava cheia de parentes, parecia haver uma festa. Na sala, os homens estavam conversando. As mulheres na cozinha falavam sem parar. Pareciam um bando de papagaios.

Francisca estava em casa no dia e notou a presença do namorado. Ele estava com um sorriso maroto e ela já sabia da sua pretensão. Juntos caminharam até a sala e Francisca foi para o lado de sua mãe. José cumprimentou a todos, começou a falar sobre animais, lavouras, produções. Seu objetivo era que o namoro entrasse na conversa. Ele percebeu que a noite estava propicia para o seu assunto específico. José aguardou a saída das visitas para fazer o seu pedido. Ele estava apavorado, dizia:

_ Cadê minha coragem? Como enfrentarei Seu Manoel? Será que o pai dela vai me aceitar como seu genro? Como sairei desta situação porque jurei a Francisca que hoje falaria com ele. Eu não posso dar vexame, sou homem e não um rato.

José sentindo a pressão psicológica, foi empurrado pelas circunstâncias, levantou-se em direção de seu Manoel, parou, olhou fixo em seus olhos, e disse:

_ Eu quero lhe pedir a mão da sua filha Francisca em casamento!

O velho indaga com a voz temerosa:
_ O que você falou rapaz?

José estremeceu, engasgou-se, com muito esforço e gaguejando, falou bem rápido:

_ Seu Manuel, com todo respeito eu vim pedir emprestado sua cangalha e seu jumento!

José tentava despistar, porém como senhor Manoel não era surdo, nem bobo, entendeu perfeitamente o pedido de José e respondeu:

_ Eu estou brincando com você filho!! Não se ofenda, eu fico orgulhoso de tê-lo como meu genro, fazendo parte de nossa família.

Manoel esperou um instante e gritou:
_ Mulher... Filha... tragam uma bebida especial para comemorarmos o noivado de nossos filhos. Para o José, água com açúcar!!

O moço entrou em parafuso, fez uma pausa para pensar. Senhor Manoel começou a rir sem parar e disse:

_ Nós tivemos uma noite inesquecível...

Um ano depois os dois se casaram. José e Francisca formaram uma linda família. Hoje, uma filha que se chama Lúcia, já é adulta e gosta de brincar, sempre tirando um sarrinho do pai, pelo mico que pagou perante seu avo Manoel, ao pedir a mão de sua mãe em casamento, dizendo:

_ Papai, mas que fiasco? Não ter coragem de repetir o pedido de casamento e sair com tamanha asneira. O senhor disse para o vovô: “_ eu vim pedir emprestado sua cangalha e seu jumento?”

O pai sempre constrangido e responde para a filha:

_ Eu fiquei travado. Foi a única coisa que me ocorreu naquela hora, foi a saída que arranjei. Mas o pedido foi oficializado para a minha felicidade e o de sua mãe. O pior foi o que riram e gargalharam de mim, não estava nem no gibi como se dizia naquela época. O que posso afirmar para você minha filha é que jamais esquecerei aquele dia maravilhoso porque iniciamos naquele momento, esta grande e bela família que todos pertencemos hoje!
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