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Artigos-->Começar de novo -- 01/01/2003 - 13:51 (Jayme de Oliveira Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Texto publicado em 27/11/01 em Anedota Búlgara




Difícil essa tarefa de começar. Quando já se tem paredes, pelo menos se sabe onde estão os buracos, mas quando se trata de um legítimo começo; é difícil. Não que uma reforma seja de fácil execução. Algumas vezes os estragos são tamanhos que é muito melhor demolir tudo e começar de novo a ter que consertar os pedaços caídos. Mas isso apenas quando estamos tratando de casas, muros, cimento, areia e ferro. Não é bem assim quando lidamos com nossas próprias vidas. Para essas, não há outro começo além do nascimento. Aqui, porém, vale uma ressalva. Não estão postas em discussão as questões acerca dos paraísos, infernos ou reencarnações. Falemos apenas sobre essa vida que ora vivemos, seja ela única, primeira ou última.



De qualquer maneira, não há como evitar o desejo de começar de novo. Quem sabe até esses conceitos religiosos derivem justamente dessa vontade. Não vem ao caso! O fato é que estamos à beira de mais um reveillon, ocasião em que nos damos a chance de atravessar um portal mágico em direção ao novo começo. Menos gordura, televisão e álcool. Mais esporte, literatura e suco natural. E não importa o quanto nos tornamos dependentes dos nossos vícios, o fim de ano sempre parece ser capaz de levar consigo todos eles. Pelo menos até a alvorada do dia dois, quando começamos a acordar para a rotina, já sem o efeito do êxtase coletivo.



Mas não é por falta de empenho que vemos cair por terra nossas esperanças de recomeço. Vestimos branco, nos banhamos sob o luar, guardamos amêndoas, cristais, fitas, grãos de areia, rolhas de champanhe, caroços de umbu e tudo mais que nossos magos dizem trazer sorte e força para o ano que se inicia. Nos cercamos de todas as muletas possíveis enquanto esperamos os efeitos do portal. Só que acaba nos faltando o de sempre: atitude.



Aí reclamamos da falta de tempo. Do dia que passa cada vez mais rápido, do abismo que existe entre as pessoas, da correria que é a vida, disso, daquilo, e de tudo. Só que já dispomos dos meios para tornar nossas vidas mais tranqüilas, fáceis e próximas. As ferramentas que criamos são incríveis. Esse, por exemplo, será o centésimo reveillon após a histórica transmissão radiofônica de Marconi, que cruzou o atlântico e deu origem à indústria de telecomunicações. São cem anos de um mundo mais próximo. O automóvel e a locomotiva a vapor são um pouco mais antigos, enquanto o avião é praticamente da mesma época. Além desses inventos, tantos outros, ao longo da nossa história, poderiam ter causado um impacto muito mais positivo em nossas vidas se os utilizássemos com mais inteligência e menos fanatismo econômico.



Exceto pela duração do dia - que julgamos estar menor, mas que aumenta ano após ano em virtude do planeta estar girando cada vez mais lentamente -, temos razão quando reclamamos da falta de tempo. Estamos competindo contra nossas próprias ferramentas. Competimos contra máquinas, robôs e computadores. Todos extremamente rápidos, expressos, plus. Muitos de nós já estão excluídos dessa luta e engrossam o cordão dos desempregados. Para continuar na briga, os que ainda não foram a nocaute são coagidos a fazer mais do que gostariam ou agüentam. É a nova lei da selva. Espelho da nossa trajetória e para a qual, também, não há recomeço.



Não devemos, entretanto, abandonar o desejo de uma vida melhor. Este precisa ser o nosso norte. E uma vez que começar de novo é, de fato, impossível, só nos resta a alternativa de uma boa, trabalhosa, e lenta reforma. Sem portais mágicos, muletas, pressa ou imediatismo, mas com muita obstinação, coragem e, principalmente, atitude. Qual o melhor dia para iniciarmos? Hoje. A melhor hora? Agora!



Nota: Antes de alterarmos nossas agendas por conta da história dos dias mais compridos, é bom ressaltar que: à taxa anual de dezoito microssegundos de retardo, precisaremos, pelo menos, de mais sessenta mil anos para que possamos acrescentar um único segundo às nossas atuais vinte e quatro horas diárias.
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