Enquanto eu estava tentando sobreviver à vida escrevendo pequenas cartas de amor no meu quarto, tentando espantar o abandono das coisas que nunca nasceram pra serem minhas; você estava seguindo professores brutais que ensinavam que é sempre melhor quem vence do que os que ficam por últimos e que o amor é coisa dos fracos, e ironicamente você os idolatrava, e de um modo estúpido os amava também.
Por muitas vezes eu preferi comer meus rins a estar ali, do que estar fisicamente presente naquela sala de aula porque ali ninguém sabia como eu me sentia e eu me partia em tantos pedaços. E eu me recusava acreditar que nunca haveria nada nessa vida além de um buraco e tanta coisa sem sentido e eu fui expulso ao escrever na carteira: ‘nunca vá ao primário porque eles não deixam que você saiba o que é o amor e a vida’.
No final de tudo, em muitos níveis o que vem é a vida; o amor; o desejo; a ambição; a culpa; e a dor e tudo que eu quase cheguei a obter e por tantas vezes eu implorei para que você me levasse ao paraíso jogado no carpet do meu quarto. Através das coisas que eu conseguia ver; era sempre você com seu jeito cruel que me chamava atenção pras coisas desse mundo e tragicamente eu me apaixonei por isso, e aí começaram todos os meus problemas.
E eu usava o amor que eu sentia por você pra me levar pra bem longe de todas essas coisas que nada diziam sobre a minha vida e que por muitos anos me ensinaram que eram elas que eu deveria amar. Então eu achava que outra pessoa estava vivendo a minha vida e deixava esse link pra que eu pudesse ver como ela estava se saindo e eu segurava o fôlego e me jogava na cama e só pensava em você.