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Humor-->Impiedosa Vida -- 19/05/2000 - 17:50 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gosto das coisas
que acontecem sem querer.

A moça que tropeça,balança,
esvoa a saia, sem querer,
a gente olha.

Um carro quebrado na rua;
motorista suado,camisa
pingando suor, sem quer,
a gente olha.

O buraco que a prefeitura
está abrindo na rua.
Buraco, grande ou pequeno,
com direito a britador e
muito barulho.Aí, sem querer,
a gente olha.

O homem que de tão velho
arquejando suas pernas ao andar,
acompanhado de uma linda
mocinha - seu grande amor.
Ai não tem jeito, a gente
olha duas vezes.Pra moça.

Aquele sujeito tão asfáltico
e rígido atravessando a rua
ao meio-dia, de terno e
gravata, e a gente sem camisa,
sentado à beira-mar de um bar,
sorvendo um chope,aí a gente
olha e pensa: será que um dia vou
deixar de ser humano? E a gente
olha.

A gente no banco, na fila,
suado da pobreza de dinheiro,
vê aqueles guardas entrarem
com malotes de dinheiro.

Dinheiro prá burro.Aí a
gente não tira os olhos
daqueles malotes e pensa:
Se eu fosse homem roubava
aqueles pacotes mágicos
e passava uma semana
contando tudo. Até nota
promissória vencida.

Aí, que
me desculpem os púdicos, mas
a gente olha e sonha.

A gente olha sim. A mulher
dirigindo sozinha, num carro último
tipo, penteando os cabelos,enquanto
o sinal não abre, e fingindo que
do lado de fora não existe vida
inteligente.
Aí a gente olha de ódio.

O sr.prefeito - sempre correndo -
que passa pela calçada e levanta
a mão sorridente e diz prá gente:
"Alô gente, alô você aí, seu Zé,um abraço".
E todo mundo olha pra gente.

É quando a gente olha prá dentro:
a gente vem caminhando como um
pássaro primaveril, sem ser
demais afeminado,e chega um cara
barbado e sussura pra gente:
"cara tua braguilha está aberta."
Aí todo mundo já olhou
nosso interior psicológico.
Vergonha burra!

A gente olha, desculpem, mas
quando a gente senta no
restaurante e do lado
senta aquele maior galã
de nossas culturais e
esplendorosas novelas.

A gente faz tudo prá não
olhar, mas acaba olhando.
Tem que olhar: o cara é galã
mesmo, roupa moçada,peito
aberto.
A gente faz tudo
para ignorar, mas não adianta;
os olhos batem no homem, sempre
acompanhado de uma super gata
saída de algum lugar celestial.
A gente olha, tem que olhar.
Mas, por dentro, a gente se
conserva, falando prá
nossa mulher sincera, mas
gasta:Esse cara é gay.

A gente olha no elevador
pra quem abre a porta
e aperta o botão e fica
olhando pro teto do elevador
como se existisse alguma coisa
lá.

A gente olha disfarçado
pra mulher de mini-saia,
pro padre que largou a batina,
prá todas as mulheres dos outros.

Ah! a gente olha pro cara
que sai de guarda-chuva num dia
de sol.
A gente olha prá mulher
que acabou de sair de um
salão de beleza e os olhos
batem logo onde ela nem retocou;
o bumbum.

A gente olha pra todo
mundo que está tirando
fotografia.A gente olha
mesmo.

A gente olha pra tudo:
procura o sol em dia
de chuva; tapa os olhos
em dias de sol.

Com todo respeito, a gente
procura não olhar prá cara
do defunto.Isso, não.
Prá defunto a gente finge que
olha.

Mas o pior é quando você
morre: os caras prá não
te ver, colocam um lenço
na sua cara.

E, de dois em dois minutos,
seu doutor, vem um e tira
o lenço e diz "coitado".

Tirando os mortos, a gente olha
pra todo mundo e o que eles fazem.

Pois o pior do tombo não é a dor, mas
quantas pessoas estavam olhando
no momento que você caiu.

Não tem jeito,
todo mundo olha com
sincera, inocente e impiedosa maldade.
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