No canto do coração mora a ilusão.
É uma casa pequenina,
Coberta de sonhos dourados.
Nessa casa mora um anjo
Que vez ou outra, apronta com a razão.
Certa vez esse anjo, cansado da sua suposta solidão,
Resolveu buscar noutros lugares uma diferente emoção.
Saiu de mansinho para não ser visto,
Navegou por outros mares e lá encontrou...
Encontrou noutras paragens, sem incomodar com a razão,
a emoção que lhe afagou.
Ah! Coitado desse anjo...
Não se deu conta da tamanha confusão.
Por lá encontrou outra casa pequenina,
Coberta como a sua, vazia como a sua, assim pensava ele...
E sem na porta bater, entrou e se aconchegou.
Encontrou o que procurava e a procura estava a sua espera.
Caminharam de mãos dadas,
Dançaram a valsa do amor,
Brincaram igual crianças
Povoando a casa então vazia
Não se dando conta que na “sua” a tristeza batia.
A razão desesperada gritou alto ao anjo fujão.
Este cabisbaixo retornou.
Sua casa estava toda quebrada
Invadiram-na enquanto se ausentou.
Janelas com vidros estilhaçados,
As portas arrebentadas a golpes da traição.
Ah! Coitado do anjo fujão.
Arregaçou as mangas e pôs-se a arrumar a confusão.
O telhado veio a baixo,
Desmantelou seus sonhos dourados...
Agora cansado, abatido, quer reconquistar “aquela” que um dia
Sem que desse conta, deixou, abandonou...
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