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cronicas-->O PILEQUINHO -- 08/05/2006 - 13:14 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PILEQUINHO


F.A.B. Zocca


Charles Embuá sentia-se agoniado naqueles dias. A lua lá no céu mostrava-se cheia e quando isso acontecia, perturbações tomavam conta de sua alma, do seu ser. Ele estava tenso; não conseguia manter-se quieto e confortável em lugar nenhum. Momentos antes o maluco ofendera sua mãe dizendo ser ela a única culpada pela feiúra dele.
Dona Anita, mãe do moço - ele já estava com 29 anos e ainda imaturo, não manifestara intenção de sair de casa - sofreu muito naquela noite em que o "capeta", depois de queimar um baseado, ameaçou matá-la por ser horroroso, e não conseguir namorar ninguém.
Ele contou à senhora gorda que tivera de abandonar a escola por causa da "pegação no pé" que a turma fazia quando entrava na classe. Ele gritou pra mãe: "Hermam o monstro, aquele Frankstein da TV, é modelo de passarela, perto de mim. Você é a culpada por eu ser assim... sua lazarenta!!!"
Anita ante o furor do filho impregnado, saiu correndo indo refugiar-se na casa do vizinho mais bonzinho e que dissera ao Charles quando ele chegou lá cheio de frenesi: "Calma Charles, assim você mata sua mãe." Mas Embuá gritava no meio da rua: "Mardita hora que eu nasci! Mardita... mardita!"
Na verdade Ambuá andava cheio de tesão e não tinha com quem partilhar seu amor; ele considerava a solidão um resultado, uma conseqúência infeliz por não possuir carro.
Abandonando a idéia de espancar a velha e gordurosa mãe, Charles pegou seu par de chinelos novos, o maço de cigarros quebra-peito e vestindo a camisa 10 do Corinthians saiu em busca dos companheiros residentes num bairro próximo.
Durante sua caminhada pelas ruas, Ambuá pensava que sua vida até aquele momento só lhe dera desgostos e trabalho. Ele vivia de pequenos biscates que lhe davam numa oficina de lanternagem. Por ser muito burro - o pessoal que o rotulara, não considerava a oficina uma boca-de-porco qualquer e por isso não o permitiam dedicar-se a trabalhos de responsabilidade. A ele só restava varrer do chão da oficina, as folhas mortas, pra dentro trazidas pelos ventos diários.
Fumando feito condenado Ambuá chutava latinhas e tentava pegar papéis na ventania. Tossia igual a tuberculosos e com ansiedade caminhava até sua turma.
O bando estava reunido numa roda de fumo. Queimavam uma "tora" imensa e fizeram "presença" ao Charles quando ele chegou.
"Eh, nói vai fazê aquela fita então negada?" Perguntou o camisa 10. Os três adolescentes entre 13 e 16 anos componentes do grupo toparam logo a parada. Os demais disseram não.
No início da madrugada os quatro rapazes furtaram o Ford K cinza estacionado defronte ao n. 164 da rua Augusto Amaral próxima da praça Brasília.
Na direção, Ambuá imprimia velocidade perigosa aos ocupantes do carro e também para as demais pessoas dos lugares por onde passavam.Os quatro fumavam maconha e bebiam pinga.
Quando os dois, que estavam no assento traseiro, decidiram ir ao randevu da Filó, na Avenida Cruzeiro do Norte, pediram ao Charles que dirigisse mais rápido e deixasse de ser tão retardado, molenga e infeliz daquele jeito que só ele era.
Mas antes mesmo de chegarem ao destino, Charles Embuá entornando o "tubo" de mamãe-sacode, e já confundindo manual com Manuel, regozijo com rego rijo, perdeu o controle do carro batendo-o num poste da avenida central, defronte a sede dos correios de Tupinambicas das Linhas.
Desesperados eles tentaram correr, mas uma viatura da polícia chegou prendendo todo mundo. Os três menores foram entregues aos familiares; Charles Amburá foi conduzido à cadeia pública.
No dia seguinte dona Anita clamava ao doutor delegado a liberdade do filho. Ela justificava ser ele débil mental e que tomava remédios fortíssimos pra cabeça. O delegado não póde atender seu pedido. Mas acolhendo uma decisão do juiz da comarca, liberou o "mental" que logo em seguida, ao chegar em casa, e dizendo para a mãe: "Tá loco meu! Lá na cadeia eles queriam comer meu intestino!", caiu na gandaia de novo.


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