Usina de Letras
Usina de Letras
163 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50608)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Poesia e cordel -- 03/01/2003 - 16:40 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poesia e cordel.



por

Rosáfico Saldanha (o "Neco")
>




Poesia é a mensagem mais próxima da alma do povo. Retrata o tempo que não dá tempo, que faz historia do tempo, que trás lembranças plangentes e lágrimas amargas de saudades, emudecendo heróis, calando rochinóis e murchando as mais belas flores. Diz-nos que, indiferente às mentiras e às verdades, o tempo apaga lindos sorrisos e grandes amores! Só a poesia retrata essas coisas!

A Grécia antiga ensinava às suas crianças através de poesia. Horácio, talvez o maior poeta latino (68 -8 a.C. - filho de uma escrava), bruniu belos poemas líricos. O grande poeta Bíon (325 - 255 a.C. - o pai era escravo e a mãe prostituta), foi vendido como escravo, conseguindo a liberdade. Arquíloco (grego do século VII) foi o primeiro poeta jâmbico. A sua mãe era uma escrava, sendo ele filho ilegítimo. Era pobre - morreu numa batalha.

Dante, Villon e Plotino foram os três poetas cristãos medievais mais importantes. A força da poesia inspirada pelos céus é grande, disse Shakespeare.

Durante os séculos XII, XIII e XIV, desenvolveu-se em Portugal o Movimento Poético conhecido por Trovadorismo. Produziam-se cantigas entoadas ao som de flauta, viola, alaúde e outros. O cantor das composições era o Jogral e o autor recebia o nome de Trovador. O período recebeu a denominação de Trovadorismo. O norte de Portugal e a Galiza (Portugal e Espanha) irradiaram o Trovadorismo. Os Jograis eram artistas ambulantes que cantavam romances e pelejas. Trazido pelos colonizadores, tal modelo foi incorporado à nossa cultura, com influência refletida na Literatura de Cordel. Os jesuítas ensinavam o latim e a gramática nos sertões brasileiros, através de estrofes poéticas. Houve caso em que toda uma gramática portuguesa foi impressa em versos no Brasil. Paul de Saint-Victor, afirmou que a alma duma raça se resume em suas trovas alegres ou tristes, e que a historia deriva de três grandes escolas: a popular, a clássica e a filosófica. A última decorre das duas primeiras e a 2a, da popular, se deve tudo. O estilo de Camões, em sua época conhecido por desgarrada portuguesa, nada mais era do que cordel. Os poetas prosadores que vinham de Portugal para o Brasil eram conhecidos por jograis. Isto tudo se somou com o âmago sofrido das cantilenas lamentosos dos nordestinos para produzir a poesia popular.

1836: publicado Suspiros Poéticos e Saudades (Gonçalves de Magalhães, marcando o inicio do Romantismo). Comparar com suspiros de um sertanejo? Como os cordelistas, Casimiro de Abreu escreveu poesias em sete-pés. Em Haia, Ruy foi um poeta improvisador.

O poeta Vinicius de Morais (1913/1980) foi aposentado da carreira diplomática, pela revolução, em 1960, quando o pres. Costa e Silva disse: "demita esse vagabundo". Seus versos trouxeram polemicas com o dicionarista Aurélio que lhe advertiu: seu soneto é belíssimo, mas estraga o meu dicionário. Referia-se ao verso: Que não seja imortal, posto que é chama, usado no sentido explicativo (porque é chama), de ainda que. A escolha foi devido á métrica e à rima.

A poesia brasileira deve ser resgatada, com nomes como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Álvaro Azevedo, Olavo Bilac, Castro Alves, Cruz e Souza, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Gregório de Matos, etc. Ao conhecermos a grandeza de nomes como esses, seremos capazes de nos sensibilizar com expressões poéticas que o Brasil pouco conhece, mas que são tão grandes quanto às de Afrânio Peixoto e Sílvio Romero, que descreveram estrofes e desafios sertanejos, sem deixar o erudito. O nosso acervo cultural nos confere referências tradicionais. Se quisermos progredir como nação, temos que escutar o povo.

Há cordéis antigos e famosos que não é todo mundo que saberia entender o seu valor. Carlos Magno e os Doze Pares de França é um romance popular que circulou em diferentes épocas e deferentes países: França (1485), Espanha (1525) e Lisboa (1615). Só chegou no Brasil muito depois. O romance da Imperatriz Porcina é uma obra escrita em versos, pelo poeta Baltazar Dias que pertenceu à escola vicentina. A história tem origem persa, mas foi escrita no séc XVI e reeditada até hoje, com grande difusão universal, principalmente em Portugal e no Brasil. Quem não leu a "História da Imperatriz Porcina", na literatura de cordel nordestina?

O cordelista foi um elo de ligação entre as estratificações sociais do passado. Antes dos jornais, o cordel era a fonte de informação em Portugal. No Brasil, continuou. Toda cidade importante do nordeste (Recife, Fortaleza, Crato, Juazeiro, João pessoa, Campina Grande, Guarabira, Natal e Mossoró), tinha tipografias especializadas em imprimir cordel. Os cordelistas são patrimônio maior da cultura popular nordestina. Descreveram como ninguém, os acontecimentos e as vidas de grandes vultos como Silvino, Lampião e pe. Cícero em sua intimidade maior com o povo.

Cordel não se importa com design. Alguém já ouviu falar de cordel modelo 2001? Existe um mercado consumidor cativo. A única diferença é que esse mercado intelectualiza-se. O homem do sertão não é mais aquele. Hoje quem gosta verdadeiramente da poesia cabocla é uma estratificação bem mais culturalizada: fazendeiros, empresários, engenheiros, economistas, juizes...

Para que se esclareçam as coisas: todo cordelista é poeta. Nem todo cordelista é cantador improvisador, mas este último querendo, assim se exprimirá como cordelista. Todo Trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador. Nem todo poeta sabe metrificar, fazer o verso medido. Para tal, a poesia se apresenta em prosa e verso.

Curiosidades

- Como Bach, Onésimo Maia compôs até no leito da morte.

- O poeta Fco. Das Chagas Batista (1885-1930), filho do Teixeira (PB), foi dono de uma editora de cordel em João Pessoa. O poeta cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros, primeiro grande trovador nordestino, viveu entre 1865-1918, Escreveu entre outros folhetos famosos, A Batalha de Oliveira com Ferrabrás, O Soldado Jogador e A Prisão de Oliveiros.

- O romance de cordel denominado São Saruê, foi escrito em 1947, baseado num trabalho de ficção muito bonito conhecido em todo o mundo, denominado Cocanha. O Museu da Casa da Cultura São Saruê - Fundado pelo general Umberto Peregrino (R Leopoldo Fróes, 83 - Sta Teresa - RJ). Era filho do RN.

- O grande poeta Hugolino Nunes da Costa (Hugolino do Teixeira), viveu entre 1832-95. Rodolfo Coelho Cavalcante foi um dos mais recentes produtores de cordel nordestino.

- Grandes nomes da história da poesia nordestina. Ivanildo Vila Nova, Pinto do Monteiro, Otacílio Batista, Severino Ferreira, Josué da Cruz.












Poesia e cordel

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui