Arrufos (*)
(Artur Azevedo)
Não há no mundo quem amantes visse
Que se quisessem como nos queremos...
Um dia, uma questiúncula tivemos
Por um simples capricho, uma tolice.
–– “Acabemos com isto!”, ela me disse,
E eu respondi assim –– “Pois acabemos!”
E fiz o que se faz em tais extremos:
Tomei do meu chapéu com fanfarrice
E, tendo um gesto de desdém profundo,
Saí cantarolando... (Está bem visto
Que a forma, aí, contrafazia o fundo).
Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Cristo
Nem minha mãe volvendo agora ao mundo
Eram capazes de acabar com isto!
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(*) Por Napoleão Valadares (Jornal da ANE, “Soneto do Mês”, nº 39, abril/maio 2011, p. 2).
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