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Artigos-->PALÍNDROMO, O JOGO DAS PALAVRAS -- 04/01/2003 - 18:43 (Carlos Alberto Coelho (Denúncia Vadia)®) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


PALÍNDROMO, O JOGO DAS PALAVRAS




Fazer palíndromos é brincar com o jogo das palavras, mas não é jogo de inventar, é jogo de descobrir e às vezes nos surpreendemos com o aquilo que encontramos, coisa que nem desconfiávamos que existiam.



O que são palíndromos? Segundo definição dos dicionaristas, tratam-se de palavras ou sentenças que lidas da frente para trás, de trás para frente, da esquerda para a direita ou da esquerda para a direita, têm o mesmo sentido. Bem, mas tem uma turma que leva o palíndromo mais a sério e alega que esta definição se enquadra mais para versos sotádicos do que para palíndromo. Os versos sotádicos são aqueles que lidos da esquerda para a direita ou da esquerda para a direita, não alteram o sentido, como por exemplo: "Infelizmente morreram todos" tem o mesmo sentido de "Todos morreram infelizmente". Para o estudioso e construtor de palíndromos, Rômulo Marinho, meu amigo e colega da Usina de Letras, autor do palindrômico livro "Tucano na CUT?", a definição pode ser mais abrangente, algo como: "palavra, frase ou número que, lidos da esquerda para direita ou vice-versa, são literalmente iguais". Podemos citar alguns exemplos, como: OCO, OVO, MIRIM, RADAR, ANILINA...



Alguns escritores famosos também fazem certa confusão entre palíndromo e versos sotádicos, inclusive o grande Millor Fernandes em coluna no Jornal do Brasil citou como sendo "palindromos" de sua autoria as seguintes frases: "ANA A RIR A OTO" e "SOMOS SERES" e, inclusive mostrou que não é muito do ramo ao citar como verso palindrômico a seguinte expressão: "UÉ, SOU EU" e completa a salada com "A MÁ SÓ NAMORA ROMANOS" (nem acredito que estou criticando o Millor, o irritante guru do Meyer).



O palíndromo configura-se em uma das muitas maneiras de se interagir com a palavra e, segundo uma espirituosa matéria inglesa ele estaria até nas Sagradas Escritura, quando Adão teria dito sua primeira frase à Eva: "MADAM, I M ADAM" ("Senhora, eu sou Adão"). Um outro palíndromo em inglês que chama a atenção pela sua flexibilidade, criatividade e significado refere-se ao Canal do Panamá e diz o seguinte: "A MAN, A PLAN, A CANAL: PANAMA" (Um homem, um projeto, um canal: Panamá). Sobre este palíndromo, atribuído a James Thurber, diversos escritores renderam suas homenagens. Para o escocês Alaistair Reid: "Este palíndromo merece ser cultuado como um monumento, pois além de preencher o rigor da elaboração, soa como uma sincera homenagem". E David Silverman considera-o como "a última palavra em engenharia palindrômica".



Um dos palíndromos mais antigos conhecidos está em latim e é o seguinte: "SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS". Este é considerado um palíndromo perfeito, pois pode ser lido em qualquer direção, inclusive de cima para baixo ou de baixo para cima, veja:



S A T O R



A R E P O



T E N E T



O P E R A



R O T A S




A única coisa que não é perfeita é a sua tradução para nossa língua. A mais provável diz: "O lavrador diligente conhece a rota do arado". Mas ainda apresentam-se algumas hipotéticas traduções curiosas, tais como: "Arepo, o semeador, segura as rodas durante o trabalho" ou "Sator, o pastor, tem suas obras encaminhadas", "O lavrador mantém cuidadosamente a charrua nos sulcos" e, ainda, "O semeador Arepo segura cuidadosamente as rodas". Pesquisadores encontraram o "Quadrado Mágico" em paredes de residências romanas em Pompéia e Cirencester. Alguns estudiosos descobriram independentemente uma outra mensagem contida neste palíndromo. Chr. Frank (1924), F. Grosseer (1926) e S. Agell (1927) defendem o Quadrado Mágico, através de um rearranjo das letras, formaria em cruz a expressão "Pater Noster" (Pai Nosso), ficando de fora apenas as letras A e O (Alfa e Ômega, o Começo e o Fim). Mas ainda existe uma outra versão mais curiosa para este enigma, na Califórnia, EUA, este palíndromo é usado como uma proteção para os motoristas e reescrito como : "SAT ORARE P.O. TENET OPERA ROTAS", onde P.O. significa per orem em inglês, o texto seria "It s enough to pray verbally; it holds the works and wheels together" e, em Português, seria "´É suficiente rezar em voz alta; isto mantém o motor e as rodas funcionando". Credes nisto?



Aproveito e recorro à matéria de Rômulo Marinho para ilustrar que o maior palíndromo que se tem notícias é uma palavra finlandesa de dezenove caracteres que quer dizer "vendedor de soda cáustica": SAIPPUAKIVIKAUPPIAS. Já a palavra palindrômica mais extensa de nosso idioma é o superlativo de omisso: OMISSÍSSIMO.



O palíndromo no Brasil é uma arte que tem seus adeptos, não são muitos ou, se são, não são muito divulgados e difundidos. Temos alguns palíndromos interessantes, que são exatamente a construção de sentenças, versos e frases. O tido como mais antigo do Brasil é "ROMA ME TEM AMOR", depois deste, surgiram vários outros, sendo mais conhecido o nonsense "SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS". Outros dois que chamam a atenção pela extensão, são: "ME VÊ SE A PANELA DA MOÇA É DE AÇO, MADALENA PAES, E VEM" e "LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL". Mas Rômulo Marinho atribui a sua autoria aquele que julga ser o maior palíndromo do Brasil: "O GAL. LENO ROCA, À PORTA DA CIDADE, A PORTADOR RELATA FATAL ERRO DA TROPA E DÁ DICA DA TROPA A CORONEL LAGO".



Existem palíndromos em outros idiomas, além dos já citados em português e inglês, tais como:



- Palíndromo em sueco: "NI TALAR BRA LATIN" (Vocês falam bem latim)

- Palíndromo em espanhol: "SÓLO DI SOL A LOS ÍDOLOS" (do argentino Juan Filloy, que escreveu até os 105 anos de idade e considerava-se "o campeão mundial de palíndromos", tendo criado mais de seis mil)

- Palíndromo em francês: "ESOPE RESTE ICIET SE REPOSE" (Petit Larousse)

- Palíndromo em latim: "L ÂME DES UNS IAMAIS N USE DE MAL". (Larrousse du XX esiècle, que acrescenta que "estas puerilidades eram cultivadas em Roma, no tempo da decadência e na Idade Média").



"Você sabe o que é um PALÍNDROMO?" este é o título de uma rica matéria escrita por Rômulo Marinho e isto não é apenas uma pergunta, é um convite. Foi esta energia que me atraiu para a matéria. Depois de ler a "curiosa" frase "SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS", isto há uns 15 ou 20 anos, eu nunca mais havia tido contato com este tipo de arte. Depois veio o minuto capicua em fevereiro do ano passado e conheci através de uma matéria do Estadão mais duas frases interessantes, cheguei a anotá-las em uma agenda: "LUZA ROCELINA LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL" e "ME VÊ SE A PANELA DA MOÇA É DE AÇO, MADALENA PAES, E VEM!", mas passou e então a descoberta na Usina de um autor palindrômico, um texto ricamente construído, alguns palíndromos e me vi inserido no contexto. Sempre que eu encontrava algum palíndromo publicado, eu pensava: "isto é coisa muito complicada e o cara que inventou isso tem que ter muito tempo, paciência, inteligência e criatividade". Mas, passado algum tempo, quando comecei a pesquisar e estudar mais sobre o assunto, percebi que minha idéia inicial era um pouco vaga e imprecisa. descobri isto justamente quando eu mesmo comecei a construir palíndromos e perceber o quanto interessante enigmática é a construção de sentenças, buscando algum sentido ou, em não achando, simplesmente aglutinando letras e palavras com o objetivo de formar sentenças.



Fazer palíndromos, além de um excelente passatempo, configura-se numa arte exótica, onde procura-se cada vez mais novos significados, novas construções, novas palavras, inclusive devo dizer para minha sogra, que vive fazendo palavras cruzadas e caça palavras: "Dona Neida, largue estas palavras cruzadas e vá fazer palindromos!" Quero crer que o palíndromo aguça a curiosidade, a criatividade, a inventividade e o instinto de busca, de observação, de análise e de construção analítica de expressões, termos e palavras.



Meu primeiro palíndromo foi: "RAUL, O ATOR, ADOTA TODA ROTA: O LUAR." Tudo bem, não faz muito sentido o ator Raul adotar a rota do luar, mas para um principiante, considerei válido anotar meu palíndromo inaugural. Depois disso, escrever ou tentar construir palíndromos tornou-se um vício, uma mania, uma perseguição.



De minhas incursões em busca de construções palindrômicas (reafirmo, palíndromo é descoberta, não invenção), relaciono algumas (todas do final do ano passado):



- A VACA CAVA. (20/12/02)

- O ELO METO LISO, O SILO TEM ÓLEO. (21/12/02)

- RARO IR A MISSA? REZA! FÉ ATRELA, ALERTA... É FAZER ASSIM, ARI, ORAR! (21/12/02)

- LEDA FRASE: COCAÍNA MATA MANÍACO CÉSAR FADEL. (21/12/02)

- LÁ TEM METAL? (22/12/02)

- AH, CARLOS! O SOL RACHA! (22/12/02)

- E SÓ JESUS É JESUS, E JOSÉ? (22/12/02)

- LAVO ALAS, A DANI TROCA A CORTINA DA SALA OVAL. (26/12/02)

- LUZA, A SACANA, LEVA A VELA NA CASA AZUL. (28/12/02)

- ELE SAI. ELA MIRA A RIMA (LEIA-SE: LÊ). (28/12/02)

- EVA NÃO VAI DE DIA. VOA, NAVE! (28/12/02)

- A SACANA LETRA É ARTE LÁ NA CASA. (29/12/02)

- O VALOR É PÉROLA, VÓ. (29/12/02)



É o caput!





Carlos Alberto Coelho



Denúncia Vadia



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