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Cronicas-->Libertas quae sera tamen -- 08/01/2000 - 23:12 (Vera Lucia Soares da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho me lembrado com frequência incómoda deste poema à Maiakowiski:
"Na primeira noite eles se aproximam
e colhem uma flor do nosso jardim
e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão
e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta
e porque não dissemos nada,
já não podemos dizer mais nada."
(Luís Eduardo Campos, extraído de Zine Zone Citações - http://www.ensetec.com.br/zinezone/text/zeze.html.).
Esta lembrança frequente talvez ocorra porque venha encontrando, perplexa, "gente" que não percebe a violência maior que nos ronda: estamos perdendo a voz, a cidadania, a autonomia, a liberdade.
Aqueles que protestam são loucos, caipiras, ressentidos, corruptos, dinossauros etc. E, vagarosamente, eles chegam e, por temermos nos envolver, vão-nos levando a alma. Até que nada mais possamos dizer, porque voz não teremos mais.
"Nós vos pedimos com insistência: não digam nunca - isso é natural: sob o familiar, descubram o insólito. Sob o cotidiano, desvelem o inexplicável. Que tudo o que é considerado habitual provoque inquietação. Na regra, descubram o abuso, e sempre que o abuso for encontrado, encontrem o remédio." (Bertolt Brecht, idem).
Parece natural, então, que um governador se insurja contra o tempo de espera por uma decisão da Càmara Legislativa e aproveite a sua maioria para se dispensar de consultar o parlamento. Ou que este mesmo governador elimine a participação dos empregados nos conselhos das empresas estatais. Ou que demita todo mundo que o governo anterior admitiu, ou mesmo que lhe anule os atos e contratos... Até que ele nos roube a voz para protestar, ou já nos roubou?
Parece natural que tenhamos um presidente que legisle e um congresso que lhe aprove as leis e não lhe reprove os atos. Afinal, governar exige rapidez de decisão e todo mundo sabe que o congresso é lento. A quem interessa que o seja?
"A ignorància produz atrevimento, a reflexão, vagar." (Péricles, ibdem)
Parece natural que apressadamente um novo governador tome medidas para resolver o "caos" da saúde, ou do trànsito, mesmo que amanhã ele mude de idéia, porque o povo protestou e ele "democraticamente" acolheu o protesto. Não, de modo nenhum ele estaria sendo precipitado, ele tem experiência administrativa e mostra serviço rapidamente, diz um jornalista. E continuamos a achar tudo muito natural.
Não parecemos ficar preocupados com a contradição evidente entre ter experiência administrativa e governar para confundir. A confusão, o vaivém, a pressa, as constantes mudanças são atos que impedem a reflexão do povo, fazendo-o julgar-se incapaz de criticar e de fazer proposições.
"Uma nação que não tem, ao menos, consciência do bem que deve a si mesma, e não sabe senão laurear os seus senhores com a honra das capitulações, que lhes extorque, é uma vil aglomeração de idiotas." (Rui Barbosa de Oliveira, ibdem).
Assim, o governador segue governando com a capitulação de todos. Mais tarde talvez ele se torne (ou já se tornou?) presidente do congresso e se volte contra a justiça, propugnando a sua extinção. Afinal para que servem os juízes, senão para construir palácios? Enquanto se esquece do fosso que construiu em volta do seu palácio, para afastar o povo. Estou delirando, ou temos uma parceria?
Quando vamos ter consciência do bem que nos devemos; quando vamos exigir e agir até que todos recuperemos a voz e que as Constituições Estaduais e a Federal sejam respeitadas? Que o executivo pare de legislar, que pare de usurpar as prerrogativas dos demais poderes?
O que sabemos é que é a diferença entre uma ditadura e outra ditadura é apenas a figura do ditador.
Queremos voltar aos tempos em que o estado de direito era somente uma ficção e que todos os gatos eram pardos porque a luz havia sido roubada?
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