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Contos-->A menina dos Pompons -- 16/11/2009 - 20:18 (Ilário Iéteka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aos vinte anos, a vida começava a florescer para mim. Eu terminei o serviço militar. Assim, voltei para a velha indústria de papel e encontrei tudo igual. Nada mudou e a rotina era a mesma.

Minha vida estava para se transformar. Eu era tímido, desajeitado, mas um jovem de ótimo caráter, trabalhador, educado e sensível. Meu trabalho inicial era com as moças nos secadores. O grupo era formado por um homem e duas mulheres. No decorrer do tempo, neste vai e vem, comecei a gostar de uma das moças, porém ela estava namorando um colega de trabalho. Quando eu percebi, aos poucos estava conquistando sua simpatia e a minha insistência começou a me deixar desnorteado.

O significado de uma amizade, transformava-se em um amor, o qual deste amor veio a paixão, da paixão veio a loucura, da loucura a minha catástrofe. Fiquei tão perdido que não conseguia dormir, nem comer. O trabalho era um tédio sem fim. Aceitar que seu amor era dividido por nós dois, atormentava-me demais. Eu não queria vê-la nos braços do rival e pensei em cometer até mesmo um pecado mortal. Essa idéia maluca me assustava e decidi que a vida é preciosa. Eu jamais ganharia o coração da amada por um ato abominável, isso não era uma prova real de amor, mas de insanidade. A decisão foi pura, simples mas muito dolorosa.

Eu deixei tudo, larguei minha família, amigos, serviço e a mulher que amava. Eu resolvi partir para outro lugar, tentando esquecer e tirar essa paixão da minha mente. Chorei muito, a saudade doía tanto que muitas vezes pensei que a morte seria a solução. O sofrimento era interminável. Foram longos seis anos e mesmo com o tempo, a mulher que deixei no passado, parecia ser a única no mundo que me faria feliz.

Enquanto o tempo viajava pela minha vida, tive oportunidade de conhecer várias moças. Sempre surgia uma dúvida porque meu coração não dava uma brechinha a ninguém. Sentia-me perdido, triste, parecia que jamais iria amar outra mulher novamente.

Eu optei a estudar música, tornando-se um meio de espantar a tristeza. Nesta academia fiz amizade com uma jovem pacata, olhos tristes. Ela parecia estar em busca de um amor e começamos a nos entender. Acreditei que havia algo romântico entre nós. O caminho começava a ficar tranqüilo, mas o meu coração percebeu que havia uma nova história a ser escrita. Minha atenção foi arrebatada a uma menina que acabara de se matricular na academia. O professor era um homem gozador, estava na porta ,disse-me:

_ Amigo! Lá embaixo está uma menina com o estilo de que você gosta, seu papa anjo!

Ao descer os degraus da escada, notei no canto do salão uma bela jovem. Ela estava sorrindo, cativante, cabelos negros caídos pelos ombros. Aquele rosto rosado como uma maçã. Seus lábios carnudos e seus dentes eram brancos como a neve. Um sorriso largo que cativou-me no primeiro olhar.

A moça estava de blusa bordô com detalhes em azul. Em volta de seu pescoço, os pompons enfeitavam a gola. A calça combinava com o pulôver. Uma botinha charmosa, mas sua altura permanecia em um metro e cinqüenta. A cinturinha fina que mais parecia pertencer a uma boneca de porcelana. Era dinâmica, muito falante. Eu pensei:

_ Esta moça não é para meu bico! É muita areia para o meu caminhão...

Apesar das circunstâncias positivas, conversamos pouco e falávamos sobre as aulas de acordeom. Contei que estudava a três anos no curso. Eu tentava fazer um charme para conquistar, fui educado e cortês com ela. Passamos a nos encontrar em horário de aula, porém nada rolava entre nós.

A jovem com quinze anos, eu tinha vinte e cinco anos. Uma diferença de dez anos que seu pai não iria admitir nem flertar, quanto mais a possibilidade de um namoro sério. Informaram-me que era um homem de pouca conversa, tipo anti-social. Além de saber dos vários pretendentes, jovens, bonitos, abastados. Como eu iria disputar o amor daquela gatinha? Eu sendo pobre e não era bonito? Porém o destino e a sorte resolveram me dar uma chance e ficaram ao meu lado, porque embora ela sendo muito jovem,o pai não queria nenhum tipo de encontro com rapazes, pois a achava criança para namorar.

Na verdade a nossa história, aquela a qual meu coração sentia que devia ser destino, começou com uma brincadeira entre ela e o professor. Eu não tinha a menor idéia dos planos deles. Ambos fizeram uma aposta para que a jovem moça me namorasse, mas para desaforar uma colega que estava a fim de mim. Depois do objetivo alcançado, de aprontarem, tudo voltaria a ser como antes. Para surpresa de todos, o truque falhou e minha sorte começava a tomar outro rumo.

Entrei em férias e aproveitei para conhecer seus pais. A minha surpresa foi grande, acolheram-me com alegria, fui apresentado como amigo da academia. Seu pai era muito ciumento e não viu esta amizade com bons olhos. Ele não queria que sua filha, a qual era tão jovem, tivesse um envolvimento com um moço desconhecido, que poderia até ser casado.

Foi nessa visita que tirei minhas conclusões. Eu notei que eram pessoas de boa índole, família pequena, bem estruturada, gente simples. Ela tinha um irmão do tipo pacato, sua mãe uma italiana agradável. E o pai? Esse sim!! Ele era o meu maior perigo, parecia uma cascavel pronta para dar o bote.

Foi observando os detalhes da família, os gestos da moça, que eu percebi, que ela era a mulher que eu procurava, que ansiara na vida para ser a minha companheira. Apaixonei-me pelo pequeno anjo que me apareceu nos degraus da academia e garanto que foi a coisa mais preciosa que Deus pois no meu caminho. Essa menina com apenas quinze anos, era a mulher qual tinha o dom especial, o dom da cura, porque foi ela que curou todas as feridas do meu passado. Semeou a felicidade em meu coração.

Seu pai tentou impedir que caminhássemos juntos. Os tropeços começaram no dia que pedi para que me autorizasse a namorá-la. Era a quarta vez que eu fazia uma nova visita em sua casa. Jantamos, conversamos numa boa. Quando eu toquei no assunto do namoro, seu pai mudou a feição, a cor e tom de voz. Ele ficou nervoso e começou a me humilhar, deu-me sermão. Ele fez pouco de minha pessoa. Ignorou a minha inteligência e capacidade. Nos últimos minutos só faltou expulsar-me de sua residência. A sua atitude me deixou furioso porque pisou no meu orgulho, feriu minha alma. Acreditou que o menosprezo tiraria minha coragem de voltar e foi puro engano dele. Isso me deu força no espírito e voltei decidido a conquistar de vez a sua filha. Provei que eu a amava e seríamos felizes.

Quando o pai dela percebeu que estávamos decididos a seguirmos juntos, concordou a contra gosto. Nos quinze meses seguintes, depois destes entreveros, nós dois casamos, conforme a igreja nos aconselha. Eu e minha esposa tivemos um inicio difícil, sem apoio de ninguém, não perdemos a coragem, lutamos juntos e vencemos.

A minha maior vitória nesta vida que Deus me abençoou é estarmos casados a mais de quarenta e dois anos. Eu me orgulho dessa mulher. Descobri que ela é uma guerreira, deu-me duas filhas maravilhosas, uma neta adorável. Desde o dia que casamos o respeito é primordial e nosso tratamento um para o outro é “querida e querido“. Ela não é a minha meia laranja, mas tenho a certeza que é a laranja inteira!

Conhece-me até pelos olhos, sabe se estou doente ou preocupado. É dedicada a família e tudo o que construímos foi graças as suas perspicácias. Dona de casa extraordinária, caprichosa, firme em suas decisões, nunca fugiu de um trabalho, não desanima, age com eficiência. Essa é a minha companheira. Ela faz pleno sentido em minha vida e tenho certeza que ainda balançará meu coração pelo tempo enquanto eu viver. É amorosa, humana, conselheira. Creio que fomos feitos um para o outro.

O passado foi esquecido pela felicidade que vivo hoje. Eu posso afirmar que minha vida é dedicada a esta pequena, grande “Mulher“.

Aglair é minha adorável menina dos pompons. Meu amor por ela é como diamante, formou-se com o dom da natureza, sendo valoroso e tem a força para resistir eternamente...



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