Com aquele sol desgraçado do meio-dia, parou na porta do cursinho e retirou a pesada mochila das costas. Sacou o maço de cigarros, acendeu e tragou um. Caminhando para casa, irritado com os roncos e buzinas dos carros, foi interceptado por um mendigo.
O rapaz, sem dizer uma palavra e com a mesma irritação expressa na face, deu o maço de cigarros para o velho. Era uma maneira de ajudar aquela pessoa deplorável à morrer mais cedo.
Já na porta de seu apartamento, ouviu os gritos da discussão entre seus pais. Entrou, tranquilo, arremessou a mochila no sofá, entrou na dispensa e pegou uma caixa na última prateleira da estante. Acompanhados dos gritos e soluços da mãe, dirigiu-se até o quarto do casal. O pai berrava com o rosto vermelho de ódio e a mãe, sentada na cama, chorava desesperada.
Então, sem ser notado, retirou a arma do pai da caixa e descarregou três tiros em cada um. Deixou a arma cair no chão e respirou, tragou o ar, como se aquele fosse o melhor momento da sua vida.
Foi para o banheiro, tomou um banho rápido e gelado. Vestindo apenas uma bermuda, sentou no sofá da sala, acendeu um cigarro, abriu uma lata de cerveja, relaxou os ombros no encosto, fechou os olhos e ficou esfregando os dedos dos pés, ainda molhados, no tapete.
De repente, ele ouviu um estardalhaço na rua, barulho de carros e sirenes. Em poucos segundo o apartamento foi invadido por seis policiais que encontraram o rapaz tranquilo sentado no sofá.
“O que aconteceu aqui!?” – perguntou um deles espantado com a calma do garoto. E ele: “Você já ouviu falar em paz!? Então, eu estava transando com ela quando vocês chegaram!”.
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