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Contos-->ANGÚSTIA DE UM GLUTÃO -- 16/11/2009 - 20:23 (Ilário Iéteka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Senhor Manoel, conhecido pela alcunha de Maneco, era proprietário de uma chácara em meados de 1930. Aonde ele dedicava o corpo e alma para produtividade em suas terras. A maior parte de sua alimentação provinha de suas lavouras. Sua família era composta de três homens e três mulheres. Homem caprichoso, trabalhador e exigente. Seu tipo rústico, não permitia moleza para a família toda.
Todos os dias, com chuva ou sol, senhor Manoel acordava muito cedo, sempre disposto ao trabalho e levava os filhos para trabalhar junto dele, dizia: _ Isto vai fazer bem a vocês! Porque quando crescerem, vocês irão dar valor ao dinheiro. Saberão a importância que tem o trabalho em nossas vidas! A verdadeira dignidade de um homem...
As crianças não gostavam de suas tarefas, das lições. Elas queriam brincar, mas Maneco mesmo sabendo que é normal de toda infância, ainda insistia para todos fazerem suas obrigações. Ele tinha um ditado: “- Serviço de criança é pouco, mas quem dispensa é louco!”.
Ele criava porcos, sabia fazer a melhor lingüiça e chouriço do lugar. Produzia carvão, vendia lenha picada na capital. Naquela época, fogão a gás era muito raro, coisas de luxo, nem todos podiam ostentar.
Maneco acordava um pouco antes do sol nascer, carregava sua carroça e saia em direção a capital. Chegava em Curitiba ao clarear do dia. Ele entregava as encomendas e comprava alguns itens que estavam faltando no lar. Ao meio dia, estava em casa para alegria das crianças, que aguardavam ansiosas pelos doces e bolachas que trazia consigo, pois apesar de seu jeito exigente, sempre tinha uma surpresinha. Sua chegada sempre era uma festa.
A família estava construindo uma nova residência e precisava de um amigo para ajudar a carregar as telhas. Um compadre, dos muitos que tinham pela vida, ofereceu-se para ajudar no trabalho. O filho mais velho de Maneco, chamava Jovenal, tinha apenas onze anos, estava entusiasmado e curioso, nunca tinha visto uma olaria de perto. Seu pai estava orgulhoso do filho por vê-lo querendo ajudar tão jovem. Maneco disse ao menino para se preparar porque sairiam ao amanhecer. Primeiro fariam as entregas do carvão e depois iriam comprar telhas, próximo da cidade de Quitandinha. Avisou ao pequeno filho:
_ Vamos chegar tarde em casa!
A idéia do menino era mesmo passear. Jovenal não estava pensando no horário que voltariam para casa. Seu Maneco fez as entregas como sempre e na volta ao passar por uma quitanda, comprou um cacho de bananas. Seria a comida para o almoço. Eles partiram em direção a olaria. No meio do caminho sentiram fome, Seu Maneco parou a carroça, e disse:
_ Compadre, vamos comer umas bananas?
Para sua surpresa, quando foi apanhar as frutas, encontrou somente o talo do cacho e ficou assustado. Pensando que o filho tinha jogado as bananas fora, perguntou:
_ Jovenal onde estão as bananas?
O menino respondeu:
_ Pai... O senhor disse que era para comer! Eu comi tudo!
Seu Maneco olhou para o compadre, chicoteou os cavalos e partiram sem dizerem nada. Apenas riram. O garoto não foi repreendido. Eles chegaram em casa esfomeados.
Semana seguinte, eles partiram para mais uma aventura, uma carga de telhas. Todavia, desta vez seu pai passou pelo matadouro do Uberaba, comprou cinco rodelas de salsichas e veio com elas enfileiradas no braço. Resolveu colocá-las dentro de um balde. Falou novamente:
_ Isto é para comermos com pão e gasosa, quando a fome apertar.
Eles partiram e pelo caminho surgiu um bom papo, porém desprenderam a atenção de Jovenal. Próximo das treze horas, o Maneco disse ao compadre:
_ Vamos fazer uma parada nesta sombra? Comemos um pouco e descansaremos.
Manoel pegou o pão e a gasosa, levou a mão ao balde e para sua admiração, ele estava vazio. Como a surpresa era parecida com o fato anterior do cacho de bananas, olhou para o filho. Antes mesmo que o pai falasse algo, foi logo dizendo:
_ Pai, eu fiquei com fome e comi tudo!
Pobres coitados tiveram que comer pão sem salsicha, porém desta vez havia a gasosa para ajudar na digestão. Rindo um da cara do outro, mas agora o compadre fez seu comentário:
- Maneco, eu queria saber como esse menino consegue comer quase dois metros de salame? Que barriga!!
O pai respondeu:
_ Sem comentários compadre!
O garoto escapou de mais uma advertência. O pai pensou que isto não aconteceria de novo, relevou novamente.
Alguns dias depois, a madrinha de Jovenal foi visitá-lo. Para agradar o afilhado, levou um litro de leite. Ela disse:
- Jovenal, este leite é para você!
O garoto agradeceu e guardou em seu armário. No jantar o menino pegou o leite, colocou na mesa, ao seu lado. A família tinha por costume comer polenta com leite. Seu pai Maneco estava comendo e pediu ao filho um pouquinho do leite para misturar em seu prato, mas o garoto foi preciso na resposta:
_ Não! Este leite é só meu! Foi a madrinha que me deu, vou comer tudo com polenta!
_ Ah!!!! Filho ingrato, se é assim que você deseja, está tudo bem! Você comerá a polenta com o seu leitinho. Faça-me o favor, alcance este litro, que quem colocará o leite na tua polenta sou eu!
Maneco chamou a esposa e disse:
- França? Faça outra polenta. Vou ensinar esse pivete a dividir as coisas com os outros, a não ser uma criança gulosa porque isso é falta de educação!
Neste momento começou o calvário de Jovenal. Seu pai colocava muita polenta no prato e um pouquinho de leite, dizia:
- Coma tudo! Ou levará uma surra de reio!
O garoto limpava o prato pensando que estava ficando livre da raiva do pai, e enganava-se porque Maneco, encarou o menino e disse:
_ França, coloque mais polenta no prato de Jovenal e coloque um pouquinho de leite!
O pai continuando a correção da atitude do filho, falava apenas para assustá-lo:
_ Coma! Se não quebro-lhe as pernas!
O garoto estava sufocado, não conseguia engolir. A comida queria sair pelo nariz. Seu Maneco continuava insistindo:
_ Coma, não adianta dizer que está satisfeito. Eu quero ver o fim desta polenta e do leite. Somente assim saberei que sua barriga está cheia!
O garoto não agüentava mais, viu-se obrigado a ir várias vezes ao banheiro fazer xixi. Era a desculpa que a pobre criança arranjava para vomitar e depois voltar para fingir que se deliciava com a polenta e mais um tiquinho de leite.
Jovenal conseguiu comer tudo, foi a maior lição que teve sobre a gula. Não apanhou, teve uma educação exemplar e aprendeu a dividir com os outros. Ele cresceu. Casou-se teve filhos, netos e sempre contava a história. Dizia ainda com o medo de criança nos olhos:
_ O que me fizeram foi pior que uma surra! Eu passei muito tempo sem poder ouvir a palavra polenta. Isto arrepiava-me! Que seja uma aula para os meus filhos e meus netos .O exemplo de meu pai é o dever cumprido em relação a educação aos filhos sem machucar. Demonstrar que toda atitude mal educada tem a reação da correção para auxiliar em toda uma vida adulta.
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