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Artigos-->FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO PARÁ: 30 ANOS -- 06/01/2003 - 23:08 (José de Jesus Sousa Lemos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Neste dia 2 de dezembro, a primeira turma de Engenheiros Agrônomos da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - FCAP completa 30 anos de formatura. Esta Faculdade veio dar prosseguimento à trajetória gloriosa da antiga Escola de Agronomia da Amazônia (EAA) que, por muitos anos formou os Engenheiros Agrônomos da Amazônia. Estes profissionais tiveram a responsabilidade de gerar, disseminar e aplicar, pela Amazônia, pelo Nordeste e pelo Brasil, os ensinamentos apreendidos naquele majestoso prédio cinza de arquitetura neoclássica, de tantas glórias e de tanto significado para todos nós que lá tivemos o privilégio de estudar, numa fase da vida de muitos sonhos, muitas inquietações, extrema irreverência, de muitas magias e, sobretudo, de muitas utopias.

Na verdade, o surgimento da FCAP decorreu da necessidade inadiável, na época, da inclusão de outros cursos de graduação na tradicional EAA, que se constituía numa escola de formação exclusiva de Engenheiros Agrônomos. Nesta condição, a EAA proporcionou a formação de profissionais de Agronomia, que a despeito de experimentarem dificuldades tremendas, associadas em grande parte, à falta de prioridade para o desenvolvimento rural, que sempre foi a característica de todos os Governos deste país, contribuíram com o seu talento e com a sua abnegação para o desenvolvimento da Amazônia e do País.

Com a FCAP, deu-se prosseguimento àquela trajetória já consagrada da EAA, mas expandindo-se os programas de graduação, inicialmente com a implantação dos cursos de Medicina Veterinária e de Engenharia Florestal e, posteriormente, com a criação de cursos de pós-graduação lato senso e estrito senso, além de outros cursos de graduação. Isto, sem qualquer sombra de dúvidas, se constituiu num avanço qualitativo significativo, porque a partir daí, dava-se prosseguimento à formação dos Engenheiros Agrônomos, e iniciava-se a formação de novos profissionais, que haveriam de se comprometerem com o progresso do setor rural, ainda grandemente extrativista, desse lado da geopolitica do país. A Escola passaria assim a expandir-se para a formação de um conjunto multidisciplinar de profissionais treinados e adaptados às peculiaridades da região Amazônica.

Especificamente, no que se refere à formação dos Engenheiros Agrônomos, a EAA inicialmente, e a FCAP nestes últimos 30 anos, têm produzido profissionais que, na busca de ocuparem o seu espaço no intrincado sistema político-eonômico que tem apresentado sobressaltos importantes, ao longo de todo este período, têm colaborado, de forma decisiva, com o seu talento e trabalho, muitas vezes mau reconhecido, para a melhoria das condições de vida de parte expressiva da população brasileira.

É certo que a formação do Engenheiro Agrônomo, como da maioria dos profissionais das áreas técnicas, ainda deixa muito a desejar, tanto de um ponto de vista do aprimoramento tecnológico, como, principalmente, na formação humanística. Ao enfatizar excessivamente a produção, muita das vezes desgarrando-se dos aspectos importantes do meio ambiente e de questionamentos acerca de quem se beneficia desta produção, não raro o Engenheiro Agrônomo tem tomado posições equivocadas de um ponto de vista social e ambiental. E isto, é bom que se explicite claramente, não se constitui num privilégio dos egressos da FCAP, tão pouco da EAA. Em todas as Escolas de Agronomia do país, enfatiza-se de forma obsessiva os aspectos de produção e de produtividade da terra e do trabalho. Assim, esquecendo-se, na maioria das vezes, que vivemos num país em que a concentração fundiária é uma das mais elevadas do mundo, e que, como corolário natural, os níveis de pobreza absoluta, tanto nas áreas rurais como nas áreas urbanas, são exacerbados, e semelhantes aos existentes nas regiões mais pobres do planeta, como o são as regiões subsaharianas, e de parte significativa dos continentes africanos, asiático e latino-americano.

Uma característica importante das primeiras turmas de Engenheiros Agrônomos formados pela ex-EAA e pela atual FCAP, era a grande incidência de estudantes do Maranhão nesses grupos de futuros profissionais. Para isso, muito contribuiu a SUDAM que viabilizava a ida de estudantes maranhenses para Belém, mediante o pagamento de uma bolsa de estudos que equivalia a dois salários mínimos. Desta forma, a EAA e a FCAP, também contribuíram para a formação de toda uma geração de Engenheiros Agrônomos que construíram a história da agricultura maranhense ao longo destes 25 - 40 anos.

Neste momento de festas, em que queremos nos congratular com a Direção da Faculdade, com os seus Professores, Funcionários, e, sobretudo, com os nossos remanescentes 56 colegas (de um total de 63) da primeira turma da FCAP, gostaria de convocá-los para uma reflexão acerca do verdadeiro papel social do Engenheiro Agrônomo. Um profissional que deve estar consciente de que vivemos em um país que, embora dotado de riquezas naturais fantásticas, amarga estatísticas dolorosas e dramáticas de abrigar um dos maiores bolsões de pobreza absoluta deste planeta. A nós, penso eu, cabe usar todo o talento e o conhecimento científico que nos foi ensinado e apreendido durante a nossa trajetória de vida, para que façamos a opção inequívoca de usar todo este acervo, e toda esta energia, em benefício de um desenvolvimento que seja social, eticamente justo, includente, e que não deprecie a base dos recursos naturais. Agindo assim, as próximas gerações encontrarão um planeta com melhores condições para ser habitado.

Congratulações à FCAP, que atinge a sua jovem maturidade, e parabéns para a turma de Engenheiros Agrônomos, que neste dia 2 de dezembro celebra com muita energia, no auge de sua jovialidade-madura (ou da sua madura-juventude, sei lá...), os seus 30 anos de formatura. Eu no meio, obviamente. E com muito orgulho!

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