Sou sincero, nunca fui muito fã de cantoras americanas do tipo Mariah Carey ou Whitney Houston, mais por serem fabricadas do que por suas qualidades vocais, que, querendo ou não, elas têm. Mas dou a mão à palmatória, quem nunca dançou ou se emocionou com este tipo de música? E é desta fonte, além de Renaissence, Carpenters e Beatles, que os mineiros do Whisper foram buscar inspiração.
O grupo é formado por Luciana (vocais), Adriano (piano) e André (violão), além de vários outros músicos convidados para a gravação deste primeiro trabalho que não é assim tão novo como poderíamos crer, eles estão trabalhando desde 1996. Voltando a falar em Mariah e Whitney, a música que abre o CD é uma regravação feita para When You Believe, originalmente escrita para o dueto e que funciona perfeitamente apenas com a voz de Luciana. Outra regravação foi para Something de George Harrison, e novamente a voz faz a diferença já que o arranjo é muito fiel ao original e que com Luciana ganhou uma leveza que faz jus ao legado do ex-beatle.
Mas são as composições próprias que chamam mais atenção e diferenciam o Whisper de outros artistas do gênero. São belas letras que falam de amor, perda, saudade e esperança, um prato cheio para as fórmulas já prontas e extremamente usadas por grande número de produtores, e que também são usadas aqui de forma dosada para que não se transforme em algo enjoativo, com o detalhe de que são todas escritas pelo pessoal do grupo e em inglês, mostrando que o mercado externo também é interessante.
As mais inspiradas são Just a Fool, com uma levada de violão belíssima. Don’t Say it’s Over que lembra muito os Carpenters e principalmente a voz Karen Carpenter, além de ser um pouco mais agitada que as demais. A bela Sunset e I Have a Heart Torn Apart a mais “dançavel” do disco mostrando um caminho pouco explorado e que pode ser mais bem trabalhado. O remix feito para Just a Fool poderia ter sido mais ousado, ficou muito parecido com o original, mas como o próprio grupo diz isso é apenas o começo. Existe também um pequeno exagero nos backing vocals femininos que aparecem em todas as faixas, se tivessem optado por vozes masculinas em contraponto ao vocal da Luciana o efeito seria mais interessante.
Angel, foi à música escolhida para mostrar o grupo para o mundo. Antes do lançamento do trabalho em CD, era possível escuta-la – e outras também – no site MP3.com, onde chegou ao top 10. Graças a este sucesso o Whisper chegou a ser contato por uma gravadora independente norte-americana para que lançassem este trabalho por lá. Devido à distância e as dificuldades para estarem sempre indo para os Estados Unidos resolveram esperar e conseguiram um contrato com a Caravelas, gravadora mais conhecida por seus lançamentos em MPB e regionais do que POP, mas contam com um grande aliado na divulgação, a Sony Music.
Mas porque ser arriscarem em inglês? Eles mesmos respondem: “Porque as músicas nasceram assim. Na verdade não ouve uma versão original em português (...) as músicas nos parecem mais naturais nesse idioma” . Realmente eles estão certos, e novamente citando algo dito pelo grupo eles fazem mesmo as pessoas se sentirem mais leves.
