O ARTIGO SOBRE A NUDEZ
A minha interpretação de felicidade - autenticada pela experiência própria metafísica, existencialista, sensitiva - é uma colocação altamente pessoal, pois acredito que a felicidade tem um sentido diferente para cada pessoa, assim como cada pau e xoxota é diferente e peculiar ao seu dono, considerando sua passagem geográfica, social e histórica na Terra.
Fico com Kierkegaard em "Apreensão e Tremor ", onde diz que " a vida só se torna suportável quando se transcende a esfera estética e mesmo a esfera ética, para chegar, pela fé, ao plano PRÓPRIO de vida e destino. "
Esta fé é a NUDEZ, mas a NUDEZ DIANTE DE QUEM EU QUISER, e, portanto, pura subjetividade. Toda NUDEZ é subjetiva; o Homem será o que for, segundo a idéia que forma do próprio ser e de seu próprio pau.
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O Homem tem a capacidade de criar ordem ao caos, ao absurdo, dentro de um limite individual. Não estará isento de surpresas e mistérios - o que faz da vida algo rico de possibilidades - mas pode criar uma esfera do não - caos dentro de um limite criado por ele, afim de evitar a promiscuidade do empírico desgovernado que é o mundo DO CU SEM DONO que vemos lá fora. Deste mundo metafísico composto de elementos reais, o Homem extrái sua felicidade não-absoluta, limitada, mas governável e satisfatória, pois o Homem é finito, logo não se identifica com o absoluto de forma confortável. O Absoluto para o Homem nu seria um imenso guarda roupas inconveniente e desconhecido, onde este Homem não teria a chave da porta.
Deste pequeno mundo de nudez total, criado e erguido por ele, pode participar outras pessoas, mas uma pessoa apenas seria o suficiente. Não estou propondo aqui a abertura de uma praia de nudismo particular, mas acredito que a base de minha felicidade é compartilhar, com uma pessoa ou um grupo, toda a nudez possível e criar um mundo de códigos e regras afim de fugir do caos da vida social. Não se pode permitir que nada interfira ou permeie essa esfera sem autorização, a relação nunca pode ser quebrada. O pacto há de ser profundo, a confiança tem que ser total e a fidelidade uma constante intrínseca. SEM ESTE DESNUDAMENTO É IMPOSSÍVEL SER FELIZ; vale à pena arriscar, em mútuo acordo, nem que seja UMA ÚNICA vez em toda uma vida.
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Esse assunto de desnudar-se para alcançar a ordem na promiscuidade social, na esperança presente do não-caos, pode ser abordado em diferentes graus e pode ser visto como uma UTOPIA realizável, um mini sonho compartilhado e vivido na prática. Quem eu escolho sabe de minha linha de pensamento, meus medos e virtudes, sabe o tamanho do meu pau, não há dúvidas e nem temores na relação presente na esfera do não-caos. Não tenho medo de mostrar-me e nem vê-los como são, por mais feia que seja a xoxota, por menor que seja o pau. Não há caos, nada é caótico entre nós e somente lá fora, no empírico, reina o desgovernável, o pau sem tamanho, o cu sem dono.
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O desnudar-se lembra-me L Etranger:
" Entre aqueles franciscanos com suas vidas encerradas dentro de suas colunatas e suas flores nos jardins do convento, e a vida daqueles jovens surfistas na praia de Pádua, em Argel, que passam o dia inteiro ao sol, em contato íntimo com o mar, senti mútua harmonia. Se de tudo se privam - assim como os cristãos - é a favor de vida mais cheia ( o não -caos ) e não por outra vida."
Só é possível desnudar-se em local restrito, relativamente privado, limitado, e desnudar-se implica em sentimento da verdadeira liberdade.
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Então sob um certo aspecto que eu gostaria de salientar, ser LIVRE só é possível dentro de uma certa "prisão".
Aposto numa relação sincera, presente, sem esperanças, sem apostas no futuro, sem gozação com o tamanho do pau, contra o Eterno. A dimensão do Homem não é o Eterno e nem o Absoluto, é o finito. Ter coragem em comprometer-se mesmo que não haja a certeza absoluta.
Aprovo, sim, a solidariedade, a fraternidade, a compaixão, desde que não afete meu mundo não-caótico. Toda essa nudez pode ser explorada em público, com estranhos, mas a verdadeira nudez só se dá numa esfera estabelecida por você, onde poucas e escolhidas pessoas, ou de preferência, uma apenas, possa compartilhar.
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