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Contos-->VIDAS -- 17/11/2009 - 17:18 (Divina de Jesus Scarpim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando ouviu a música do comunicador não estava pensando em nada de importante. Tinha diante de si um copo vazio e olhava para as imagens repousantes que eram mostradas na tela. Estava no seu tempo de repouso e não tinha pensado que seria chamado tão cedo porque achava que ainda não tinha estudado o suficiente para estar apto, mas Eles pensavam o contrário e o recado que viu surgir na tela dizia:

Você acaba de receber um Vida.
Entre em contato com 1478.

Ficou surpreso. Não podia imaginar que recebesse um Vida antes de se sentir preparado para isso. Estava sim estudando muito, mas ainda havia tanta coisa que não entendia a respeito dos Vida que pensava que seria chamado para mais informações e debates, para muitas aulas e provavelmente para acompanhar alguém mais experiente como observador antes de receber um Vida só seu. Aparentemente estava enganado. Bem que Lyanne avisou que Eles sempre surpreendem, nunca as coisas acontecem da maneira como alguém acha que vai acontecer. Conheceu Entes que tiveram necessidade de muitos estudos antes de receber seu primeiro Vida, outros que o receberam antes mesmo de terminar o primeiro estágio. Alguns recebiam um Vida temporário atrás de outro. Outros ficavam muito tempo com um único Vida antes de fazer a primeira troca. Ele só precisou fazer um estágio e já estavam lhe dando o seu Vida. Lyanne estava certa.

Ela já teve muitos Vidas, mas nunca dizia nada sobre eles “Não é função dos Entes ensinar sobre os Vida a outros Entes, isso poderia atrapalhar a formação uma vez que não há experiência igual. Qualquer coisa que um Ente dissesse de realmente importante sobre o seu Vida para outro Ente seria totalmente inútil porque a experiência com um Vida não ensina nada sobre outro Vida e a experiência de um Ente não vai ser nunca parecida com a experiência de outro Ente.”

Quando acabou de processar a mensagem entrou em contato com 1478 conforme foi solicitado e apareceu na tela um rosto muito amigável que se prontificou logo a ajudá-lo no que fosse preciso e combinaram um encontro no Ponto do Selevique. Ele chegou primeiro e pediu uma bebida enquanto esperava. O outro não demorou a entrar e apresentou-se.

— Luy é o meu nome. É um grande prazer conhecer você.
— Obrigado Luy. Eu sou Myrow e esse é meu primeiro Vida, acho que você já sabe.
— Sei. Na mensagem que recebi constava seu nome e o aviso de que era sua primeira vez. Me pediam também para tentar ajudá-lo.
— Obrigado. Não sei bem por onde começar. Tudo o que aprendi no único estágio sobre os Vida é que eles são parecidos com os Entes em algumas coisas e completamente diferentes em outras.
— E é a mais pura verdade. Qual foi a impressão que você teve deles pelo que viu no curso?
— Uma impressão não muito boa. Eles me pareceram ... como dizer? ... nojentos.
— Entendo o que diz. Mas eles são mais do que isso. Você vai aprender muito. É uma boa experiência. Já viu algum Vida?

— Vi a imagem de alguns nas aulas. Têm vários tamanhos e tonalidades entre o negro e o rosado e usam pedaços do habitat deles para cobrir o corpo. Não entendi muito bem a função de algumas coisas que usam. Sei que tem machos e fêmeas, mas não tenho certeza se posso distinguir um do outro. Eles se comunicam através de sons que emitem pelo buraco de comer e, o que mais me deixou horrorizado é que eles se agridem constantemente, são capazes até mesmo de eliminar uns aos outros. É assim mesmo?

— É sim. É muito difícil para nós entender algumas coisas que fazem e que são. Mas tem uma coisa que faz com que não seja ruim cuidar deles. São únicos. Nunca vai existir um Vida igual a outro Vida. Nisso são como nós.
— E sobre o meu Vida? O que você sabe?

— Na verdade nada. A única coisa que liga o seu vida a mim é que o meu vida é fêmea e procriou. A criatura dele é o seu Vida. Então, por enquanto, o seu Vida está dentro do meu Vida. Ele ainda não tem o buraco de ver ativado e por isso fica mais difícil o seu contato com ele. Nós vamos estar em contato com o meu Vida juntos até que eles se separem, daí então cada um cuida do seu Vida e não teremos mais nada a ver um com o outro. Exceto, talvez, que o seu Vida vai ver o meu Vida melhor do que o meu Vida se vê.
— Eu preciso saber alguma coisa sobre o seu Vida?

— Não. Apenas precisamos estar em contato auditivo um com o outro quando eu estiver com meu Vida ativo até que os dois se separem e o seu comece a funcionar direito.
— Como é que está o meu Vida dentro do seu? O que é que ele está fazendo lá?
— Está se desenvolvendo. É assim que os Vida procriam. O seu Vida começou a existir a partir de um pedaço do corpo do meu Vida, dentro dele. Lá ele está crescendo e formando seu corpo. Quando estiver pronto, ele sai.
— Confuso.

— Bastante. Mas quando chegar a hora da separação eu vou te convidar para estar junto comigo. Então você vai ver as imagens através do buraco de ver do meu Vida e o que quer que seja que o seu Vida comece a ver quando ativar o buraco de ver dele. Você concorda?
— Claro que sim, e agradeço muito que você me permita essa intromissão.

— Não tem porque agradecer. O momento da separação de dois Vidas é um momento muito delicado. É sempre bom que estejam presentes dois Entes para que tudo corra bem. Preciso ir agora. Quando ativar o meu Vida, entrarei em contato com você e, no momento da separação, estaremos juntos em contato visual com os dois.
— Como você achar melhor. Até breve e obrigado.


XXX

— O que é isso?
— É minha mãe.
— Com quem é que você está falando filhinha?
— Com o meu amiguinho, mãe.
— E onde está ele?
— Não sei.
— Então como é que pode estar falando com ele?
— Não sei. Mãe, me dá um pedaço de pão?

XXX

Ele simplesmente não sabia o que pensar. Fez uma pergunta ao seu Vida e ele respondeu. Respondeu com toda a naturalidade com que respondia a uma pergunta de outro Vida. Será que estava imaginando coisas? Não é possível. Ou é? O fato é que o seu Vida se comunicou com ele!!!

Precisava conversar com Lyanne sobre isso. Desativou seu Vida e foi procurá-la. Lyanne o ouviu com paciência como sempre. Pensou por alguns momentos antes de falar.
— Será que não houve um mal entendido? De repente seu Vida falou consigo mesmo ou disse algo sem razão e coincidiu de ser justamente a resposta à sua pergunta. Às vezes os Vidas falam sozinhos, sem que eles mesmos saibam com quem estão falando, isso é normal. Acho que você precisa de mais provas para poder afirmar que seu Vida pode se comunicar com você.

— Já aconteceu antes de algum Ente conseguir se comunicar com um Vida, Lyanne?
— Não sei Myrow, eu nunca conheci nenhum. Mas já ouvi falar que existiram casos assim, não sei se é verdade ou se é mais uma das brincadeiras que os Entes estudantes costumam fazer. Na verdade nunca acreditei nessa possibilidade.
— Os Vidas não sabem da existência dos Entes, sabem Lyanne?

— Não Myrow. Às vezes eles parecem sentir a nossa presença, mas são muito místicos e atribuem isso aos deuses que criaram. Alguns Vidas mais sansíveis que passam por alguma situação difícil que exige nossa interferência comentam depois com outros Vidas que sentiram a presença de algo. Chamam isso de milagre. Mas eu nunca soube de nada tão direto como um diálogo entre um Vida e um Ente.

— E se for, Lyanne? Se eu falar de novo com meu Vida e ele me responder, o que eu faço?
— Não sei Myrow. Espere que aconteça para que pensemos em algo. Não se preocupe. “Tudo é como tem que ser”, você sabe.

— Então vou ativar meu Vida novamente e esperar que ele esteja sozinho para tentar novamente a comunicação. Depois falo com você sobre o resultado. Obrigado Lyanne.

XXX

— O que é mãe?
— É a mulher que cuida de mim.
— Por que ela faz isso?
— Porque eu sou filha dela, oras.
— Eu não entendo...
— Eu vou perguntar pra ela e conto tudo pra você. Espera. Manhêêê!!!
— O que é filhinha.
— Por que é que você cuida de mim?
— Porque você é minha filha e eu amo você.
— Viu? É porque eu sou filha dela e ela me ama.
— Com quem é que você está falando de novo filha?
— O meu amiguinho não sabe o que é mãe, mãe, e ele não sabe também por que é que as mães cuidam dos filhos.
— Que amiguinho é esse que eu não estou vendo?
— Eu também não vejo ele não, mãe. Eu só escuto ele.
— Tá bom filha, agora deixa eu terminar de fazer o jantar.
— Tá.
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