Quando ele acordou e não viu nada à sua volta que não fosse aquela superfície lisa, alaranjada e redonda, como a parte interna de uma enorme bola de praia, deu um pulo.
Não entendia o que estava acontecendo e andou de um lado para outro, surpreso por não se sentir “de ponta cabeça” em nenhum lugar.
Abriu-se uma porta invisível, que se fechou novamente, imediatamente após a passagem daquela figura fantástica.
Ela estava nua e era linda, o véu sobre os longos cabelos tinha um brilho alaranjado, talvez reflexo das “paredes”. — Onde estou? — Ele fez a pergunta maio gaguejante, pois a surpresa lhe tirou quase toda a ação.
— Não se preocupe, foi um engano, logo você estará de volta. A voz era fina e delicada, calmante e em tom amigo, uma voz que permanecia como eco no interior do ouvinte.
Ele estava atrapalhado, não sabia o que fazer e nem o que pensar diante daquela aparição. Tentou aproximar-se, tocá-la, mas sua mão atravessou-a como atravessaria um facho de luz.
— Meu Deus, é um reflexo apenas, uma imagem!
— Não, eu sou real, apenas somos diferentes e por isso você não pode me tocar.
— E quem é você?
— Não posso dizer-lhe. Agora está na hora de você voltar, deite-se e feche os olhos.
Ele não queria obedecer, queria perguntar muito mais, queria ouvir mais aquela voz, mas estava anestesiado por aquele som. Fechou os olhos e quando os abriu de novo, estava em sua cama e nunca pôde saber se sonhou ou não.
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