É, eu tenho muita convicção daquilo que digo, mas observo que aqueles que dizem o contrário também têm. Eu acho que eles estão enganados, e eles acham que enganado estou eu. Será possível que eu esteja equivocado nas minhas idéias? E se estiver?

Tanta gente fica irritada comigo quando lê o que escrevo; tão pouca gente concorda comigo; e uma esmagadora maioria discorda; tem até gente dizendo que eu não entendo coisas que são entendidas pelas criancinhas de quatro ou cinco anos; muitos têm tanta certeza de que esse deus existe; alguns falam da tal reencarnação e dizem que sabem até quem foram em outras vidas; etc.; etc; ... Dizem até que “a voz do povo é a voz de Deus”. Eu penso que isso é porque foi o povo que criou Deus; mas muitos acham que eu estou errado. E se eu estiver errado mesmo?

Admitindo a hipótese de que eu esteja errado, que todas essas informações científicas não estejam refletindo o que vejo, e que exista a tal reencarnação, quem terei sido eu no passado?

Se eu estiver enganado na minha filosofia, e existir essa reencarnação, talvez até eu seja reencarnação de Giordano Bruno. Porque não me esqueço da cena de uma pessoa amarrada em cima de madeiras começando a sentir calor, mais calor, mais calor, depois a pele começando a derreter entre pequenas chamas que crescem aos poucos, até a dor ficar insuportável e o coração parar de bater, vindo todo o corpo se desfazer em cinzas, tudo isso pela ordem dos representantes do pacato Jesus Cristo! Será que não fui eu que sofri essa ímpar tortura?

Por outro lado, também posso não ter sido Giordano Bruno. Pensando bem, posso ter sido Galileu Galilei. Porque, diante de uma fogueira, eu diria que a Terra é quadrada e qualquer outra coisa que quisessem que eu dissesse. Eu não teria coragem de ir para o fogo. Acho que eu posso ter sido é o Galileu mesmo.

Mas isso terá ocorrido, se o deus verdadeiro for o deus dos espíritas. Porque, se for verdadeiro o deus dos apóstolos cristãos, eu não terei sido ninguém do passado, mas terei começado a existir só no século XX mesmo e vou morrer uma única vez e ser julgado depois, como disse Paulo (Hebreus, 9: 27). Como eu sou tão bonzinho, se esse deus existir e for “amor” mesmo, como teria dito o João (João, 4: 16), acho que ele não irá me mandar para aquele lago de fogo não. Ele reconhecerá que eu não acredito nele por culpa dele mesmo, que nunca me ouviu quando eu pedia que ele me mostrasse alguma coisa.