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Contos-->A DECISÃO -- 06/12/2009 - 18:14 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Final de tarde de uma quarta feira com muita chuva em São Paulo. A cidade havia acordado naquele dia com os noticiários da TV mostrando os alagamentos em vários pontos da capital paulistana. Por consequencia do mau tempo, o aeroporto de Congonhas estava cheio. Muitos voos atrasados, alguns cancelados, outros transferidos para o aeroporto internacional de Guarulhos. As filas no Check-In estavam enormes e as pessoas nervosas no meio de um turbilhão de gente falando ao mesmo tempo.



No meio daquilo tudo estava Daniel. Naquele dia, ele tinha ido buscar seu amigo Gustavo que iria chegar de viagem. Ele estava vindo do Rio de Janeiro para passar alguns dias na casa de Daniel. Gustavo estava de férias e como não se viam há quase um ano, resolveu matar as saudades do amigo. Enquanto esperava a chegada do voo em que ele viria e que nem mesmo tinha previsão da hora de chegada, naquela loucura causada pelo mau tempo, ele resolveu andar um pouco para esticar as pernas. Ele já tinha estado sentado por muito tempo e no meio de tanta gente, quem levantava, perdia o lugar e sendo assim, só se levantou quando estava cansado de ficar sentado.



Andando pelas dependências do aeroporto, ele se distraiu um pouco olhando as vitrinas das lojas, depois foi para a praça de alimentação, tomou um café e assim, o tempo foi passando, mas nada do avião que traria Gustavo pousar. Após algum tempo ele resolveu voltar para a área de desembarque. Ao chegar lá, ele percebeu pelo volume de gente que esperava a chegada de alguém, que depois de mais de uma hora dele ter ido caminhar não havia pousado nenhum avião. Por instantes, ele pensou em ir ao balcão de atendimento da companhia aérea e perguntar se o pouso havia sido transferido para Guarulhos, mas quando ia se dirigir para lá, algumas pessoas começaram a sair pelo portão de desembarque. A saída era lenta e pelo volume de pessoas, era de dois ou mais voos que haviam finalmente pousado.



Naquele lugar, cheio de gente ansiosa e nervosa pelas circunstâncias em que se encontravam devido às chuvas na capital paulistana, num determinado momento, algo inusitado e inesperado aconteceu que mudou sua vida para sempre. Foi uma destas coisas que acontecem sem que a gente espere e que muitos de nós, só tem conhecimento delas por ouvir outras pessoas falarem a respeito. Ele estava lá, em frente ao portão de desembarque, olhando ansioso para ver se enxergava o amigo, quando um homem de meia idade veio andando em sua direção sorrindo e carregando uma pequena mala de viagem.



Por alguns instantes, ele pensou que era alguém que conhecia mas de quem não se lembrava no momento e, quando pensou em retribuir o sorriso, ouviu uma voz de criança gritar: "Papai!"



Um tanto encabulado, Daniel virou-se discretamente na direção de onde veio a voz e viu um garotinho que provavelmente tinha uns cinco anos de idade e ao lado dele, outro garoto de nove anos mais ou menos e também uma jovem senhora que carregava uma linda menininha no colo, que no máximo, deveria ter um ano e meio de idade. Era a família dele, Daniel logo percebeu.



Ao se aproximar de sua família, ele colocou a mala no chão, abaixou-se, abraçou e beijou seu filho mais novo de uma forma tão carinhosa que Daniel se emocionou. Quando se separaram, ele segurou o rosto do menino com as duas mãos e disse a ele que era muito bom vê-lo de novo e que o amava muito. O menino sorriu timidamente e colocando suas mãos nos ombros do pai e disse a ele que o amava também.



O homem se levantou e então, seus olhos encontraram os do garoto mais velho e os dois sorriram um para o outro, de uma forma muito especial. Eram sorrisos de alegria, de felicidade, de carinho e amor. Ao aproximar-se de seu filho maior, eles se abraçaram muito e foi um abraço longo. Daqueles que quando duas pessoas se gostam verdadeiramente, elas não querem que ele se acabe, que dure uma eternidade.



Depois de terminado o momento especial do abraço, o homem passou a mão nos cabelos do garoto e disse a ele que já estava se tornando um homenzinho, que o amava demais e os dois se abraçaram novamente e foi o mais carinhoso abraço que Daniel já tinha presenciado em sua vida. O garoto não disse nada. Não havia necessidade de palavras.



Enquanto aquelas cenas do mais puro amor entre pai e filhos acontecia, a pequenina que estava no colo da mãe estava excitada, sem desviar os olhos do que estava acontecendo e não parava de gesticular seus pequenos braços na direção de seu papai. Quando ele se aproximou delas, com o mais belo sorriso estampado no rosto, ele a chamou de sua menininha e logo foi pegando-a no colo, beijando seu rostinho, enquanto ela procurava com as duas mãozinhas acariciar o rosto de seu papai.



Poucos instantes depois da magia do reencontro entre ela e o pai, a pequenina simplesmente se aconchegou no peito dele, encostou sua cabeça em seus ombros e lá ela ficou. Inerte, apenas aproveitando o inigualável calor do amor de um pai carinhoso e atencioso. Naquele instante, a emoção foi mais forte e Daniel não resistiu a uma lágrima que teimou em rolar de seus olhos. Para ele, aquelas cenas de amor entre família, não era uma coisa comum. Eles eram na expressão da palavra uma família feliz, que se amava muito!



Após um bom tempo, ele entregou sua filhinha ao menino mais velho e disse a ele que havia deixado o melhor por ultimo. Sorrindo carinhosamente, se dirigiu à sua esposa, dizendo que a amava muito e a abraçou e beijou como se fossem rescem casados, ainda em Lua de Mel, mas, certamente não eram. As crianças eram a prova disto. Por um longo tempo, o casal ficou se olhando nos olhos e naquele momento, Daniel pode ver que em seus olhares havia um brilho mais do que especial, o brilho do amor verdadeiro e incondicional. Ele literalmente se arrepiou.



Um tanto confuso, Daniel percebeu o quanto aquela cena de família o havia tocado. Aquela demonstração de amor puro e verdadeiro que acontecia a questão de passos de onde ele estava, em certo momento, o fez sentir-se desconfortável. Era como se ele estivesse invadindo um verdadeiro santuário, ou descobrindo algo realmente sagrado. Sem perceber, ele ouviu sua própria voz perguntando ao homem a quanto tempo eles eram casados.



O homem respondeu que estavam juntos há quinze anos, mas casados, há onze e, ao dizer isto, seu sorriso de contentamento não poderia ser maior enquanto contemplava maravilhado o sorriso doce de sua esposa que o abraçava com amor.



Atônito, Daniel se ouviu perguntando ao homem há quanto tempo ele estava viajando e a resposta... o fez estremecer. Com a maior naturalidade, ele respondeu ainda compartilhando seu sorriso com toda a sua família, que estava fora de casa há treis longos dias.



Mentalmente Daniel exclamou: "Treis dias????"



Verdadeiramente ele estava em estado de choque! Por tudo que ele viu entre os membros daquela família, a tão poucos passos de onde ele estava, ele tinha absoluta certeza de que aquele homem estava longe de casa a semanas. Meses talvez! Exatamente como quando somos pegos de surpresa por alguma coisa inédita e inesperada nos acontece, a expressão do rosto dele o traiu e ele sabia disto. Esperando sair daquela situação embaraçosa, de uma forma gentil e talvez graciosa, Daniel disse ao homem que esperava que quando se casasse, ele e sua esposa fossem ainda tão apaixonados um pelo outro após quinze anos de vida a dois.



Ao ouvi-lo dizer isto, o homem de repente parou de sorrir. Lentamente, ele se aproximou e olhando bem no fundo dos olhos de Daniel, com uma intensidade tão grande que atingiu até mesmo o mais fundo de sua alma, disse algo que o transformou em outra pessoa. Foram poucas palavras, mas de um poder imenso, capaz de mover e remover as montanhas mais altas e os abismos mais profundos, barreiras que muitas vezes criamos em nossas mentes para nos impedir de alcançar nossas metas, nossos sonhos e que nos impedem de sermos felizes.



Ele disse: "Não espere meu amigo... DECIDA!



Numa fração de segundos, aquele sorriso largo e maravilhoso de felicidade retornou aos lábios daquele homem e, apertando fortemente a mão de Daniel, ele disse: "DEUS O ABENÇOE!"



Após dizer isto, ele se virou, acenou mais uma vez e juntos, todos abraçados, ele e sua família se foram rumo ao mundo que ele escolheu para si e para as pessoas que ele mais amava na vida, o mundo da felicidade. Daniel ainda estava observando aquela família feliz se distanciando, quando Gustavo se aproximou dele e perguntou curioso, o que ele estava enxergando ao longe e com aquele ar de curiosidade, tão aparente em seu rosto.



Daniel, sem tirar os olhos do lugar onde eles estavam, sem ao menos perceber que estava falando com seu amigo que havia acabado de chegar, respondeu em voz firme e com uma determinação, que nem ele mesmo sabia que existia dentro de si:



ESTOU ENXERGANDO MEU FUTURO!


Autor: José Araújo
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