Me vejo refletido nos olhos de meu pai.
Naquelas retinas cansadas.
Em cada trejeito, cada olhar.
Me vejo em seus movimentos,
incertos, seguros.
Me vejo refletido nos olhos de meu pai.
Nas mesmas retinas pesadas.
Em cada pedido implorado.
Me vejo em seus lamentos,
renegados, saudosos.
Me vejo refletido nos olhos de meu pai.
Naquelas retinas fachadas.
Em cada lamento, cada lágrima.
Me vejo em seus desejos,
suicidas, loucos.
Me vejo refletido nos olhos de meu pai.
Nas mesmas retinas armadas.
Em cada sonho traçado.
Me vejo em seus gracejos
cada dia mais parcos.
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