É tempo de Copa.
Tempo de sonhar, lutar, torcer, esperar, comemorar...
Tempo de juntar-se aos amigos em frente à tv, cruzar os dedos e sofrer alegremente aquele goooool! Tão esperado.
É tempo de vestir verde e amarelo, azul e branco...
De enfeitar as calcadas com as cores campeãs ...
De tomar chope no bar com os amigos, enquanto o churrasco em casa fica pronto.
É tempo de copa...
De Hexa...
De Brasil...
De Futebol.
Mas...
Também é tempo de lamentar.
É tempo de olhar para um país inteiro, e perceber no rosto dos seus cidadãos as marcas do horror...
Do medo...
Da tragédia e do crime.
É tempo de perceber como é duro olhar para trás e ver o quanto uma nação lutou por liberdade, e de repente encontra-se presa a si própria pelas mãos da dignidade...
Da falta de respeito...
Da impunidade...
Da falta de amor.
A tragédia de São Paulo é retrato de um país que não investe na Educação...
Na Saúde...
Na Cultura de seu povo.
É o resultado da imoralidade que habita o coração de quem se apropria dos bens de uma nação inteira em favor próprio e de suas vontades...
É resultado da desorganização de um país que coroa o futebol, mas esquece-se que é súdito de si mesmo e de suas faltas...
É resultado de um país que se diz multicultural, porém não sabe vencer seus próprios preconceitos.
A tragédia de São Paulo vem mostrar o quanto é contraditória uma nação que se orgulha de suas riquezas, no entanto não sabe partilhá-las...
A tragédia de São Paulo é a tragédia do coração de mães, esposas, filhos e filhas, quais, por causa do direito à liberdade de outros vem-se presos ao medo, ao terror...
A tragédia de São Paulo são gotas de sangue que escorrem sobre o verde-amarelo do nosso favoritismo...
É o descompasso dos corações que teimam em bater sob as ordens do pànico.
Se antes era tempo de um Brasil alegre. Agora é tempo de um Brasil triste.
Um Brasil que se vê envolto nas leis, nos mandos e desmandos da violência. Para o qual resta catar os cacos, e pensar no que fazer com o que sobrou...
Um Brasil triste, que lamenta por ter desprezado oportunidades de se tornar um Brasil melhor...
Um Brasil vencedor e forte mediante outras nações; entretanto frágil na própria integridade...
Uma nação que esqueceu no escuro seus meninos e meninas, e hoje, lamenta a decadência de seus homens e mulheres...
Um Brasil que pinta a cara e vai pra rua gritar contra a corrupção, mas... na hora de medir forcas com o terror, esconde-se nas próprias barbas.
Se há ainda algo a comemorar... me diga você!
Pois... até mesmo a esperança que dizem todos ser a última que se perde; esta está molhada das mesmas gotas de sangue que sobre aquele verde-amarelo vimos escorrer.
Juliane Pereira Sales, 23 anos
Ananás - To - Brasil