Corre e fecha a janela.
São lembranças que chegam zunindo,
ventando, uivando, gritando apelos que são meus.
Meus sonhos perdidos. Mil sonhos perdidos. Lançados à beira do caminho
por motivos estranhos, em dias estranhos, sem brilho qualquer,
sem contos, sem, ao menos, qualquer desencontro
que os justificassem.
Corre e rasga as cortinas que nunca existiram,
mas estavam aqui. Permanecem aqui... no discurso indeciso,
na ausência dos panos, luzes xeretas, olhos escuros,
noites à fio perscrutando dores, pesadelos e, quem sabe,
alguns mal amores, devaneios!
Salta e corre. Mas se salta, de nada adianta correr.
Então fica e corre. E salta. E morre.
Mas antes: fecha a janela, Amor.
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