Você lembra dos dias de ontem?
Quando dizíamos
Quando fazíamos
Quando éramos
Tudo aquilo que esperávamos um do outro?
Você se recorda, Amor, das tardes imensas
E rápidas...
Das noites que insistiam em antecipar as horas?
Dos sorrisos lagrimosos de adeus?
Ah! E os cheiros ficavam por horas.
Evitávamos banhos, água, perfumes,
Afinal tínhamos o melhor deles:
Essência divina de corpos gêmeos!
Você se lembra Amor
Daquele segredo que te contei?
O grito mais silencioso de todos.
O choro recém-nascido da paixão.
O instante da escolha: vida ou morte?
Em baixo, vinho. Suave e delicado.
Brinde eterno.
Crueldade dos deuses.
Cruéis!
Premência e abundância.
De repente... desperdício...
Chuva. Saudade. Pipas que não voarão, jamais!
Laranja e cinza.
Cores, palavras, lembranças sem cheiro algum.
Nessas horas, particularmente, nessas horas,
Retomo meus desejos de Ícaro
E, vindo à vinho, escuto amigo velho
Amigo morto
música... poesia...
e a mesma e conhecida
saudade
você lembra? |
