Te vi na TV
Às vezes morna
Mas na maioria quente
Despertava-nos
Sem impor nenhuma norma
Desejo indecente
Se era verdade ou armação
Jamais saberemos ao certo
Mas o fogo era igual ao do deserto
Tu molhavas as telas frias
Nas segundas-feiras de tela quente
Deixava-nos
Enquanto gozavas e rias
Desejo demente
Se era verdade ou mentira
Um dia falarás sem medo
Mas o tesão era explícito doce ou azedo
Tu que cavalgavas em solo na tela
Não sabes o quanto correu a gazela
Pegavas bofe gordo ou magrela
Em todas as poses trepavas sem sela
Enquanto o louco gritava
O corno ou corna berrava
Somente sua imagem na tela figurava
E o coitado no fugidio coito ansiava
Enquanto outro ser demente
Na poltrona suava
Assim...
Tu provavas a infidelidade alheia
Também pudera
Com este corpo de sereia
Somente um mosquito morto
Não cairia na tua vil teia
Sonho dos pobres
Fartura dos bons-de-boca
Tu és um tantão
No suave tesão
Que engana qualquer bundão
Enganou até a minha mão
Eu que sou macaco-velho
Não rezo missa
Nem rasgo o evangelho
Vejo-te quando o pêlo eriça
E até os calos morrem de preguiça
Quando os urubus fervem na carniça
Tu dás o tiro fatal
De matar homem e animal
Acaba a festa e o carnaval
Faz broxar até pica-pau...