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Contos-->Pequenas Tragédias - Parte I: "A Carta" -- 25/04/2001 - 02:24 (Amanda do Prado Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pequenas Tragédias
Parte I – A Carta

Suzie estava na varanda. Tinha nas mãos bastidor, linha e agulha. Na mente, bordava uma infinidade de sonhos. Sim. Sonhos lindos, mas irrealizáveis, ela bem o sabia. No coração mantinha a lembrança daquele tão doce olhar! Ah! Aquele olhar!... Foi por ele que passara toda a manhã e boa parte da tarde à espera do carteiro que, até aquela hora, não havia chegado.

Chuva fina caía no telhado: trilha sonora perfeita para uma tranqüila tarde de sábado. A única coisa que a preocupava era a carta. Por ela daria uma existência. “Por que demora tanto?” – pensou.

A chuva começava a engrossar, muito natural no verão. O aroma da terra molhada vinha com recordações da infância. Um ótimo convite para um cochilo. Pena que não pudesse ser aceito até que as correspondências do dia viessem. Permaneceu estática por alguns segundos, admirando a beleza das flores sob as gotas d’água. Foi quando ouviu o ranger das ferragens da velha bicicleta de Henry: o tão esperado carteiro que, mesmo com um tempo tão ruim, não deixava de cumprir sua tarefa diária.

“Oh, meu querido Henry! Você nunca me decepciona!” – gritou Suzie enquanto corria para o portão.

Nesse momento, o inesperado aconteceu: uma fortíssima ventania pegou de surpresa o carteiro, levando ao ar boa parte das correspondências que trazia nas mãos. Em frações de segundo Suzie viu a terrível possibilidade de sua carta (a carta escrita com tanto carinho pelo namorado que cumpria o serviço militar) estar caída no asfalto molhado.

Sem pensar duas vezes, correu ao encontro de Henry que, meio sem jeito, tentava salvar as cartas, já quase ilegíveis pelo efeito da água. Após muito esforço, conseguiram reunir uma a uma. Suzie já respirava aliviada, quando avistou um envelope solitário sendo conduzido pela água da sarjeta em direção ao próximo bueiro. Correu para salvá-lo, mas só teve tempo de ler no papel cor-de-rosa: “Para minha querida Suzie”.

E a carta se foi, rumo às escuras, frias e úmidas tubulações de saneamento da cidade.


Amanda Ribeiro
(In: “Litter!” nº 03, Jornal da Comissão Municipal de Literatura - Fundação Cultural Cassiano Ricardo, maio de 1997)
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