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cronicas-->VIDA MíNIMA -- 24/07/2006 - 14:07 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(RELÓGIO NÃO MARQUE AS HORAS, de Antonio Miranda. Segunda crónica da série*)

2

VIDA MíNIMA

As ilhas do Caribe estão esparramadas pelo azul interminável, da Flórida a Porto Rico, lá em baixo. Atóis e bancos de areia, minúsculas porções de terras desoladas. Alguns paraísos praieiros, pesqueiros, hospedeiros. Ilhas associadas ao lazer em eu vivem populações sofridas, queimadas, provincianas, perdidas para sempre.
Puerto Rico não é das maiores mas comporta três milhões e tantos habitantes. É um estado livre associado, mas indivisível da territorialidade norte-americana. Tem suas vantagens para os ilhéus.
Uma brasa viva! As plantas vicejam nesta estufa aberta e as pessoas enrugam-se.
Alojei-me em um amplo mas modesto apartamento da Universidad, com móveis simples e todos os eletrodomésticos da burguesia: geladeira, fogão elétrico, aquecedor de água (para quê?), máquina de lavar roupa e circulador de ar. Ainda bem, pois sou alérgico a tais aerações artificiais. O jeito é tomar três ou quatro banhos por dia. Felizmente, as janelas têm telas contra mosquitos e o ar (quando existe, se é que existe) circula.
E as rãs coaxam, os pássaros piam e, ao longe, os automóveis rosnam e explodem. Mas a área residencial é um bosque tropical, com árvores familiares e flores habituais: mangueiras, coqueiros, flamboyants, buganvílias e hibiscos. Tem até fruta-pão e alamandas nos jardins.
Não pretendo alugar telefone nem comprar carro.
Há tempos não vivo uma vida tão recolhida, tão tranquila, sem estresse, sem pressões, tão minha!!! Espero não ser sufocado por tanta paz e angustiado pelo silêncio. Terei que limpar a casa, preparar algumas refeições à noite e acostumar-me à solidão.

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Próxima crónica da série: (3) KITSCH
Para ler toda a sequência inicie pela crónica (1) VÓO NOTURNO.

Iremos publicando as cronicas que vão constituir uma espécie de romance, paulatinamente.Semana a semana... o livro impresso já está esgotado...

Sobre a obra e o autor escreveu José Santiago Naud: "A agudeza do observador, riqueza do informe, sopro lírico e sentido apurado do humor armam-no com a matéria e o jeito essenciais do ofício. É capaz de apreender com ternura ou sarcasmo o giro dos acontecimentos e deslizes do humano. Tem estilo, bom senso e bom gosto, poder de síntese e análise assim transmitindo o que vê e o que sente, nos transportes do fato ao relato, para preencher com arte o vazio que um vulgar observador encontraria entre palavras e coisas".



Crónica do livro: Miranda, Antonio. Relógio, não marque as horas: crónica de uma estada em Porto Rico. Brasília: Asefe, 1996. 115 p.
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