V E N D A V A L
S. K. BOTELHO
Ruge o vento nas folhas das palmeiras,
Enquanto nuvens se encastelam no ar.
Negros os céus, irrompem as primeiras
Avalanches de chuvas a rolar.
Impulsionados pelas corredeiras,
Descem os rios e jogam-se no mar.
E, ao rugir da tormenta, a terra inteira
Murmura gozos, pronta a fecundar.
O teu olhar me diz que és como a terra
Reflorescendo em meio a tempestade,
Ébria de gozo e sensualidade.
E promete, em prazer, tudo o que encerra
Teu corpo núbil, lindo, escultural,
Desperto em fúria como um vendaval.
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